Residência com painel de energia solar terá desconto na
conta de luz
Ambiente. Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica que entra em
vigor hoje estimula a microprodução de energia ao permitir que consumidor que
tenha painel solar ou gerador eólico em casa reivindique sua integração à rede
elétrica comum.
A partir de hoje, o
consumidor disposto a produzir a própria energia em casa no País terá respaldo legal
para reivindicar sua integração à rede elétrica comum. Com a promessa de
reduzir custos na conta de luz dos interessados, a norma da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) é a aposta do mercado de energia solar para
impulsionar o setor, que ainda esbarra no alto custo dos equipamentos.
A expectativa é de
que em 2013 a ampliação nas vendas de painéis fotovoltaicos reduza os gastos
com a instalação - atualmente, o sistema completo custa, em média, R$ 25 mil.
"Nos últimos três anos, o preço caiu pela metade. Com a comercialização em
escala, a tendência é que diminua ainda mais nos próximos anos", diz Luis
Felipe Lima, proprietário da Minha Casa Solar.
A empresa de Lima,
como a maioria em atividade, é especializada em fornecer painéis para casas situadas
em áreas rurais, que usam baterias para armazenar a energia produzida. Com a
nova regulamentação, abre-se a possibilidade de que a geração de energia seja
absorvida nas cidades pela rede elétrica, em um sistema de compensação.
"Durante o dia, com um consumo normalmente reduzido de eletricidade, a
residência será fornecedora da rede", explica Lima.
A ideia é que, no
fim do mês, a soma da energia enviada para a rede seja equivalente à quantidade
consumida. O valor pago na conta de luz será apenas a diferença - caso haja
excedente, a energia produzida a mais será usada como crédito nos meses
seguintes. As regras, porém, ficam a critério da concessionária.
A AES Eletropaulo,
principal distribuidora da capital paulista, determina que esses créditos sejam
usados em até 36 meses. Dessa forma, períodos de muito sol fornecem créditos
para serem usados em época de pouca geração. A empresa afirma que começou a
atender os pedidos de acesso dos clientes desde sábado.
Com as diretrizes
definidas, o setor espera agora facilidades para atrair interessados. "A
regulamentação foi um passo fundamental, mas temos de pensar em incentivos a
financiamento dos equipamentos e políticas de atração de fabricantes para o
País", diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha Clima e Energia do
Greenpeace.
Tecnologia
nacional. Todos os equipamentos para a produção de energia solar são
importados. Professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o engenheiro
eletricista Marcelo Villalva desenvolveu em seu projeto de doutorado na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) o primeiro inversor eletrônico nacional para
sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica. O aparelho injeta na rede a
energia produzida pelas placas e permite o uso simultâneo dos dois sistemas.
Ele explica que, no
exterior, a autoprodução de energia residencial é feita em larga escala.
"Na Itália, Alemanha e Inglaterra, há subsídios financeiros para quem
produz energia limpa. Em alguns Estados americanos, o sistema de crédito de
energia já é realidade há muito tempo", afirma Villalva. "O que se
espera é que no Brasil, com o grande potencial natural que tem, esse sistema,
enfim, deslanche."
Ele estima que o
medidor digital para a geração em residências, que será vendido pelas
concessionárias, deverá custar entre R$ 200 e R$ 300. "Uma casa normal, de
duas pessoas, consome em torno de 250 quilowatts-hora por mês e precisaria de
meia dúzia de painéis, com um custo de cerca de R$ 16 mil", calcula
Villalva. "Em São Paulo, levaria cerca de oito anos para amortizar o investimento.
No interior e outros Estados do Brasil, com maiores níveis de insolação, pode
chegar até a três anos." (OESP)
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