Em tempos de pandemia, a
importância da previsibilidade nos contratos de eficiência energética.
As adversidades, às vezes
mais graves e em outras mais brandas, surgem pelo caminho de empresas que
trabalham com medição, análise e planejamento, em busca de economia.
O cálculo de energia
consumida no dia a dia dos mais diversos segmentos de negócio, seja um comércio
varejista ou um centro de distribuição, por exemplo, depende de uma série de
variáveis que devem ser levadas em conta. Quando se implanta um programa de
eficiência energética com análise de performance numa empresa, com foco na
redução desse consumo e na modernização dos equipamentos conectados à rede
elétrica, como lâmpadas, geladeiras etc, é necessário usar padrões
internacionais confiáveis para garantir que o trabalho esteja de acordo com a
realidade dos números.
Principalmente quando o mundo
passa por tempos tão desafiadores como o que estamos vivendo agora, em virtude
da pandemia do Novo Coronavírus, que levou ao fechamento temporário de lojas de
ramos considerados não essenciais e de ambientes corporativos, é primordial que
as companhias que oferecem o serviço de eficiência energética no mercado
brasileiro baseiem sua atuação no IPMVP (International Performance Measurement
and Verification Protocol – Protocolo Internacional de Mensuração e Verificação
de Performance, em português). O fato dos projetos usarem como parâmetro o
IPMVP permite que cenários que nunca haviam sido imaginados antes, como os que
se veem nos dias atuais, por causa da COVID-19, possam ser dimensionados e
refletidos no resultado.
Normalmente, os cálculos
utilizam o método de comparação ao longo do tempo, podendo levar em conta as
condições de operação, como a quantidade de pessoas que trabalham no local e o
horário de circulação delas no ambiente, o tipo de atividade realizada, as
características no edifício, entre outros fatores, do período anterior
(passado), do futuro ou de um marco que funciona como um acordo entre as duas
partes – cliente e empresa fornecedora. Na sequência vêm os processos de
planejamento, medição, coleta e análise dos dados. No caso da opção de contrato
que contempla o passado, por exemplo, são utilizadas as informações de
funcionamento anterior ao projeto. Deste modo, usando como exemplo a situação
que ocorre nos dias e hoje, durante a pandemia, ainda que determinada loja
esteja fechada, a economia será calculada com base no seu horário de
funcionamento normal. Assim, é possível tornar o negócio menos arriscado para o
investidor, que continua com o risco da variação da tarifa e da performance do
projeto.
O segundo tipo de contrato,
que poderíamos dizer que está baseado nas condições de operação e funcionamento
do futuro, leva em conta uma perspectiva do que ainda não existe ou está em
pausa durante a auditoria energética. O consumo de energia será contrastado com
o quanto a unidade deveria consumir de energia, caso o projeto não tivesse sido
executado. Utilizando o mesmo exemplo anterior, no caso de uma loja fechada, a
redução seria zero. Por sua vez, em uma situação de ampliação do horário de
funcionamento, de 12 para 24 horas, seria gerado o dobro da economia estimada.
Neste modelo de negócio o investidor assume, inclusive, o risco de alteração de
operação do cliente, o que pode tornar o contrato mais caro.
Já no cenário onde as
condições de operação são combinadas entre o contratante e o fornecedor
responsável pela implantação do projeto, a definição dessas condições é feita
de maneira conjunta entre as partes, para compartilhar os riscos e reduzir o
custo do contrato. Portanto, a economia é calculada com base na medição das
características dos equipamentos instalados antes e depois do projeto, a exemplo
da performance do ar condicionado ou da potência das luminárias. Tais medições
são utilizadas para estimar o consumo antes e depois do projeto, com base nas
condições pré-estabelecidas. Este é o modelo, em geral, mais fácil de
monitorar, pois reduz o número de variáveis externas que afetam a economia,
portanto, traz mais segurança para ambas as partes.
Analisando os resultados
reais de consumo energético em uma loja pertencente a uma rede de varejo
não-alimentar, que precisou parar o atendimento presencial após o decreto de
isolamento social, em São Paulo, percebeu-se que seus números vinham mantendo
um certo equilíbrio desde o começo do mês de março. No exato momento em que o
Governo do Estado definiu o fechamento das lojas, a fim de evitar circulação de
pessoas, no dia 21 do mesmo mês, notou-se que, logo na data seguinte, não houve
gasto de energia na unidade. À exceção do dia 23, registrou-se uma queda que
fez com que baixasse quase quatro vezes o consumo local. A empresa que utilizei
nesse exemplo conta com um serviço de eficiência energética, baseada no
terceiro modelo de contrato que descrevi acima – o combinado. Por isso, mesmo
na circunstância de uma pandemia, é possível, neste caso, ter o protocolo como
norte, manter as referências do que influencia no consumo de energia e
continuar com o plano traçado de economia.
Gestão de energia e
utilidades integrada alavanca a eficiência energética das empresas.
As adversidades, às vezes
mais graves e em outras mais brandas, surgem pelo caminho de empresas que
trabalham com medição, análise e planejamento, em busca de economia. Quero
destacar, no entanto, a importância do acesso às informações, sem as quais é
impossível se chegar a um estudo claro e efetivo. Somente com dados precisos é
possível oferecer ao cliente a garantia real de economia de energia e certa
previsibilidade, mesmo em tempos difíceis. (canalenergia)
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