Hiroshima,
06 de agosto 1945 – 2015: 70 anos de pesadelo atômico
Hiroshima, após a explosão da
bomba ‘Big Boy, em 06 de agosto 1945.
“A
grande arma explodirá no Oriente deixando chagas eternas. Essa impudente
covardia contra a carne humana jamais será cancelada” Pier Carpi in Profecias
do Papa João XXIII.
A
frase em epígrafe, atribuída ao Papa João XXIII quando ainda era apenas Cardeal
Angelo Roncali em 1935 pode não ser ‘vero, ma é bene trovato’ ou seja pode ser
que não tenha sido efetivamente pronunciada ou escrita por ele – nunca consegui
me assegurar na credibilidade do livro e do autor – mas que foi bem escrita não
resta dúvida. É contundente e toca os pontos importantes e necessários para
nós.
Primeira
arma atômica, desenvolvida a partir dos conhecimentos desenvolvidos pela física
de meados do século XIX e início do século XX. Com ajuda de cientistas de
várias partes do mundo –como o próprio Einstein – os americanos chegaram à
produção do primeiro artefato nuclear antes que a Alemanha nazista.
Em
agosto de 1945 a Alemanha, a principal e mais forte das nações que formavam o
Eixo (Alemanha, Itália e Japão) já havia sido derrotada. Hitler suicidou-se em
30 de abril de 45. A Itália fascista também já fora vencida pelas forças
aliadas com o auxílio dos pracinhas brasileiros. O Japão, com a persistência
oriental, resistia. Mas seu isolamento impunha-lhe uma rendição em pouco tempo.
O
uso das armas nucleares para derrotar o Japão era absolutamente desnecessário.
Daí a ‘impudente covardia’!!! Os terríveis e dramáticos efeitos para a vida
(humana e todas outras formas) já eram perfeitamente previsíveis
O
uso da bomba atômica teve por objetivos abreviar o final da 2ª Guerra Mundial;
confirmar os efeitos destrutivos destas novas armas; mas principalmente mostrar
ao mundo o poderio militar estadunidense, quem agora ‘dava as cartas’ no
Planeta.
A
primeira bomba, à base de urânio enriquecido, foi lançada contra a cidade de
Hiroshima no dia 06 de agosto, e matou cerca de 250.000 pessoas. Insensíveis à
essa mortandade, os EUA, apenas dois dias depois, lançou nova bomba atômica
(esta à base de plutônio) que, instantaneamente, matou outras 85.000 pessoas em
Nagasaki.
CHAGAS
ETERNAS
As
mortes em função das explosões tiveram sua dor e horror prolongados
indefinidamente devido ao efeito radioativo das bombas. A radioatividade
emitida pelas explosões geram mutações e deformações genéticas que são
transmitidas hereditariamente, tornando ‘eternas’ as heranças dolorosas dessa
‘covarde’ demonstração de (pre) potência nuclear.
Em
entrevista na década de 80 do século XX o filósofo francês Michel Serres disse
que Hiroshima está por traz do nosso tempo; e também a nossa frente.
Michel
Serres é o mesmo que escreveu – em 1990 – “O Contrato Natural”, no qual
parafraseando “Do Contrato Social”, escrito no século 18, pelo também filósofo
francês Jean-Jacques Rosseau. Enquanto Rosseau estabelece que a sociedade é
fruto de um contrato entre os homens para garantia de direitos – e dessa forma
sendo precursor da Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada em 1948
após o final da 2ª. Grande Guerra -; Serres preconiza a necessidade de
reconhecermos (nós seres humanos, especialmente os ‘descendentes’ da
civilização ocidental de origem greco-romana e cristã), em prol de nossa
própria sobrevivência, os direitos da ‘natureza’ ou seja, o direito das ouras
espécies de seres vivos que sustentam a a teia da vida em nossa biosfera. Dessa
forma, Serres, é precursor da “Carta da Terra” documento preparado após a
Cúpula da Terra em 1992 no Rio de Janeiro.
É
importante reiterar que as armas atômicas, são uma grave ameaça não apenas à
humanidade, mas , pela primeira vez, a capacidade destrutiva produzida pelo ser
humano, ameaça toda a vida planetária pois compromete as bases genéticas de
todos os seres vivos, através da emissão de energias radioativas altamente
tóxicas às cadeias das moléculas responsáveis pela transmissão das
características hereditárias de todos os seres vivos terrestres.
Embora,
com o fim da União Soviética em 1991, fala-se no fim da ‘Guerra Fria” –
expressão que marca o ‘congelamento’ dos grandes conflitos em virtude da
impossibilidade de uma guerra total, pois a troca de bombardeios atômicos entre
as duas grandes potências que foram as primeiras a dominar a tecnologia bélica
nuclear, produziria uma destruição mútua -; a realidade é que vivemos todos
desde “Hiroshima, 06 de agosto de 45”, sob a espada de Dâmocles, atômica e
atônita.
Hipocritamente
as potências nucleares formam o Conselho de ‘Segurança’ da ONU e enquanto
impedem que outras nações desenvolvam suas bombas atômicas, não desenvolvem
programas concretos de desarmamento nuclear.
Já
são sete décadas daquele pesadelo cogumelo atômico que todos nunca mais
queremos ver repetido. Mais que o respeito à nossa própria vida, mas pelo
respeito e amor à todas outras espécies vivas deste planeta, nós, enquanto
espécie irmã de todas outras, deveríamos nos esforçar mais para nos desarmar. A
ciência que inventou essas tecnologias biocidas, deve ser capaz de eliminar as
bombas e seu poder mortífero.
Pode
parecer ingênuo, mas tenho esperança, apesar dos pesares. Por ora rememoramos a
tragédia de Hiroshima e Nagasaki e nos irmanamos às dores do povo japonês e de
todas as vítimas de acidentes nucleares; mas precisamos trabalhar para que um
dia comemoremos o extermínio não dos seres vivos, mas de todas as bombas
nucleares e o desenvolvimento de uma tecnologia que possa garantir um uso
razoavelmente seguro da energia nuclear.
Para
relaxar termino citando nosso herói jamaicano Bob Marley: “Chamam-me de idiota
porque fumo maconha; e de gênio quem inventou a bomba atômica”. Também não
tenho absoluta confiança se a frase é mesmo de Bob Marley, achei na internet,
mas, ‘se non é vero é bene trovato’, como diria minha querida vó Giovanina. (ecodebate)
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