Após
testes, ônibus híbrido movido a eletricidade e hidrogênio está pronto para uso.
Veículo
desenvolvido por Furnas e Coppe/UFRJ custou R$ 10 milhões. Projeto contempla
criação de ônibus elétrico para transporte escolar.
Com 8 mil
quilômetros rodados, o projeto de ônibus híbrido elétrico-hidrogênio, que
transportou mais de 30 mil pessoas, está apto para uso comercial. Os resultados
dos testes do projeto – iniciado em 2012 – fruto do programa de Pesquisa &
Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica, foram apresentados em
05/04/17 no Rio de Janeiro (RJ). O projeto foi desenvolvido pela Coppe/UFRJ em
parceria com Furnas e a Tracel. O investimento no ônibus demandou cerca de R$
10 milhões.
A
autonomia do veículo é de 330 quilômetros e ele teve disponibilidade de mais de
90% e consumo de 6,7 kg de Hidrogênio a cada 100 km, com o ar condicionado
ligado. Nos jogos olímpicos, ele transportou atletas para a Vila Olímpica.
Aspectos como a tecnologia, sistemas de tração e armazenamento de energia
poderão ser usados por Furnas no futuro. A estatal pode usar as patentes
criadas e pode aplicar as tecnologias em outros projetos em outras áreas de
conhecimento. O professor Paulo Emílio de Miranda, coordenador do laboratório
de hidrogênio da Coppe, considerou o trabalho como exitoso. O projeto vem
colecionando prêmios internacionais. Segundo ele, o arranjo tecnológico
propiciado por ele, criou um diferencial grande. "O veículo é aquele que
tem a melhor eficiência energética dentre os dados já reportados de
desenvolvimento de ônibus desse tipo", aponta.
Dados
apresentados por Miranda mostram que apenas 0,4% da eletricidade usada no país
vai para o setor de transporte. "Vivemos uma era da eletrificação do
transporte. Mais e mais vamos ver notícias sobre veículos elétricos, dos mais
diferentes tipos, com ônibus, embarcações, caminhões e automóveis". Ele
aposta na inserção de veículos elétricos no mercado. O custo total por
quilômetro ficou em US$ 2,61, envolvendo manutenção, equipamento e consumo.
Para a evolução do projeto, é necessária a consolidação das inovações
realizadas, por meio de uma frota pioneira, mais testes de longa duração e
capacitação tecnológica.
De acordo
com Nelson de Araújo Santos, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento de
Furnas, a produção comercial do ônibus em escala depende do reconhecimento de
um parceiro privado. Segundo ele, esse passo só pode ser dado com o
envolvimento da cadeia produtiva de transporte. “Há necessidade de se buscar o
parceiro. Depende da vontade da indústria”, afirma. Com a criação da escala, os
custos seriam cada vez mais reduzidos. Ele acredita que haverá uma aproximação
natural da indústria, uma vez que muitos componentes do veículo são de
fabricantes tradicionais, que tiveram boa impressão do projeto.
O projeto
abrange ainda o desenvolvimento de um ônibus híbrido movido a etanol e elétrico
e um totalmente elétrico. Este último, cuja fase de testes deverá terminar
ainda esse ano, foi desenvolvido visando o transporte escolar e será mostrado
para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Segundo Jacinto Pimentel,
coordenador do projeto, caso o ônibus receba uma sinalização positiva da FNDE,
ele terá mais chances de entrar em escala. “O próprio mercado vai abraçar isso,
é um mercado que abre para quem tem a expertise do equipamento”, avisa. Em
julho ele deve começar a sua fase de testes e serão verificados aspectos como
capacitação, custo, aplicabilidade, período de manutenção e de carga.
Na
apresentação dos resultados do ônibus híbrido elétrico-hidrogênio, também foi
anunciada a criação da Associação Brasileira do Hidrogênio, que será presidida
pelo professor Paulo Emílio de Miranda. A Associação vai organizar bancos de
dados com informações sobre o insumo e vai integrar a Associação Internacional
para a Energia do Hidrogênio, que possui entidades de vários países. Em 2018,
conferência mundial será realizada no Brasil. (canalenergia)
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