Pegada ecológica
do etanol de milho
Biocombustíveis vão
nos salvar de ameaças climáticas e a crise do petróleo, ao mesmo tempo,
proporcionando uma oportunidade para os pequenos agricultores do mundo. As
esperanças são elevadas, mas completamente irreais.
É como tentar
empurrar um pino quadrado em um buraco redondo, de acordo com uma tese [Fields of Gold. The Bioenergy
Debate in International Organizations] apresentada pela Profa. Magdalena Kuchler, na Universidade de
Linköping.
A bioenergia poderia
substituir os combustíveis fósseis e resolver a crise energética que se
aproxima, de quebra, poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Um
bônus adicional poderia ser que a demanda por biocombustíveis traria um ganho
para os pequenos agricultores em países pobres, que seriam capazes de
diversificar a sua produção e vender um produto atraente no mercado
internacional. Em suma, uma situação ‘ganha-ganha-ganha’, pelo menos, na forma
em que a bioenergia é divulgada.
E não por qualquer
um, mas por três altamente influentes organizações internacionais:
Organização para
Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO)
Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
Agência Internacional
de Energia (AIE)
No entanto, Magdalena
Kuchlerem sua tese de doutorado, defendida perante o Centro de Água e Estudos
Ambientais da Universidade de Linköping (LIU), investigou o pensamento dessas
três organizações sobre bioenergia durante o período de 1990 – 2010.
A questão do futuro
da bioenergia tem uma influência sobre três áreas: clima, alimentos e energia,
ela, portanto, escolheu essas organizações particulares para a sua pesquisa.
Sua conclusão é que
as grandes esperanças para a bioenergia não serão realizadas, pelo menos não
sob o atual sistema econômico, que exige que a produção seja a mais barata
possível, a qualquer ‘custo’. Aqui, as três organizações acabam em contradições
e um dilema que eles não são capazes de resolver.
“A produção de
biocombustíveis tem se encaixar com uma economia de mercado, o que a torna
completamente aliada ao crescimento econômico e da acumulação de capital”,
escreve ela.
O resultado, desta
opção, é monoculturas com produção mecanizada. Mudanças no uso e manejo da
terra levam ao aumento das emissões de efeito estufa, que corroem o argumento
das reduções que os biocombustíveis deveriam proporcionar. Produção altamente
mecanizada, por outro lado, cria uma maior dependência em relação aos
combustíveis fósseis, e não o contrário.
Por fim, os pequenos
agricultores do mundo não têm nada a ganhar com o modelo de produção em grande
escala, extensiva e mecanizada, intensamente utilizada para manter os custos
baixos.
Não resta muito da
situação ‘ganha-ganha-ganha’. Pelo contrário, as estruturas coloniais de
produção foram restabelecidas e a demanda dos países desenvolvidos por grandes
quantidades de energia barata supera qualquer outra necessidade global, como,
por exemplo, a necessidade de um mundo em equilíbrio ecológico. (EcoDebate)
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