sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Ex-presidente da Eletrobrás defende equilíbrio em relação à energia solar na GD

José da Costa Carvalho Neto entende que contratos de energia fotovoltaica devem ser mantidos com ponderação, diminuindo gradativamente os subsídios para os consumidores.
O engenheiro e ex-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), José da Costa Carvalho Neto, que também presidiu a Eletrobrás, entende que contratos de energia fotovoltaica devem ser mantidos, mas é preciso muito equilíbrio. A afirmação foi feita com base nas possíveis mudanças propostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que está em consulta pública para taxação do uso do fio pelo consumidor de energia solar.
Segundo ele, quando foi lançado esse programa (de incentivo à energia solar) não tinha escala. “Para fazer isso, tinha de dar um subsídio inicial. Mas não se pode dar um subsídio permanente. Porque senão a sociedade não está ganhando com isso. Então, você tem de criar mercado e, a partir daí, diminuir o subsídio. O que a Aneel está querendo fazer é isso. Mas acho que não se pode ser tão radical ao ponto de se cortar o incentivo a esse tipo de energia”, disse.
Ele acredita que é preciso bom senso, alegando que os subsídios não podem durar eternamente. “Ao mesmo tempo, não se pode matar a galinha dos ovos de ouro. As discussões têm de ser colocadas democraticamente, levando-se em consideração os pontos positivos. Porque se você tem uma energia produzida no Amazonas, é preciso trazê-la para cá. Para isso, você tem o custo grande de transporte e as perdas. Já quando se tem uma energia sendo produzida mais próxima do consumidor, se tem menos perdas e, também, menos investimento em transmissão e até, teoricamente, menos investimentos em distribuição e na própria geração, que é mais barata”, afirmou.
Energia solar e vento passam hidrelétricas em 25 anos no país, diz estudo.
Ele reforça que é preciso um conjunto de ganhos que também tem de ser levado a efeito para verificar como devem ser as regras. O ponto central é buscar o equilíbrio. “Tem de diminuir o subsídio, mas não se pode terminar com ele de repente, nem pode rasgar contratos. Você prometeu que o subsídio vai demorar 25 anos e agora diz que é só por 10 anos? Preservar o contrato é muito importante”, finalizou.
Para atender ao Acordo de Paris, segundo Neto, será preciso usar as fontes alternativas, que estão cada vez mais baratas, mas com ponderação, já que são muito voláteis. O certo é combinar a solar e a eólica com as hidrelétricas, para obter uma matriz energética mais segura.
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu em 15/10/19 consulta pública que vai até 30/12/19, para alterar as regras da chamada geração distribuída, sistema pelo qual consumidores podem produzir sua própria energia, normalmente por meio do uso de painéis solares.
A proposta da agência é alterar as regras sobre a energia que o consumidor gera a mais ao longo do dia e joga na rede da distribuidora de energia. Pela regra atual, a energia que o consumidor gera a mais durante o dia é devolvida pela distribuidora praticamente sem custo para que ele consuma quando não está gerando energia.
Com a mudança proposta, o consumidor passará a pagar pelo uso da rede da distribuidora e também pelos encargos cobrados na conta de luz. A cobrança será feita em cima da energia que ele receber de volta do sistema da distribuidora.
Instalação de painéis solares.
Segundo o relator do processo, diretor da Aneel, Rodrigo Limp, pelas regras atuais, os consumidores que não têm sistema de geração próprio de energia acabam pagando pelos incentivos dados a quem instalou o próprio sistema de geração. (portalsolar)

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