O resultado é um cenário
preocupante porque o planeta já se aproxima muito do prazo para que as emissões
dos combustíveis fósseis comecem a cair, ao invés de aumentar, a tempo de não
estourar esse chamado “orçamento de carbono”.
A marca de 1,5°C foi a
escolhida para balizar o estudo porque está contida no Acordo de Paris para
redução de emissões de gases do efeito estufa, assinado em 2015. O próprio
IPCC, porém, já mostrou que é praticamente impossível o planeta ficar abaixo
desse limite até o fim do século.
Em artigo na revista Nature,
o grupo britânico descreve o quão rápida precisa ser a redução da produção e do
consumo de combustíveis para atingir o objetivo.
“Estimamos que a produção de petróleo e gás precise se reduzir globalmente em 3% ao ano até 2050”, afirma o estudo, liderado pelo economista Dan Welsby. “Isso significa que a maior parte das regiões precisaria atingir o pico da produção agora ou durante a próxima década, o que inviabilizaria muitos projetos de combustíveis fósseis, planejados ou já em operação”.
Isso não significa que os grandes produtores vão de fato seguir neste caminho, mas o novo estudo dá uma ideia do tamanho do custo de oportunidade envolvido na negociação do clima. No caso do petróleo, ele representaria, em preços de hoje (cerca de US$ 70 o barril), uma renúncia de US$ 50 quatrilhões.
A boa notícia é que esse
custo deve se alterar no futuro com a flutuação do preço do barril, a
competição com energias renováveis e regulações que entrarão em vigor, como o
próprio Acordo de Paris. O tamanho da cifra, porém, assusta.
Welsby afirma que o preço de
abandonar o petróleo difere em distintas regiões do mundo, em função da
capacidade atual de exploração, dos compromissos de redução e do custo de
exploração. Na América Latina, por exemplo, os cientistas calculam que 73% das
reservas (que incluem o pré-sal brasileiro) devem ficar debaixo do solo num
cenário de redução de emissões suficiente para impedir o 1,5°C.
Para Suzana Kahn Ribeiro, professora da Coppe-UFRJ, mesmo com várias empresas de petróleo já aumentando investimentos em renováveis, isso não significa que o pré-sal seria necessariamente comprometido no contexto de um acordo do clima ambicioso. Há investimento para tecnologias de captura de carbono, que pode vir a vingar.
“O conteúdo de emissão de carbono associado a cada barril de petróleo vai fazer diferença no seu preço. Existem metas para intensidade de carbono na exploração e produção. O Brasil segue isso, e está alinhado com outras empresas”, completa. (biodieselbr)
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