As energias renováveis a baixo custo proporcionam uma vantagem
econômica sólida em detrimento das energias fósseis.
Energia solar para instalação comercial ficou 55% mais barata entre
2017 e 2020 no Brasil, afirma IRENA.
A quota de energias renováveis que alcançou custos mais baixos que os
combustíveis fósseis mais competitivos duplicaram em 2020. Esta é uma das
novidades do relatório da Agência Internacional para as Energias Renováveis
(IRENA) divulgado em 22/06/21. Foram 162 gigawatts (GW) de renováveis com
custos inferiores à opção mais barata de combustíveis fósseis, o equivalente a
62% do total adicionado no ano passado.
O relatório “Custos de Geração de Energias Renováveis em 2020” mostra
que a energia solar concentrada (CSP) reduziu seu custo em 16%, a energia
eólica em terra 13%, a energia eólica marítima (offshore) 9% e a solar FV 7%.
Novamente o Brasil é um dos destaques, com o custo do painel solar 71% mais baixo
em 2020 em relação a 2013, e o gasto total de instalação comercial da solar
distribuída caindo 55% entre 2017 e 2020.
As energias renováveis a baixo custo proporcionam uma vantagem
econômica sólida em detrimento das energias fósseis, de acordo com o documento.
Só os projetos recém-adicionados de energias renováveis em 2020 permitirão às
economias emergentes uma economia de até 156 bilhões de dólares durante o seu
ciclo de vida, diz o texto.
“Atualmente, as energias renováveis são a fonte de energia mais
barata,” afirmou o Diretor-Geral da IRENA, Francesco La Camera. “As energias
renováveis apresentam aos países presos ao carvão uma agenda de transição
economicamente sedutora, que assegura que irão responder à exigência energética
crescente enquanto poupam nos custos, geram postos de trabalho, impulsionam o
crescimento ao mesmo tempo em que respondem à ambição em termos climáticos”,
continua La Camera.
Diretor da Irena diz que mundo está em um momento crucial em relação ao
carvão. “No caminho do último compromisso do G7 sobre emissões líquidas zero e
interrupção do financiamento global ao carvão, chegou o momento de o G20 e as
economias emergentes se equiparem a estas medidas”, defende. “Não podemos
permitir que haja uma via dupla para a transição energética, em que certos
países rapidamente aderem ao conceito verde e outros permanecem presos ao
sistema baseado em combustíveis fósseis do passado”.
Segundo a agência, os anos 2010-2020 assistiram a um aumento dramático
na competitividade das tecnologias solar e eólica. Os 534 GW da capacidade
renovável adicionada nos países emergentes desde 2010 a custos mais baixos do
que as opções de carvão mais baratas estão reduzindo os custos da eletricidade
em cerca de US$ 32 bilhões todos os anos.
Em dez anos, diz o relatório, o custo da eletricidade proveniente da
energia solar FV caiu 85%, o da solar concentrada 68%, o da energia eólica em
terra 56% e a energia eólica marítima 48%. Com preços baixos recorde de leilão
de US$ 1,1 a US$ 0,3 por kWh atualmente, a energia solar FV e a energia eólica
em terra superam continuamente em termos de custos até mesmo a opção de carvão
mais barata, mesmo sem subsídios.
O relatório da IRENA mostra também que as novas energias renováveis batem as centrais de carvão existentes em termos de custos operacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, 149 GW ou 61% da capacidade total do carvão custam mais do que a nova capacidade das renováveis. Encerrar e substituir estas centrais por energias renováveis cortaria as despesas em US$ 5,6 bilhões por ano e fariam poupar 32 milhões de toneladas de CO2, reduzindo ⅓ das emissões do carvão nos EUA.
Segundo a agência, a previsão até 2022 é que os custos globais das energias renováveis caiam ainda mais, com a energia eólica em terra ficando 20-27% mais barata do que a opção mais econômica de carvão. A tendência de energias renováveis de baixo custo permitirão a eletrificação do transportes e de outros usos finais de energia, como na edificação e na indústria, além de destravar a eletrificação competitiva indireta por hidrogênio verde, prevê a IRENA. (ecodebate)
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