Os maiores potenciais de redução da demanda no lado da oferta são:
Repotenciação de usinas hidroelétricas
No PDEE, não há menção à repotenciação das centrais geradoras existentes, mesmo que estudos reconhecidos já tenham sido desenvolvidos pelo IEE (Instituto de Eletrotécnica e Energia) da USP, UNICAMP e pelo WWF indicando possibilidades de repotenciação e de novos conceitos para realização de despachos de usinas que poderiam aproveitar melhor o sistema de reservatórios de bacias hidrográficas em coordenação com a operação de termoelétricas existentes.
Um estudo da UNICAMP calculou que a repotenciação (recuperar equipamentos desgastados de usinas com mais de 20 anos: turbinas, gerador, rotor) acrescentaria mais de 11 mil MW de potência, quase tudo o que o PAC planeja acrescentar até o final de 2010, e praticamente o dobro das duas usinas do Madeira, que terão uma potência de 6.500 MWh, em torno de 4.000 MW médios de energia firme. O custo por MW da repotenciação é de 1/3 a 1/5 do custo do MW de uma usina nova. Segundo cálculos realizados o custo total de repotenciação das 67 usinas seria R$ 5,4 bilhões para 8 mil MW. O custo inicial das usinas do Rio Madeira seria R$ 25,72 bilhões, além do custo adicional estimado entre R$ 10 e R$ 15 bilhões para as linhas de transmissão. A repotenciação não implica em nova obra civil, pois não há nenhuma modificação no ponto de vista ambiental e social.
Essas melhorias poderiam acrescentar até 10% do total de energia gerada com a mesma capacidade instalada de geração hidrelétrica.
Os maiores obstáculos para um avanço do mercado da repotenciação são de ordem normativa e cultural. No primeiro caso, as geradoras são penalizadas caso não assegurem a energia firme proposta nos contratos, uma vez que a modernização dos equipamentos implica em indisponibilidade na faixa entre três e quatro meses. O outro ponto é o político, pois a reforma de uma usina não tem a mesma visibilidade que pode ser obtida por meio de uma obra nova. A modernização das usinas não elimina a necessidade de novas plantas, porém abre espaço para uma redução em escala da busca de novos projetos, de forma incisiva.
Redução de perdas no sistema de transmissão e distribuição
As perdas na transmissão e distribuição de eletricidade são consideráveis no país devido às longas linhas de transmissão e dificuldades de correto dimensionamento e manutenção da rede básica e dos transformadores, em grande parte, das empresas de eletricidade. O Tribunal de Contas da União afirma que o Brasil perde pelo menos entre 16% a 17% da energia que gera, principalmente na cadeia de transmissão e distribuição, quando um índice de perdas de 8% em 2020 poderá ser conseguido, por exemplo, através dos investimentos em P&D das concessionárias e do próprio CTEnerg.
Sistemas de co-geração e geração distribuída
A crescente preocupação com qualidade de energia e segurança e confiabilidade de suprimento tem estimulado o desenvolvimento e comercialização de tecnologias que possibilitam a geração e distribuição descentralizada de eletricidade e assim a redução de custos com a transmissão e, consequentemente, os impactos ambientais associados a esses empreendimentos. A produção combinada de calor e eletricidade, com enorme potencial, é sub-explorada no país. A contribuição da co-geração e geração descentralizada poderia atingir 10 a 15% da capacidade instalada em 2010. Estima-se também que em 2020, 26% da geração de energia ocorrerão através de sistemas de cogeração e geração distribuída, sendo 22% a partir de fontes renováveis e o restante com sistemas a gás natural.
Melhoria de eficiência de termelétricas
A maior parte das termelétricas construídas no país são usinas de ciclo aberto, o que significa uma eficiência de cerca de 35%, em lugar de usinas de ciclo combinado que podem chegar a 60-65% de eficiência.
Florestas energéticas
Só no Nordeste do Brasil, poderiam vir a ser produzidos mais de 22.500 MW médios, segundo estudos realizados por técnicos e engenheiros da CHESF, com a plantação de florestas energéticas.
Potenciais de redução da demanda no lado do consumo:
Como já foi dito, não se pode considerar metas de redução de consumo de energia elétrica sem uma revisão da política industrial que beneficia a ampliação de setores eletrointensivos produtores de bens de baixo valor agregado para exportação. As indústrias que compõem o setor eletrointensivo consomem cerca de 30% da energia do país, geram pouco emprego e causam grandes danos sociais e ambientais. Enquanto isso existe no Brasil cinco milhões de domicílios sem energia elétrica, cuja demanda, para ser atendida, necessitaria da produção de 800 MW de energia, o equivalente a soma do consumo de apenas três indústrias de alumínio no Brasil. (EcoDebate)
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