O Projeto Veículo Elétrico (VE),
desenvolvido por Itaipu Binacional e parceiros, vai receber um modelo em escala
real do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), produzido pela empresa cearense Bom
Sinal. A intenção será utilizar o protótipo, também chamado de mock-up, para
estudos de eletrificação do trem. Atualmente, os VLTs produzidos pela empresa
são movidos a diesel e biodiesel.
De acordo com o engenheiro Celso Novais, coordenador
brasileiro do Projeto VE, o mock-up irá sair da fábrica instalada em Juazeiro
do Norte (CE) nesta semana e a previsão que é chegue a Foz do Iguaçu até o
final do mês. Por causa do peso e das dimensões – de 8 a 10 toneladas, 11
metros de comprimento, 4 de altura e 3 de largura – o modelo será transportado
em carreta rebaixada e velocidade reduzida.
“A Bom Sinal tem um produto moderno, muito robusto, mas que
usa motor a combustão. O que queremos é desenvolver uma versão ambientalmente
correta, com tração elétrica, e que atenda ao princípio da mobilidade
sustentável”, explicou Novais, que no final de setembro participou de uma
visita técnica à fábrica da empresa, em Juazeiro do Norte, e à capital,
Fortaleza, que já tem um sistema de VLT implantado.
Também integraram a comitiva o gerente da Divisão de
Infraestrutura e Manutenção (ODMI.CD) de Itaipu, Valdecir Maria; o
diretor-superintendente do Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu
(Foztrans), Edson Mandelli Stumpf; e o diretor de Trânsito, Ali Safadi.
Na fábrica da Bom Sinal, o grupo conheceu as etapas de fabricação do VLT – também chamado metrô de superfície – e inspecionou o mock-up que será trazido a Foz do Iguaçu. Em Fortaleza, foi feita uma viagem de VLT pela Linha Oeste, com trecho de 19,5 quilômetros, ligando a estação central ao bairro Caucaia. “A avaliação foi excelente”, disse o engenheiro.
Novos parceiros
A Bom Sinal é a única empresa brasileira que fabrica metrôs
de superfície e os contatos com Itaipu para eletrificação do trem começaram há
dois anos. Para o trabalho, a binacional também contará com suporte técnico da
parceira KWO, que é proprietária de um VLT que opera na interligação das
cidades de Meiringen e Innertkirchen, na Suíça. O sistema atende ao transporte
público e também de funcionários, com ponto final na sede da KWO.
O Projeto VE contará ainda com o suporte da empresa Stadler,
também da Suíça, que há mais de 50 anos atua na fabricação de trens na Europa.
A Stadler foi apresentada à Itaipu pela própria KWO, durante viagem no final de
agosto por integrantes do Projeto VE à Europa. A intenção do grupo era conhecer
a experiência da aplicação do VLT em países como Portugal, Inglaterra e a
própria Suíça. A diretora executiva financeira, Margaret Groff, coordenou a comitiva.
A viagem ainda abriu perspectivas de novas parcerias com as
empresas Voith Siemens, da Alemanha, e com o braço europeu da canadense
Bombardier. Ambas também atuam no segmento de trens. “Estamos negociando com
essas empresas formas de transferência de tecnologia para ser aplicada ao trem
da Bom Sinal”, disse Novais.
Open Innovation - Uma linha de pesquisa do Projeto VE para o
VLT da Bom Sinal chamou a atenção dos europeus: a supressão, no futuro, dos
cabos de alimentação externos (chamados de catenárias) por baterias e sistema
de recarga – como ocorre hoje nos veículos da família VE, como o Palio Weekend,
o ônibus e o caminhão elétricos.
“Na Europa, os trens já são eletrificados, mas com o uso da
catenária. A substituição por baterias recarregáveis representaria um salto
tecnológico gigantesco. Também seria uma alternativa mais econômica, porque o
uso dos cabos externos aumenta muito o preço final do produto”, comentou o
engenheiro.
Novais comentou ainda que a união de empresas do mesmo
segmento em torno de estudo específico atende ao conceito de Open Innovation,
que ganhou força nos últimos anos na Europa e nos Estados Unidos. A forte
concorrência no mercado internacional motivou a aproximação das empresas.
O engenheiro explicou que a ideia é trabalhar em conjunto,
buscando soluções tecnológicas avançadas para partes comuns dos produtos,
reduzindo custos de pesquisa e de desenvolvimento. Daí o interesse da Stadler,
Voith e Bombardier na parceria para o desenvolvimento de um VLT sem catenárias.
“As empresas compartilham os riscos e os benefícios, sem
comprometer a identidade e a individualidade de seus produtos, que disputarão o
mercado uns com os outros na etapa de comercialização”, disse.
Coincidentemente, o conceito Open Innovation já vinha sendo
aplicado dentro do Projeto VE. “Nós temos parceiros de diferentes segmentos,
alguns concorrendo entre si, com produtos lançados no mercado. Essa articulação
é possível porque o objetivo de Itaipu é desenvolver tecnologia. Essa
tecnologia poderá, depois, ser absorvida pelas empresas, ganhar escala,
beneficiando a sociedade como um todo.”
PAC Mobilidade - Ainda no final de agosto, com apoio técnico
de Itaipu, a Prefeitura de Foz do Iguaçu encaminhou ao Ministério das Cidades
uma proposta para implantação de um ramal do VLT no município. A expectativa é
que o projeto seja incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Mobilidade Médias Cidades, lançado pela presidente Dilma Rousseff.
A proposta prevê a construção de um ramal de 12 quilômetros
entre a futura sede da Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(Unila), na Avenida Tancredo Neves, até a Praça da Paz, no final da Avenida
Juscelino Kubitscheck. Se o projeto for aprovado, o investimento será de R$ 210
milhões. (Fonte: Itaipu Binacional) (ambienteenergia)
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