A
pesquisa foi viabilizada por meio do programa de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D), regulado pela Aneel, e captou aproximadamente R$ 500 mil para os
estudos. A gerente de P&D e Inovação da AES Brasil, Julia Rodrigues, e o
engenheiro e pesquisador da Unilins, Ricardo Molto, conversaram com
exclusividade com a Agência CanalEnergia sobre como isso pode melhorar a
geração de energia e dar mais segurança operacional.
Desde
2017, a companhia tem buscado diversificar o portfólio para diminuir o risco
hidrológico e a fonte solar está no radar. Todavia, essa expansão vem trazendo
novos desafios. “O controle de vegetação é um ponto crítico, não só por gerar
sombra nas placas e reduzir a geração de energia, como também a reduzir o
acúmulo de poeira sobre as placas oriundas das técnicas manuais e mecânicas de
manejo”, diz Júlia.
A executiva lembra que o objetivo não é suprimir totalmente a vegetação, pois isso deixaria o solo exposto a processos erosivos e levantaria mais poeira sobre as placas. “Existe um ponto ótimo entre nível de vegetação e geração e segurança das equipes”.
“O controle de vegetação é um ponto crítico, não só por gerar sombra nas placas e reduzir a geração de energia, como também a reduzir o acúmulo de poeira sobre as placas oriundas das técnicas manuais e mecânicas de manejo”. Julia Rodrigues, da AES Brasil.
O pesquisador
Ricardo Molto, conta que o estudo teve início no mês de setembro e deve durar
cerca de 18 meses. A instituição que o acadêmico representa apresentou as
metodologias de estudo a fim de futuramente definir qual a melhor estratégia.
“Temos
três linhas de estudos dentro de tratamento de superfície: a primeira é a
aplicação com geotêxtil, abafando o crescimento vegetativo e estruturando a
permeabilidade. A outra é a utilização de aglomerantes naturais no solo e a
terceira linha é a substituição de vegetação atual por leguminosas rasteiras”.
Ao fim da pesquisa, a AES e a Unilins devem definir qual dessas três técnicas mais se adequa à operação e depois implantar para todas as usinas solares da companhia. Molto conta que o perfil de pesquisa da instituição aplicada à prática e ao mercado tem como objetivo futuro a replicação da melhor solução a outros parques que tenham características semelhantes.
“Temos três linhas de estudos dentro de tratamento de superfície: a primeira é a aplicação com geotêxtil, abafando o crescimento vegetativo e estruturando a permeabilidade. A outra é a utilização de aglomerantes naturais no solo e a terceira linha é a substituição de vegetação atual por leguminosas rasteiras”. Ricardo Molto, da Unilins.
Solução
tropical
Outro
perigo com o crescimento descontrolado da vegetação é a ocorrência de incêndios
pelo acúmulo de matéria orgânica seca. Julia Rodrigues, da AES Brasil, conta
que acidentes assim já ocorreram e a ideia é prevenir e diminuir a incidência e
a gravidade dessas ocorrências, além de zelar pela segurança dos colaboradores
e das comunidades locais.
Ricardo
Molto, da Unilins, observa que as características tropicais do Brasil precisam
de projetos adaptados à nossa realidade. “Temos uma intensidade de chuvas muito
grande e volumosa, mas também uma estiagem muito grande. Isso faz com que
aumente os processos erosivos e cresça biomassa que pode virar um combustível
na época de seca”.
Soma-se que os componentes eletrônicos podem gerar fagulhas e provocar incêndios que, além do dano material e financeiro, podem causar imensos impactos ambientais ao bioma que a planta está inserida.
Crescimento descontrolado da vegetação pode provocar incêndios pelo acúmulo de matéria orgânica seca
Eficiência
energética
Ricardo
conta que esses complexos solares de Guaimbê, Boa Hora e Água Vermelha estão
inserido em uma região de transição de Mata Atlântica e cerrado com uma
característica grande de sazonalidade pluviométrica e calor intenso.
Ele lembra que apesar das placas funcionarem bem com a radiação solar, elas perdem eficiência em altas temperaturas. O acadêmico explica que outra solução é “manter a permeabilidade natural do solo, mantendo a refrigeração”.
Outro ponto é que projetos solares de outras regiões do mundo inseridos no contexto brasileiro precisam de adaptação às condições climáticas brasileiras. Na avaliação de Molto, “o Brasil ainda está aprendendo a implantar parques solares com alta eficiência apropriada ao nosso ecossistema e clima”, finaliza. (canalenergia)
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