A Volkswagen Caminhões e
Ônibus anunciou em 14/06/21 a produção do modelo e-Delivery, o primeiro
caminhão elétrico totalmente desenvolvido, concebido e aprovado no Brasil pela
montadora. O modelo (4x2), de 11 toneladas, deixou a linha final de montagem
nesta manhã. Além dele, também deve ser fabricado um ainda maior, de 6x2 (seis
pontos de apoio por dois eixos de tração). Ao todo, a companhia investiu R$ 150
milhões para a adaptação da fábrica em Resende (RJ) para a fabricação do
lançamento -- em 2019, na época do anúncio da fabricação do novo modelo, a
companhia afirmou que 80% dos recursos viriam do BNDES e o restante do capital
próprio.
O novo modelo deve custar
cerca de 2,7 vezes o valor de um caminhão com motor a combustão. Ao mesmo
tempo, a montadora defende que o custo total operacional de ter um veículo
elétrico é 60% menor do que o de um caminhão com motor a diesel -- fazendo com
que se torne mais atrativo e com payback em cerca de um ano.
“Isso acontece porque o motor
elétrico exige muito menos manutenção do que o motor a combustão. Além disso,
quando colocamos na ponta do lápis o custo da gasolina versus o da energia
elétrica, também é possível entender essa redução”, diz Roberto. Hoje, o
e-Delivery tem autonomia de 200 km sem precisar recarregar a bateria.
A empresa deve fabricar cerca
de 100 unidades em 2021, com a meta de entregar mil unidades no ano que vem e
3.000 por ano até 2023, com a capacidade de produção atual. Um dos principais
clientes no momento é a Ambev, que já fechou contrato para a entrega de 1.600
unidades até 2023. Além da Ambev, a montadora acredita que será possível
conquistar outros clientes voltados à entrega de mercadorias em regiões urbanas
-- como atacadistas e varejistas.
Dados recentes mostram que o
setor está aquecido. Segundo dados da ANFAVEA, entre janeiro e abril deste ano,
foram licenciados 35.862 caminhões, alta de 48% em relação ao mesmo período de
2020 -- e de 19,5% em relação ao período de janeiro a abril/2019.
“Nada impede que consigamos fabricar 10 mil unidades por ano, tudo depende da demanda por esse modelo. O e-delivery começou a ser desenvolvido há quatro anos e o seu lançamento casa com o bom momento nas vendas de caminhões e com a valorização dos princípios ESG no país”, afirma Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, à EXAME.
Desafios
Mesmo projetando alta
demanda, já está na mira da montadora a redução do preço ao longo dos próximos
anos com o ganho de escala e, principalmente, com a nacionalização da produção
das baterias -- que respondem pelo maior custo de fabricação do e-Delivery.
Hoje, esse componente é importado da fabricante chinesa Contemporary Amperex
Technology (CATL) e, para barateá-lo ao longo dos próximos anos, a montadora
promoveu o encontro da chinesa com a brasileira Moura, que firmaram acordo.
Como resultado, ao longo dos
próximos anos, a Moura vai importar o lítio e aplicar todos os demais
componentes da bateria nacionalmente, tornando o produto mais barato para a
Volkswagen.
“A produção do e-Delivery
marca o início da eletrificação veicular no Brasil e a Moura tem muito orgulho
de fazer parte desse processo junto com a Volkswagen Caminhões e Ônibus. Mais
uma vez integramos o epicentro do movimento de inovação do setor automotivo ao
firmar esta importante parceria com a VWCO e a CATL”, afirma Sérgio Moura,
presidente do Conselho de Administração da Acumuladores Moura, em comunicado.
De olho em eficiência
Diante desse potencial e
projetando necessidades futuras do mercado brasileiro, a companhia afirma que
essa é apenas a primeira iniciativa rumo à eletrificação. De acordo com o CEO,
“boa parte” do investimento de R$ 2 bilhões anunciado pela companhia será
direcionado a esse fim nos próximos anos.
“O plano é começar por
regiões urbanas, que têm mais infraestrutura para estações de recarregamento e,
aos poucos, migrar para caminhões capazes de ir ‘do Oiapoque ao Chuí’”, afirma
Roberto.
A principal dificuldade
enfrentada é, justamente, superar o desafio de percorrer longas distâncias com
os caminhões no Brasil -- o tempo para carregá-las, por exemplo, ainda é uma
desvantagem comparada aos motores a combustão. Mas, a procura cada vez maior
por sustentabilidade tem feito com que montadoras invistam cada vez mais nessa
tendência.
Para carregar as baterias de
iEV1200T de 20% a 100%, em corrente alternada (obtida através de um carregador
wallbox de 7,4 kW), são necessárias 11 horas. Como a quilometragem média de um
caminhão urbano em grandes centros é abaixo de 100 km, a recarga diária no
iEV1200T durará menos de 6 horas no modo carga lenta, diz a empresa.
(exame.com)
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