Pesquisadores do Laboratório de Engenharia
Bioquímica, Biorrefino e Produtos de Origem Renovável (LEBBPOR) da Faculdade de
Engenharia Química (FEQ) da Unicamp testaram em 30/06/15 um biodiesel produzido
a partir de microalgas. O biocombustível é o resultado de um projeto
colaborativo entre o LEBBPOR e a Petrobras, que durou cinco anos sob a
coordenação da professora Telma Teixeira Franco.
De acordo com a docente, o projeto envolveu a
participação de diversos estudantes de pós-graduação e compreendeu pesquisas
com diferentes abordagens, mas que se complementaram. Os membros da equipe
investigaram desde a identificação e isolamento da microalga até os processos
de produção do biodiesel, passando pelos métodos de cultivo do microrganismo.
“Um dos estudos que desenvolvemos analisou o uso de vários resíduos como
substrato para a alimentação da microalga”, exemplifica Telma Teixeira Franco.
O microrganismo que deu origem ao biodiesel cresce
em resíduos ricos em açúcares, continua a professora. Depois de cultivá-lo, os
pesquisadores extraíram dele o óleo, que posteriormente foi transformado em
biodiesel. “Nosso objetivo foi este, mas as microalgas podem fornecer compostos
para o desenvolvimento de diversos produtos."
Segundo o doutorando Renato Sano Coelho,
responsável pela pesquisa que gerou o biodiesel, um dos desafios que tiveram
que ser superados foi a ampliação tanto do crescimento quanto da concentração
do microrganismo no substrato. “Normalmente, o índice de concentração gira em
torno de 0,1%. Nós conseguimos aumentar essa taxa para 10%, o que representa
uma produtividade excelente”, explica.
Renato Coelho afirma, ainda, que testes feitos no
laboratório mostraram que o biodiesel produzido a partir da microalga atende às
principais especificações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), sendo que suas características são similares às do
biodiesel comercial. No teste realizado os pesquisadores utilizaram uma van
convencional pertencente à universidade. Eles acrescentaram 7% de biodiesel por
litro diesel. O desempenho do veículo durante o teste de rua não sofreu qualquer
interferência.
Conforme a professora Telma Teixeira Franco, embora
o projeto relacionado ao biodiesel de microalga esteja terminando, fica a
expectativa de que as pesquisas tenham continuidade, de modo a tornar o
biocombustível viável comercialmente. “Para isso, uma das etapas a serem
cumpridas é a do escalonamento. Temos que migrar da escala laboratorial para a
industrial, superando os desafios naturais desse tipo de processo”, pontua.
Além da docente e do doutorando Renato Coelho,
estiveram envolvidos com o projeto os seguintes pós-graduandos: Juliana Prestes
Lorensi, Julio César de Melo, Annamaria Dória Tomato Peña e Jonathan Wagner,
sem contar os pesquisadores que já passaram pelo LEBBPOR e que hoje estão
atuando em empresas privadas ou como professores em diferentes universidades
brasileiras. (biodieselbr)
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