Análise da Bloomberg New
Energy Finance aponta que apesar das sinalizações otimistas para a mobilidade
elétrica, os governos que visam a neutralidade de carbono até 2050 devem fazer
mais para impulsionar a sua adoção. De acordo com a BNEF, alcançar esse
objetivo vai exigir ações políticas decisivas em todas as frentes, desde a
aceleração da adoção dos veículos até a expansão das redes de recarga,
incentivo à reciclagem de baterias e novas regras sobre caminhões pesados –
além da promoção de alternativas de transporte ativo, tais como ciclismo e
caminhadas.
O relatório mostra que o forte crescimento recente de veículos elétricos nos segmentos de carro de passageiros, ônibus e veículos de duas ou três rodas se mantém e está em aceleração. No cenário de transição econômica da BNEF – o qual não leva em consideração medidas adicionais de políticas – as vendas globais de veículos neutros em emissão de carbono subiriam de 4% em 2020 para 70% em 2040. China, os EUA e as economias europeias estão muito à frente, porém, os níveis mais baixos de adoção em economias emergentes reduzem a média global. No caso dos ônibus, as vendas de veículos neutros em emissão de carbono subiriam para 83% em 2040. No mesmo período, os veículos comerciais leves neutros em emissão devem aumentar a participação de 1% hoje para 60%, e os veículos comerciais médios e pesados devem alcançar pouco mais de 30% – saindo de praticamente zero hoje.
De acordo com Colin McKerracher, chefe da Equipe de Transporte Avançado da BNEF, o crescimento do transporte elétrico até aqui tem sido exitoso. Porém, ainda há mais de 1,2 bilhão de carros de combustão e a transição da frota é lenta. Para ele, alcançar a neutralidade de carbono até meados do século exigirá participação de todos os players, particularmente no que tange aos caminhões e outros veículos comerciais pesados, segmentos em que a transição ainda não começou.
A BNEF adicionou um cenário
de neutralidade de carbono para o setor. O cenário mostra que os carros de
passageiros neutros em emissões de carbono teriam que atingir quase 60% das
vendas mundiais em seu segmento até 2030, não 34% como no cenário de transição
econômica – ou seja, 55 milhões de VEs vendidos naquele ano, em vez de 32
milhões. Outro ponto que ele enfatiza é que 2030 está apenas a dois ciclos de
atualização de modelos para as montadoras. Por conta disso, será necessário
oferecer segurança em relação a políticas para viabilizar investimentos para
alcançar uma taxa de penetração mais alta.
Para Nikolas Soulpoulos, chefe da Equipe de Transporte Comercial da BNEF, os legisladores precisam tomar medidas urgentes no segmento de caminhões pesados, que está “fora da rota” da neutralidade de carbono. Segundo ele, além de introduzir padrões mais restritos para emissões de CO2, ou para economia de combustível para caminhões, pode ser necessário que os governos considerem a implementação de decretos para a descarbonização de frotas. Para Soulpoulos, os governos devem considerar incentivos para impulsionar o frete em caminhões menores, que podem fazer a transição para eletricidade mais rapidamente do que os maiores.
Estimativas do relatório indicam que os veículos elétricos representam uma oportunidade de mercado global de US$ 7 trilhões até 2030, e US$ 46 trilhões até 2050, sob o cenário de transição econômica. Entretanto, até 2040, a rede de recarga precisa chegar a mais de 309 milhões de carregadores em todos os locais, sob o mesmo cenário. Apenas os carregadores domésticos teriam que chegar a 270 milhões; os carregadores públicos, 24 milhões; carregadores em locais de trabalho, 12 milhões, e carregadores para ônibus e caminhões, 4 milhões. Para instalar todos estes carregadores, seriam necessários mais de U$ 58 bilhões em investimentos acumulados nas próximas duas décadas. Embora estes números impliquem um aumento significativo em relação aos níveis atuais, são ainda modestos em comparação aos patamares de investimento em geração de energia renovável, que atingiram mais de U$ 300 bilhões apenas em 2020. (canalenergia)
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