A apenas três meses da COP21, a conferência do
clima em Paris, um novo estudo divulgado em 18/08/15 coloca o setor energético
brasileiro em saia justa.
Entre 1970 e 2013, as atividades de produção e
consumo de combustíveis e energia elétrica quadruplicaram seus níveis de gases
de efeito estufa e já respondem por 29% das emissões no país.
Detalhe: nenhum outro setor teve crescimento tão
acelerado e em níveis tão altos de emissão no mesmo período.
Os dados são do Sistema de Estimativa de Emissões
de Gases de Efeito Estufa (SEEG), plataforma criada pelo Observatório do Clima,
rede que reúne 37 entidades da sociedade civil para discutir as mudanças climáticas
no contexto brasileiro.
Só nos últimos cinco anos, as emissões da área
energética aumentaram 34%. Um dos vilões desse incremento é o mesmo responsável
pela conta de luz mais salgada em tempo de crise hídrica: o uso intensivo de
termelétricas a óleo combustível e diesel, fonte mais cara e poluente que a
geração hidrelétrica.
A pesquisa também creditou a expansão das emissões
do setor à queda da participação do etanol e consequente aumento do consumo de
gasolina e diesel.
Na ponta do lápis, o crescimento das emissões por
fonte primária, no período analisado, tiveram predomínio do petróleo (72%),
seguido do gás natural (17%) e do carvão (6%).
Para Carlos Rittl, secretário-executivo do
Observatório do Clima, essa tendência é alarmante, mesmo quando comparada
àquele que ainda é o pior vilão das emissões brasileiras, o desmatamento (que
respondeu por 35% do total dos GEE do Brasil em 2013).
Segundo ele, embora o Brasil tenha passado por
avanços importantes no que diz respeito às políticas públicas voltadas às
mudanças climáticas, as análises o país ainda não incorporou uma estratégia de
desenvolvimento que leve em conta o controle das emissões de gases do efeito
estufa.
“As inciativas do governo federal, derivadas da
Política Nacional sobre Mudança Climática, de 2009, têm escala muito tímida, e
são frequentemente atropeladas por outras, como os subsídios à gasolina e o
incentivo ao carro”, diz Rittl.
“É como se houvesse dois governos em ação: um que
elabora políticas avançadas de descarbonização e outro que sabota sistematicamente
essas políticas.”
Há esperança
A nova análise do Observatório do Clima traz alguns
dados positivos. As emissões do setor de mudança no uso do solo (desmatamento)
apresentaram uma redução de mais da metade de participação nas últimas duas
décadas — de 70%, nos anos 1990, caiu para 35% em 2013.
Essa queda foi a principal responsável por colocar
o Brasil no trilho de cumprir a meta de reduzir emissões em 36,1% a 38,9% em
2020 em relação à tendência.
No entanto, Tasso Azevedo, coordenador do SEEG,
alerta que a guerra ainda não está ganha. “As emissões ligadas à mudança do uso
da terra atingiram seu valor mais baixo em 2012 (32%), mas, em 2013, voltaram a
subir (para 35%). O principal motivo foi o aumento do desmatamento na
Amazônia”, argumenta Azevedo, frisando que “é imprescindível acabar com o
desmatamento, ilegal e legal”.
Agropecuária
A agropecuária aparece como a terceira maior
responsável pelas emissões do Brasil, com 27% do conjunto. Desde 1970, a taxa
já cresceu 160%.
Os principais contribuintes são o metano emitido
pelo gado e o uso de fertilizantes nitrogenados. Segundo a pesquisa, a grande
oportunidade aqui está no manejo correto e na recuperação das pastagens
degradadas.
Processos industriais são o penúltimo colocado (6%
das emissões totais de 2013). As emissões nesse setor mais do que triplicaram
entre 1970 e 1990 e, desde então, quase dobraram. Os segmentos que mais
contribuíram para essa situação no ultimo ano do estudo foram a siderurgia e a
produção de cimento — 52% somadas.
Processos industriais
Processos industriais são o penúltimo colocado (6%
das emissões totais de 2013). As emissões nesse setor mais do que triplicaram
entre 1970 e 1990 e, desde então, quase dobraram. Os segmentos que mais
contribuíram para essa situação no último ano do estudo foram a siderurgia e a
produção de cimento — 52% somadas.
Resíduos
O setor de resíduos responde pela menor parcela de
emissões no Brasil com 3% do total em 2013. A cifra representa um crescimento
de 300% desde 1970, porém, com números totalizados muito menores dentro do
conjunto de emissões do país.
O tratamento correto de resíduos tende, no primeiro
momento, a acelerar as emissões, por envolver processos que potencializam as
emissões de metano (de lixão para aterro controlado, por exemplo). (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário