O Centro de Proteção Ambiental para
uso da Energia Nuclear, sediado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da
USP irá desenvolver tecnologias, cuidados e procedimentos para a utilização
segura da energia gerada pelos reatores nucleares. Formado por pesquisadores do
IFSC e da Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH) da USP, o grupo também acompanhará os estudos internacionais sobre a técnica de produção de
eletricidade pela fusão nuclear induzida por laser, que não produz resíduo. A
iniciativa conta com o apoio da Eletrobras – Eletronuclear, empresa que
administra as centrais nucleares existentes no país.
“Para cada fonte de energia é
necessário verificar formas de controle e os possíveis danos ambientais que
podem ser causados”, aponta o professor José Eduardo Martinho Hornos, do IFSC,
responsável pelo Centro. Os cientistas desenvolveram o projeto teórico de um
repositório de combustível nuclear usado, a fim estudar questões relacionadas a
energia termonuclear e resíduos, e que poderá servir no futuro para orientar a
construção de instalações destinadas a armazenagem dos rejeitos no Brasil.
De acordo com o professor, apesar
da quantidade de resíduos existentes atualmente no País ser reduzida, ela tende
a aumentar nas próximas décadas. “Na usina Angra II, no Rio de Janeiro, por
exemplo, que tem capacidade de gerar 1 Gigawatt de energia, o volume de
combustível usado todo ano é da ordem de poucos metros cúbicos”, afirma.
“Embora hoje a energia nuclear seja
utilizada, principalmente, para controlar a sazonalidade das usinas hidrelétricas,
o crescimento da economia aumentará a demanda por outras fontes energéticas, o
que deve receber a devida atenção da sociedade desde já”, destaca Hornos.
Reunido no Espaço “Almirante Álvaro Alberto”, existente no IFSC, o grupo
continuará pesquisando o armazenamento de resíduos e também os problemas
ligados à segurança nuclear.
Trabalho educativo – Além do
desenvolvimento de procedimentos de segurança, o Centro também realizará um
trabalho educativo junto a população. “Serão ações que visam desenvolver uma
cultura de atenção ao uso de materiais radioativos, seja na produção de energia
ou em aplicações médicas”, acrescenta Hornos.
A técnica de fusão nuclear, que
pode servir de alternativa ao atual processo de fissão utilizado nas usinas,
ganhou impulso com a utilização de lasers. “Até a década de 1950, tentou-se a
fusão por meio de confinamento magnético, o que apresentava grandes
dificuldades”, conta o professor. “O laser facilitou a aplicação do processo, o
qual é testado em grandes laboratórios nos Estados Unidos, Rússia e China”.
Por meio da técnica, um laser de
alta potência emite 192 feixes sobre uma esfera de deutério-trítio, material
derivado do lítio, promovendo fusão nuclear e a geração de energia. “O processo
é mais robusto e semelhante ao modo com que o Sol e as outras estrelas produzem
energia”, diz Hornos. “O material utilizado é abundante na natureza e a técnica
não gera resíduos de combustível usado”.
Segundo o professor, a utilização
comercial da fusão induzida por laser ainda levará algumas décadas. “As
pesquisas envolvem equipamentos complexos e de grandes dimensões. Nos Estados
Unidos, por exemplo, o orçamento anual para as pesquisas nessa área é de US$ 5
bilhões”, relata. “No caso do Brasil, estão sendo desenvolvidos lasers de alta
potência, necessários para o emprego do método, no Centro Tecnológico da
Marinha e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), além as
pesquisas sobre fusão realizadas no Instituto de Física da USP”.
Em 16 de outubro de 2012, foi
assinado um convênio entre a USP, representada pelo reitor, João Grandino
Rodas, e a Eletrobrás- Eletronuclear, representada por seu diretor-presidente,
Othon Luiz Pinheiro da Silva, para dar suporte às atividades do Centro de
Proteção Ambiental para uso da Energia Nuclear. (ambienteenergia)
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