Mapeamento
feito por pesquisador da UFSC inclui AP e PA entre os hot spots.
Estudo
recente da Universidade Federal de Santa Catarina sobre o potencial eólico
offshore do Brasil mostra que o recurso existente entre 0 e 100 metros de
profundidade é de 1,3 TW. Considerando a Zona Econômica Exclusiva, que abrange
200 milhas mar adentro a partir da costa, o valor sobe para 7,2 TW de potência
instalada.
O
trabalho realizado pelo professor e pesquisador Felipe Pimenta utiliza um
método de extrapolação vertical que leva em consideração a estabilidade da
atmosfera dos locais estudados e usa uma base de dados mais extensa, que vai de
1987 a 2014. O resultado é mais conservador que o método tradicional (Lei
Logarítimica), com magnitudes 20% menores que a de estimativas que consideram
condições de atmosfera neutra, mas com a vantagem de ter maior precisão.
Pelo
método tradicional, o potencial calculado chega a 9,3 TW. Há, no entanto
redução de cerca de 20% quando se considera a instabilidade atmosférica.
Estimativa da Empresa de Pesquisa Energética, sem a extrapolação vertical, dá
um resultado de 10 TW.
O
mapeamento é a continuação de trabalho iniciado pelo pesquisador em 2008,
durante doutorado nos Estados Unidos. Ele apresenta resultados em função da estação
do ano e da produtividade da turbina por distância da costa e ao longo da
costa, mas sugere a necessidade de medições por um ou dois anos para a
validação dos dados apurados.
O levantamento foi feito ao longo de toda a costa
brasileira, do Amapá ao Rio Grande do Sul, e aponta o que Pimenta chama de hot
spots, que são locais onde com grande potencial de exploração econômica. Esses
pontos estão localizados nos estados do estados do Amapá e do Pará, na Região
Norte; no Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, no Nordeste; Espírito
Santo e Rio de Janeiro, no Sudeste; Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na
Região Sul.
Há
recursos eólicos da ordem de 725 GW em águas mais rasas, entre 0-35m; e de 980
GW entre 0-50 m. Essas profundidades são encontradas no Norte e no Nordeste,
onde a exploração pode ser feita mais próxima à costa. Recursos significativos
também são encontrados no sul para águas mais profundas, onde os ventos são
mais intensos quanto maior a distância do continente. O trabalho identifica
instabilidades atmosféricas no Norte, Nordeste e Sudeste (à exceção da região
de Cabo Frio, no Rio de Janeiro) e estabilidade no Sul.
Um
aspecto interessante já identificado em mapeamentos anteriores é a
complementariedade sazonal significativa entre a costa norte e nordeste do
país. Enquanto a potência dos ventos é maior na costa do PA e AP no verão
(janeiro), no inverno a situação muda, quando ela se intensifica na costa do
PI,CE e RN. “Essa complementariedade sazonal pode ser usada de maneira
eficiente, onde as turbinas estiverem interligadas através da rede de
transmissão”, explica o pesquisador, que chama o movimento de “gangorra do
corredor norte-nordeste”.
Pimenta
afirma que o resultado apurado serve não apenas para atrair investimento, mas
também para planejar incentivos a regiões que não estão tendo ainda propostas
de usinas offshore. Ele dá como exemplo o Amapá e o Pará.
Um
das surpresas da pesquisa foi a constatação de que embora no Nordeste os ventos sejam mais abundantes, nos dois
estados do Norte os recursos são mais
maiores, por causa da extensão da plataforma continental. “São centenas
de quilômetros de largura, enquanto no Nordeste os recursos estão confinados a
um espaço menor, porque a plataforma continental é estreita.”
Em
janeiro do ano passado existiam seis projetos de fazendas eólicas offshore em
licenciamento ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis, para obtenção da licença prévia, incluindo um
projeto da Petrobras. Segundo o roadmap da EPE, “o licenciamento ambiental de
projetos eólicos offshore deve incluir também a linha de transmissão que fará o
escoamento da energia gerada por esses projetos até um ponto de conexão ao
Sistema Interligado Nacional.”
Medição
A pesquisa desenvolvida na UFSC, por meio do Projeto
MovLidar (4068201314), tem o apoio financeiro do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional de
Tecnologia em Energia Fluvial e Oceânica (Ineof) (465672/2014-0). A
universidade obteve recursos para a compra de um equipamento de medição chamado
Lidar, que custa em torno de R$ 550 mil, e foi instalado em um pier costeiro ao
sul de Santa Catarina, onde funciona há mais de três anos.
O
custo é elevado, mais ainda assim muito mais barato que o de instalação de
torres de medição meteorológica, afirma Pimenta. Para o pesquisador, a melhor
maneira de fazer um mapeamento amplo do potencial ao longo da costa, com
campanhas de medição de vento, seria a instalação de uns dez equipamentos desse
tipo. O investimento custaria de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões e poderia ser
financiado pela iniciativa privada. (canalenergia)
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