A
partir da instalação de um sistema de geração de energia solar fotovoltaica no
entorno e no reservatório da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, no rio Paranaíba,
Furnas Centrais Elétricas vai estudar como este tipo de unidade pode ampliar o
tipo de energia produzida.
“É
uma usina para estudos”, salientou, em entrevista à Agência Brasil, o gestor
técnico da Gerência de Pesquisa, Serviços e Inovação Tecnológica de Furnas,
Jacinto Maia Pimentel. Itumbiara é a maior usina do Sistema Furnas e fica
localizada entre os municípios de Itumbiara, em Goiás, e Araporã, em Minas
Gerais.
Usina Hidrelétrica de Itumbiara
(MG/GO).
O
projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de Furnas vai trabalhar também
com o armazenamento de energias sazonais e intermitentes em sistemas de
hidrogênio e eletroquímico. “Vamos armazenar energia gerada através da fonte
solar, porque ela só pode ser gerada durante o dia. Para buscar ter um período
maior de fornecimento de energia de origem solar, a gente armazena”, disse
Pimentel. Esse armazenamento é feito em baterias de alta capacidade e também
através de hidrogênio, “gás que volta para fazer a geração de energia
elétrica”. Essas são as duas formas de armazenamento que serão testadas no
projeto.
Em
andamento
O
projeto básico já foi iniciado e deve ser concluído em 32 meses. “Estamos com
16 meses, no meio do projeto em termos de prazo”, revelou o gestor técnico. O
projeto prevê investimentos de R$ 44,6 milhões da carteira de P&D de Furnas
e é resultado de parceria com a empresa Base-Energia Sustentável, associada à
Universidade Estadual Paulista (UNESP), à Universidade de Campinas (Unicamp),
ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Goiás (SENAI-GO), à
Universidade de Bradenburgo (Alemanha) e à PV Solar.
Jacinto
Maia Pimentel informou que a Universidade de Bradenburgo tem experiência no
armazenamento de hidrogênio. “Isso facilita a nossa rota tecnológica porque
(significa) trabalhar com quem já tem experiência; a gente não fica
reinventando o que já foi trabalhado. A gente já vai trabalhar daquele ponto
para frente”, disse.
Pimenteu
destacou que o projeto executivo já está pronto e com a aquisição de equipamentos
de alta tecnologia realizada e em fabricação nas indústrias. Agora, vai começar
a fase de implantação da planta de energia solar no solo. “São duas fontes de
geração solar fotovoltaica. Uma no solo e outra será flutuante, no
reservatório”, contou. A planta do solo já tem todo o sistema de suporte dos
módulos fotovoltaicos montado. Esses módulos são importados da China e até o
final deste mês já estarão na usina.
Testes
finais
Em
junho, Furnas espera realizar o comissionamento, isto é, os testes finais de
toda a planta para colocá-la em operação. Serão testados todos os equipamentos
e a interligação entre eles, para trabalhar em conjunto, salientou Pimentel.
Com isso, a previsão é que até o final de junho, a usina estará funcionando
dentro da sua capacidade, permitindo que se iniciem estudos de utilização dessa
energia, juntamente com a energia hidrelétrica de Itumbiara.
A
perspectiva é que, se tudo der certo, esse sistema de geração de energia solar
e hidrelétrica poderá ser implantado em outras usinas de Furnas pelo Brasil.
“Furnas já estuda uma forma de utilizar as áreas de suas usinas e seus
reservatórios para gerar energia solar também”, disse.
Jacinto
Maia Pimentel informou que Furnas já têm instalados em todas as suas usinas
sistemas de irradiação solar. A empresa está monitorando para verificar, no
futuro, onde é mais propícia a instalação desse tipo de unidade. Ao contrário
do projeto da Usina de Itumbiara, em que a energia solar gerada não será
comercializada, a parte de energia solar das outras usinas de Furnas “já é uma
veia comercial realmente”, confirmou o gestor.
De
acordo com exigência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o
monitoramento deve ser executado no prazo de um ano. Pimentel estimou que até o
meio deste ano, algumas usinas de Furnas já terão concluído o monitoramento.
Isto permitirá à empresa entrar, futuramente, nos leilões para ofertar a
energia solar. Furnas deverá priorizar as usinas que mostrem maior
rentabilidade, completou o gestor técnico.
Melhores
índices
A
energia solar que será gerada pela usina fotovoltaica será destinada ao Sistema
de Serviços Auxiliares da usina hidrelétrica. Essa energia totalizará 1000 kWp
(quilowatts pico, unidade de potência associada à energia fotovoltaica), dos quais
200 kWp serão provenientes das placas localizadas no reservatório da usina, que
serão interligados aos 800 kWp das demais placas instaladas em solo. A UHE
Itumbiara foi escolhida por apresentar os melhores índices para geração solar
em relação às demais usinas do sistema Furnas e por deter um reservatório
adequado para a instalação dos painéis fotovoltaicos flutuantes, esclareceu a
empresa, por meio de sua assessoria de imprensa.
Usinas
de Furnas poderão gerar energia hidrelétrica e solar.
Ainda
de acordo com a assessoria de Furnas, para a obtenção de dados que auxiliem a
operacionalidade da planta, foram instaladas uma estação solarimétrica e um
ondógrafo flutuante. O conjunto analisa, em tempo real, a incidência de raios
solares e a intensidade das ondas no reservatório. Os dados obtidos são
enviados para o Laboratório de Dinâmica da Gerência de Serviços e Suporte
Tecnológico de Furnas, localizado em Aparecida de Goiânia (GO). (ecodebate)
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