A EDP no Brasil, empresa do Grupo EDP Energias de Portugal,
com a Fundação Instituto de Administração (FIA), o Instituto de Eletrotécnica e
Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e a Sinapsis firmaram uma parceria
para a execução de um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento que avaliará os
impactos dos veículos elétricos nos sistemas de distribuição de energia
elétrica. Nesta sexta-feira, 28, inauguraram o primeiro eletroposto de recarga
rápida de veículos elétricos no Brasil com sistema de billing e ferramentas de
planejamento elétrico, e deram início aos testes da primeira fase do projeto,
que serão concluídos no final de 2012.
A iniciativa tem como objetivo realizar um estudo
prospectivo voltado para a avaliação dos possíveis cenários, experimentação e
mensuração dos impactos da introdução do veículo elétrico na rede de
distribuição da EDP no Brasil, nas áreas de atuação da EDP Bandeirante e EDP
Escelsa, e permitirá que as concessionárias estudem a infraestrutura, produtos
e serviços necessários para atender a essa demanda.
O eletroposto de carga rápida está disponível no IEE em São
Paulo para testes de veículos elétricos de diversas montadoras. Ainda, o
projeto está aberto a convênios com instituições públicas que queiram abastecer
seus veículos elétricos nos três eletropostos instalados no IEE (recarga
rápida, lenta e residencial). O serviço será oferecido para organizações
públicas da cidade de São Paulo que estejam atualmente usando ou operando
veículos elétricos.
Os três eletropostos foram fabricados pela Efacec, empresa
fornecedora de carregadores elétricos para o projeto de mobilidade elétrica em
Portugal. O de carga rápida segue especificações da Europa, Japão e EUA e tem
50kW de potência de saída em corrente contínua. Neste ponto de abastecimento,
os veículos com uma autonomia em torno de 180km levam até 30 minutos para
recarga da bateria, que é normalmente limitada em 80% de sua capacidade máxima,
a fim de prevenir danos às mesmas. Os eletropostos de carregamento lento, em
corrente alternada com 3,7kVA de potência, levam até oito horas para realizar a
mesma tarefa.
Para a EDP, este projeto indica um passo à frente nas
questões de eficiência energética e da sustentabilidade ambiental. “Com este
projeto a EDP no Brasil visa estudar o uso da mobilidade elétrica e seus
impactos na rede de distribuição, principalmente nos grandes centros urbanos
onde há maior expectativa de utilização desta tecnologia”, afirma Miguel Setas,
vice-presidente de Distribuição da EDP no Brasil.
O investimento em projetos de Pesquisa & Desenvolvimento
como esse é de extrema importância, pois analisa o impacto na rede elétrica da
chamada ‘carga em movimento’, por não se conhecer quando e onde serão
realizados os reabastecimentos, seja em carregadores públicos de abastecimento
rápido ou lento, ou mesmo na tomada em casa. Para isso, serão estudadas as
projeções de penetração de veículos elétricos no Brasil e simulações desta nova
carga sobre as redes de distribuição de responsabilidade da EDP.
Vale lembrar que o consumidor também avaliará o melhor
horário e tarifa convenientes para realizar o carregamento de seu veículo
elétrico. As concessionárias também poderão orientar quanto ao melhor horário
para recarga, fora do horário de pico de consumo.
“Este projeto é importante do ponto de vista de atendimento
às demandas dos nossos clientes, e para minimizar possíveis riscos no
abastecimento de energia elétrica. Surge em um momento oportuno, dado que a
anunciada redução de tarifas elétricas virá reforçar a competitividade deste
tipo de mobilidade”, enfatiza Setas.
O Brasil também pode aproveitar a oportunidade para a
utilização dos veículos elétricos para disseminar o uso de fontes renováveis,
principalmente a partir da geração hidrelétrica, eólica, solar e biomassa,
sendo que hoje 85% da energia elétrica é gerada a partir de fontes limpas.
Parcerias -A FIA irá desenvolver um modelo de análise das
perspectivas futuras e os impactos técnicos, sociais e econômicos da introdução
dos veículos elétricos no Brasil, em especial nas áreas de concessão das
Distribuidoras do Grupo EDP. O projeto é coordenado pelo PROFUTURO – Programa
de Estudos do Futuro da Fundação e analisa o impacto futuro da frota, perfil e
hábitos do consumidor, verificando a viabilidade técnica e os modelos de
negócios futuros relacionados ao veículo elétrico.
O Prof. Dr. Paulo Feldmann, da FIA, estima que em 2030
alguns países europeus terão metade da frota de novos carros vendidos composta
por veículos elétricos. “Este é o caminho. O Brasil é um dos únicos países que
ainda não adotou o carro elétrico, mas terá de se adaptar”, comenta Feldmann. O
projeto em parceria com a EDP no Brasil faz parte de uma linha de pesquisas do
PROFUTURO/FIA sobre tendências e impactos para a utilização de veículo elétrico
no Brasil, coordenada pelo professor doutor James Wright. “Esta linha de
pesquisa visa avaliar todos os processos que envolvem a implementação da frota
destes automóveis e os ganhos para a sociedade. Nosso trabalho busca propor e
discutir estratégias e políticas, tendo em vista a melhoria do tráfego urbano
sob as perspectivas de mobilidade sustentável e de políticas públicas de
estímulo ao uso de tecnologias limpas de motorização veicular”, afirma.
Já a Sinapsis ficou responsável por desenvolver a
metodologia para avaliar o impacto da penetração de veículos elétricos na rede
de distribuição, no planejamento e operação da rede, por meio da construção de
um ambiente computacional de simulação usando como base plataforma existente de
análise de redes elétricas (SINAPGrid). “A ferramenta permitirá à EDP avaliar a
necessidade de eventuais obras e determinar o máximo nível de penetração de
veículos sem afetar o desempenho do sistema”, afirma Marcelo Pelegrini,
sócio-diretor da Sinapsis.
O IEE irá realizar a avaliação tecnológica dos eletropostos
e baterias existentes, por meio da construção e testes de bancada experimental
e desenvolvimento de modelos computacionais das baterias em situações de carga
lenta e rápida. Ou seja, por meio da coordenação de testes práticos avaliará o
real impacto dos abastecimentos dos carros no eletroposto. “A partir das
medições dos carregamentos das baterias de diversos veículos elétricos em
várias situações de carga nos eletropostos instalados no IEE será possível analisar
os dados e as características deste novo tipo de carga elétrica e, com isso,
construir modelos para avaliar o real impacto de uma frota de veículos
elétricos nas redes de distribuição de energia e em toda a cadeia do sistema
elétrico, seja na geração, transmissão e distribuição”, afirma José Aquiles
Baesso Grimoni, professor da Escola Politécnica da USP.
A Efacec participará do projeto aqui no Brasil com o
fornecimento de equipamentos para carregamento de veículos elétricos (recarga
rápida, lenta e residencial) e com o sistema de gestão da infraestrutura de
carregamento de baterias dos veículos elétricos. “A Efacec é líder na
fabricação de carregadores elétricos automotivos e sente-se honrada em
participar de um momento tão importante para a indústria de carros elétricos,
assim como a parceria com a EDP do Brasil, cuja matriz já é nossa parceira em
Portugal”, afirma Artur Fuchs, diretor-presidente da Efacec do Brasil.
(ambienteenergia)
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