Energia solar poderá se tornar competitiva em relação a
outros sistemas de geração até 2020
Captação solar começa a ficar viável – Sistema pode se
tornar competitivo em dez anos, mas já existem grandes projetos sendo
iniciados, como o de Coremas, na Paraíba
Fonte geradora de eletricidade ainda pouco desenvolvida no
Brasil, a energia solar poderá se tornar competitiva em relação a outros
sistemas de geração até 2020, estima a Agência Internacional de Energia (AIE).
A energia solar é a mais limpa e renovável das fontes
energéticas. O que precisa ser desenvolvida é uma tecnologia mais barata que
permita a produção em larga escala, a custos abaixo das fontes convencionais,
como, por exemplo, a hidrelétrica, base da geração brasileira.
Dados da AIE indicam que a capacidade global de geração de
energia solar tem aumentado cerca de 40% ao ano desde 2000. Pelos cálculos da
entidade, em 2050 essa matriz responderá por 11% da produção total de
eletricidade no planeta.
No Brasil, a produção da energia solar ainda é reduzida, mas
o potencial é expressivo. São produzidos hoje no País 2 megawatts (MW) por ano
em programas experimentais. Os projetos destinam-se, principalmente, ao
abastecimento de regiões desassistidas pela rede tradicional de energia
elétrica, em razão do isolamento.
Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
Maurício Tolmasquim, embora ainda não tenha ingressado em uma faixa
competitiva, o preço da energia solar tem caído bastante. “O Brasil registra um
alto índice de insolação, que se mantém mais ou menos constante durante o ano.
O preço ainda é caro, não competitivo, em torno de R$ 200 o megawatt/hora”,
afirma. “A energia solar vai crescer, é uma questão de tempo.”
Tolmasquim procura fazer uma comparação entre o nível atual
de geração de energia solar com o de energia eólica (gerada pela força dos
ventos) anos atrás. “A mesma coisa que aconteceu com a energia eólica.
Começamos com R$ 300 o megawatt/hora. Hoje sai por R$ 100. Ainda vai acontecer
algo parecido com a energia solar em um horizonte de dez anos.”
A energia solar chega ao planeta nas formas térmica e
luminosa. A irradiação seria suficiente para atender milhares de vezes o
consumo anual de energia do mundo, mas sua atuação sobre a superfície varia
conforme a latitude, a estação do ano e as condições atmosféricas.
Ao ser absorvida pelos sistemas de captação, a irradiação do
sol converte-se em calor, matéria-prima das usinas termoelétricas para produzir
eletricidade. O local da usina precisa ter alta incidência de irradiação, com
poucas nuvens e chuvas, como acontece em parte do Nordeste brasileiro,
especialmente na região do semiárido.
Coremas. A companhia brasileira Rio Alto Energia focou
investimentos em um projeto de usina solar em complemento com biomassa na
cidade de Coremas, no sertão da Paraíba. Também viabiliza a implantação de uma
unidade de 20MW na região do Vale do Jequitinhonha (norte de Minas Gerais). O
investimento em Coremas é de R$ 325 milhões.
Como Tolmasquim, o executivo Erico Evaristo, membro do
Conselho Administrativo da Bolt Energias, vislumbra a possibilidade de
crescimento expressivo da energia solar nos próximos anos. Ele destaca os
projetos de implantação de sistemas de geração distribuída, que poderão
baratear as contas de energia. Os projetos preveem que durante o dia as placas
captam a energia solar. Se o consumidor não usa toda a energia apreendida, o
excedente passa para a rede de energia convencional. A tarifa é cobrada com
descontos calculados com base na energia solar transferida. “Para isso, é
preciso ter medidores especiais. Calculo que seja um investimento para 20 anos.
A construção de usinas solares não é viável hoje, mas a eólica não era há cinco
anos.” (EcoDebate)
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