É muito natural que um filho aprenda a trabalhar
ajudando o pai, com este a seu lado. Há muitas profissões e ofícios –
digníssimos e necessários – que não se aprendem nos livros. A vida está cheia
de tarefas que apenas se aprendem quando se trabalha nelas. (Paulo Geraldo)
Educar não é uma
tarefa simples, mas um ofício que vamos aperfeiçoando ao longo de nossa vida
profissional. O tempo que atuamos como professor, em sala de aula, nos garante
certa experiência, mas é certo que, como ofício, educar sempre é um processo de
permanente construção. Às vezes, determinadas experiências pedagógicas exitosas
ou marcantes acabam imprimindo caráter de perpetuação de nosso jeito de
ensinar. Por isso mesmo, sempre é importante separar, para compreender, os
“ossos de nosso ofício” da dureza da realidade em que estamos a atuar, em
nossas escolas. E semear esperança.
O dicionário de
língua portuguesa define ofício como sendo “qualquer atividade especializada de
trabalho; profissão; emprego; meio de vida”. Definir a especificidade de nosso
ofício nem sempre é fácil, uma vez que o “produto” de nossos investimentos são
as pessoas. O que define as pessoas é a capacidade de criar, de pensar e sua
condição de liberdade. Certo é que nem sempre os conhecimentos que julgamos
importantes batem com as necessidades, desejos e angústias das nossas crianças,
adolescentes, jovens ou adultos. E nem sempre nos sentimos preparados para
contornar os embaraços que estas situações provocam em nossa sala de aula.
De acordo com o que
reza nossa Constituição, “a educação, direito de todos e dever do estado e da
família, visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Os conceitos são abstratos,
mas fundamentais para compreendermos o sentido de nosso ofício de educar.
Trata-se de compreender que a educação invoca a integralidade, envolvendo todas
as dimensões do ser humano. Neste sentido, educar significa construir as
possibilidades de nos humanizar, de nos fazermos gente, sempre e em todo lugar.
Quem de nós trocaria
de profissão? A maioria não trocaria, apesar de admitir a dificuldade de educar
numa sociedade que educa na contramão da escola. Já a questão da realização
pessoal de cada um e cada uma na escola tem a ver com as expectativas que
construiu ao assumir a educação, como também com o grau de frustrações que
acumulou ao longo de nossa vida profissional. Nem a escola e nem a família,
sozinhas, mudarão o mundo se o mundo não decidir que é preciso mudar. Por isso
mesmo, enquanto esta consciência coletiva não for majoritária na sociedade,
nosso ofício de educar continuará árduo e penoso, não reconhecido.
O saudoso e querido
educador Paulo Freire, ao se referir ao dia do professor, lembrou que “a data é
um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e
nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que
queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão
de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas
para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não
transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”.
Sejamos, pois, sempre
portadores e agentes da esperança. E nos mantenhamos sempre dispostos a
aperfeiçoar o ofício de ensinar pelo qual doamos uma vida toda. (EcoDebate)
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