Instituto Escolhas defende
decisão racional sobre investimentos, para evitar impactos na limitação de
renováveis.
Os efeitos da pandemia do
coronavírus ampliaram incertezas já existentes em relação à viabilidade
econômica de investir todas as fichas na exploração de gás natural no Brasil, e
é necessário repensar de forma racional qual será o papel do energético na
transição para uma matriz mais limpa. A recomendação é feita em estudo
elaborado pelo Instituto Escolhas, que aponta a ausência de uma avaliação do
custo do investimento necessário para viabilizar a infraestrutura no Brasil,
diante de um cenário que antes mesmo da crise atual já apontava para o excesso
de oferta e a queda dos preços internacionais do gás no mundo.
“Em um contexto de crescente
pressão dos agentes econômicos para ampliar a exploração do gás natural no país
e do entendimento de que caberá ao setor elétrico absorver parte significativa
dessa expansão, é importante que se possa discutir o impacto dessa medida, em
especial na limitação da oferta das fontes renováveis”, aponta documento da
instituição.
Essas pressões internas,
segundo o Instituto, estão expressas no programa do Novo Mercado de Gás e no
Plano Decenal de Energia 2029, que destaca a importância das térmicas a gás na
expansão da matriz elétrica. Na versão do PDE divulgada pelo Ministério de
Minas e Energia as térmicas representarão mais de um terço (23 GW) dos 60 GW em
expansão da capacidade instalada de geração projetada para os próximos dez
anos, considerando novos projetos e o retrofit de UTEs existentes.
O plano decenal considera a
possibilidade de que o preço internacional do Gás Natural Liquefeito (GNL)
usado em termelétricas no país permaneça mais competitivo que grande parte do
gás produzido internamente, o que ampliaria o risco do investimento em
infraestrutura. Para o Instituto Escolhas, além desse fator, existe a questão
da própria viabilidade econômica do preço da energia gerada pelas térmicas a
gás, além da questão ambiental.
“A expansão da participação de termelétricas movidas a gás natural na matriz elétrica brasileira está cercada por incertezas e fatores de riscos. O maior desses riscos é o do aumento das emissões de GEE pelo setor elétrico, um claro retrocesso na transição para zerar as emissões do setor” afirma o texto.
Para o diretor executivo da entidade, Sérgio Leitão, se antes da crise sanitária já era necessária moderação para conter a euforia dos agentes econômicos em relação aos investimentos em expansão do gás na matriz elétrica, ponderar o custo benefício tornou-se fundamental diante dos estragos econômicos causados pela pandemia. Algumas perguntas básicas sobre custo de investimento, taxa de retorno, tempo de amortização e manutenção da atividade no horizonte de médio e longo prazos também terão de ser respondidas. Para o especialista, é importante considerar a possibilidade de que um avanço de fontes limpas de energia torne todo a infraestrutura de transporte e de processamento do gás ultrapassada.
“A expansão da participação de termelétricas movidas a gás natural na matriz elétrica brasileira está cercada por incertezas e fatores de riscos. O maior desses riscos é o do aumento das emissões de GEE pelo setor elétrico, um claro retrocesso na transição para zerar as emissões do setor” afirma o texto.
Para o diretor executivo da entidade, Sérgio Leitão, se antes da crise sanitária já era necessária moderação para conter a euforia dos agentes econômicos em relação aos investimentos em expansão do gás na matriz elétrica, ponderar o custo benefício tornou-se fundamental diante dos estragos econômicos causados pela pandemia. Algumas perguntas básicas sobre custo de investimento, taxa de retorno, tempo de amortização e manutenção da atividade no horizonte de médio e longo prazos também terão de ser respondidas. Para o especialista, é importante considerar a possibilidade de que um avanço de fontes limpas de energia torne todo a infraestrutura de transporte e de processamento do gás ultrapassada.
“Isso não é uma fantasia. Nos
Estados Unidos, onde já tinha estrutura [de dutos e terminais] feita e o investimento já se
pagou, tem questionamento sobre em que momento essa infraestrutura lá vai ficar
obsoleta”, afirma Leitão.
Para o executivo, o cenário
de cataclisma resultante da pandemia “eleva à máxima potencia” todos os
questionamentos que poderiam ser feitos antes mesmo da crise do coronavírus,
quanto já havia gás sobrando no mundo e uma pressão muito forte dos Estados
Unidos para que o Brasil adquirisse parte do gás que o país produz em
abundância. Por isso, acrescenta, é preciso parar tudo e verificar, do ponto de
vista do Brasil , qual é o investimento que vai compensar em um cenário de
crise econômica, “para que país não entre em uma aventura que lhe custe muito
caro e o deixe absolutamente desprovido de uma inserção no contexto das fontes
energéticas que vão mover a economia do mundo” e “fora do jogo, porque fez a
aposta errada, na hora errada, de uma fonte errada.”
“Esse estudo coloca essas
discussões e pede do setor elétrico, do setor de óleo e gás e da sociedade uma
discussão para que a gente não desperdice um investimento que vai fazer muita
falta, ainda mais agora que a gente está numa crise de recursos ainda mais
avassaladora do que estava no final do ano passado.”
Não se trata, segundo o executivo, de abandonar o programa do gás, mas decidir em que proporção ele fará parte da transição energética. A decisão terá de considerar o que é mais importante estrategicamente, levando em conta o custo benefício da exploração interna, o custo de importação do produto, a criação de uma eventual situação de dependência energética externa e, à luz de tudo isso, olhar as tendências no mundo em relação à mudança para uma matriz mais limpa.
Nenhum plano de governo até o momento explicita quando essa transição energética se iniciará, até quando o gás será utilizado, e o quanto será destinado a outras fontes para que o país gere no futuro energia mais barata para a todos os setores da economia e da sociedade, critica o executivo. “O momento de repensar esse pacote é agora e o governo precisa dar uma resposta sobre o que ele está chamando de transição, porque é uma transição em que ele não aponta para onde vamos no dia depois de amanha. E se ele não apontar isso, não tem transição. O que você vai criar é uma amarra a uma fonte que depois vai deixar o pais numa posição muito vulnerável diante da competição internacional”. (canalenergia)
Não se trata, segundo o executivo, de abandonar o programa do gás, mas decidir em que proporção ele fará parte da transição energética. A decisão terá de considerar o que é mais importante estrategicamente, levando em conta o custo benefício da exploração interna, o custo de importação do produto, a criação de uma eventual situação de dependência energética externa e, à luz de tudo isso, olhar as tendências no mundo em relação à mudança para uma matriz mais limpa.
Nenhum plano de governo até o momento explicita quando essa transição energética se iniciará, até quando o gás será utilizado, e o quanto será destinado a outras fontes para que o país gere no futuro energia mais barata para a todos os setores da economia e da sociedade, critica o executivo. “O momento de repensar esse pacote é agora e o governo precisa dar uma resposta sobre o que ele está chamando de transição, porque é uma transição em que ele não aponta para onde vamos no dia depois de amanha. E se ele não apontar isso, não tem transição. O que você vai criar é uma amarra a uma fonte que depois vai deixar o pais numa posição muito vulnerável diante da competição internacional”. (canalenergia)
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