Estamos vivendo um aumento
vertiginoso de investimentos na produção de biocombustíveis que, de uns tempos
para cá, com a constatação de que o planeta passa por uma grave crise ambiental, é visto como
uma das alternativas mais eficazes para relativizar a dependência de nossa
sociedade pelo combustível fóssil - um dos vilões do aquecimento global.
Em 2006 o biocombustível
alimentava apenas 1% do transporte terrestre mundial, de acordo com a Agência Internacional de Energia. A estimativa é que o
percentual se multiplique por quatro até 2030. No Brasil, esta tendência é
vista com ótimos olhos. Nosso país, dizem, não pode deixar escapar esta
oportunidade de crescimento.
Com forte apoio do governo e de capital externo (até o magnata tecnológico Bill Gates resolveu investir pesado no setor), centenas de agricultores e fazendeiros renegaram suas tradicionais culturas e voltaram-se para o plantio da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, e outras culturas utilizadas na produção do biodiesel como mamona e óleo de palma.
Com forte apoio do governo e de capital externo (até o magnata tecnológico Bill Gates resolveu investir pesado no setor), centenas de agricultores e fazendeiros renegaram suas tradicionais culturas e voltaram-se para o plantio da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, e outras culturas utilizadas na produção do biodiesel como mamona e óleo de palma.
No início de 2007, a área
plantada de cana-de-açúcar no Brasil era de 6,3 milhões de hectares (mais de
78% na região centro-sul do país, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE). Deste total, cerca de um terço foi destinado a
produção de etanol. Se o aumento da demanda mundial se concretizar, estima-se
que a área cresça 60% em 5 anos e ultrapasse os 10 milhões de hectares.
Até 2010, serão mais de 25
usinas de biodiesel em atividade no Brasil. Nos EUA, guardadas as proporções, a
envergadura é bem maior: são 114 biorrefinarias em plena atividade e 80 novas
em construção. A produção norte-americana de etanol cresceu 25% entre 2005 e
2006. Quase tudo produzido através de grãos de milho.
Mas nem tudo são flores. O
que os entusiastas dos biocombustíveis não previam é o que questionamos neste
artigo: o crescimento da produção de biocombustíveis irá inflacionar os preços
dos alimentos?
Crime contra a humanidade
A produção em massa de biocombustíveis representa
um crime
contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos, segundo a opinião do
relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler,
divulgado em abril de 2008. Ele pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI)
que mude suas políticas sobre os subsídios agrícolas. Alguns países europeus
deixaram de comprar biocombustível, por causa desse posicionamento.
A posição de Ziegler, no entanto, é questionada por
vários cientistas. O principal argumento contra é que se estaria superestimando
a ação dos biocombustíveis, já que em 2007, eram usados 10 milhões de hectares
no mundo para produzir etanol contra 1,2 bilhão de hectares para a agricultura
em geral. (carros.hsw)
Nenhum comentário:
Postar um comentário