Relatório aponta problemas em usinas nucleares europeias
Rascunho de documento diz que todas as 143 centrais
nucleares da Europa precisam de melhorias.
O rascunho de um relatório da Comissão Europeia identificou
'centenas' de problemas em usinas nucleares europeias. Segundo o documento, as
143 usinas do bloco precisam passar por melhorias, que devem custar
aproximadamente 25 bilhões de euros.
O organismo investigou as condições das usinas após o
acidente nuclear de Fukushima. O objetivo era investigar como as usinas
nucleares reagiriam durante emergências extremas.
A versão final do relatório ainda pode sofrer alterações.
Comissão Europeia investigou as condições das usinas após o acidente nuclear de Fukushima.
Já ativistas anti-nucleares afirmaram que as advertências do
relatório foram superficiais.
O órgão regulatório da energia nuclear na Europa solicitou à
Comissão que não usasse linguagem capaz de minar a confiança do público na
energia nuclear, segundo o correspondente da BBC em Bruxelas Chris Morris.
Falhas francesas
O rascunho do documento critica a proximidade dos reatores
de regiões populosas da União Europeia. Ao menos 47 das usinas nucleares, com
111 reatores, estão instaladas em locais nos quais mais de 100 mil pessoas
vivem em um raio de 30 quilômetros do reator.
'Os resultados dos testes de estresse mostram que
praticamente todas as usinas nucleares precisam passar por melhorias de
segurança', diz o documento. 'Centenas de medidas de melhoria técnica já foram
identificadas'.
'Após os acidentes de Three Mile Island e Chernobyl, medidas
urgentes para proteger as usinas nucleares foram acordadas. Os testes de
estresse demonstraram que mesmo hoje, décadas depois, sua implementação ainda
está pendente em alguns Estados-membros'.
Quatro reatores em dois países - que não foram identificados
no documento - teriam menos de uma hora para restabelecer suas funções de
segurança e evitar uma catástrofe em caso de eventual falha no suprimento de
energia do complexo.
Na França, o maior produtor de energia nuclear da Europa, 58
reatores são responsáveis por 80% da produção de eletricidade do país. O
rascunho do relatório apontou falhas específicas em todos esses reatores.
Recentemente uma explosão de vapor feriu duas pessoas na
usina de Fessenheim, no leste da França - um dos
reatores mais velhos do país e alvo regular de protestos de ativistas. Críticos
afirmam que a região onde usina está instalada é perigosa por estar sujeita a
constante atividade sísmica.
Deficiências também foram apontadas em usinas da
Grã-Bretanha. A maioria das usinas do país não tem uma sala de controle
alternativa para ser usada caso a sala principal seja contaminada por radiação.
O Departamento de Energia do Reino Unido afirmou que não há
evidências de que as usinas do país não sejam seguras.
'Entretanto, o governo está comprometido com o princípio de
aprimoramento contínuo', afirmou à BBC um porta-voz da instituição.
Protestos
Enquanto os testes de estresse encontraram deficiências em
muitos reatores nucleares europeus, ativistas afirmam que o relatório falhou ao
não abordar riscos em áreas cruciais, tais como o envelhecimento da tecnologia,
ataques terroristas e erros humanos.
'Se esse exercício fosse sério, a Comissão deveria
recomendar o desligamento de reatores não seguros ou velhos', afirmou a
ativista Rebecca Harms.
Alguns governos mudaram sua estratégia energética após o
desastre do ano passado em Fukushima. Os alemães decidiram acabar de substituir
até o ano de 2022 suas centrais nucleares por tecnologia verde ou menos
poluente.
Os sistemas de resfriamento da usina japonesa de Fukushima
Daiichi foram desativados pelo terremoto e pelo tsunami ocorridos no Japão em
11 de março de 2011. O desastre causou o derretimento de três de seus reatores.
(g1)
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