No
primeiro momento, sua estratégia em aviação civil se baseia na adoção de
biocombustíveis: até 2023, a empresa espera que todos os motores para aeronaves
comerciais produzidos em suas fábricas sejam 100% compatíveis com esse tipo de
combustível - no mesmo ano, a meta é que as maiorias de suas soluções, também
nos ramos de geração de energia e transportes não civis, sigam o mesmo caminho.
Ao fim de 2030, a Rolls-Royce planeja substituir 10% dos combustíveis fósseis
por alternativas sustentáveis.
Biocombustíveis,
como etanol e biodiesel, são produzidos através do processamento de biomassa,
que pode incluir bagaço e palha da cana-de-açúcar, resíduos de madeira, o já
citado óleo de cozinha reciclado ou sebo de origem bovina. A sua queima também
libera dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo aquecimento global,
mas esse volume é neutralizado pelo que é sequestrado no processo de obtenção
dessas matérias-primas. Ao menos na teoria, fica 'elas por elas'.
O Brasil, já tradicional produtor de biocombustíveis, tem a ganhar com estratégias como essa. O país pode chegar a uma produção anual de 9 bilhões de litros de biocombustível para aviação, uma quantidade capaz de sanar a demanda nacional e ser exportada mundo afora. O dado vem de uma pesquisa apresentada este mês pela Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB), em parceria com a consultoria Agroicone e professores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Baseado nessa estimativa, a produção brasileira poderia, sozinha, diminuir em 60 ou 85% as emissões de CO2 da aviação em comparação com o emprego de combustíveis fósseis.
Os especialistas responsáveis pela projeção dizem que esse potencial poderia ser alcançado com o uso estratégico de resíduos vindos de cultivos já existentes, sem envolver o aumento de áreas de plantio. De acordo com a Agroicone, por exemplo, um volume extra de 31,4 milhões de toneladas de bagaço de cana e 29,9 milhões de toneladas de sua palha poderia ser revertido para a produção de combustíveis sem agredir o solo ou a produção de alimentos.
A Rolls-Royce, no entanto, lida com outras questões. O custo do biocombustível pode ser 5 vezes maior que o de soluções tradicionais. Além disso, legislações locais tendem a impor um limite sobre a razão entre biodiesel e querosene usado para mover aeronaves - um máximo de 50/50, segundo lei brasileira de 2019. A empresa espera, no entanto, mudar esse cenário: "Estamos fazendo um papel ativo em fazer com que esse número suba para 100%", diz a empresa em comunicado. A estratégia também inclui um investimento de 75% de seu orçamento para pesquisa e desenvolvimento - este ano, na casa dos £$ 1.25 bilhão (R$ 8,7 bi) - voltado a tecnologias sustentáveis.
Se a indústria da aviação fosse um país, ela seria a sexta maior fonte de CO2 no planeta - atualmente ela responde por 2 a 3% das emissões. Mais recentemente, players do setor tem anunciado projetos de 'descarbonização': é o caso da United Airlines, que como a Rolls-Royce, quer alcançar neutralidade de carbono em 2050, e a Lufthansa, que ano passado lançou um programa que ajuda passageiros a eliminarem a pegada ambiental de sua viagem. Em ambos os casos, o uso de biocombustíveis é peça fundamental. (biodieselbr)
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