Conforme os dados
anunciados pelo governo no final do ano passado, a meta é construir 34 hidrelétricas
na próxima década.
Atingido pelos projetos
de hidrelétricas no Rio Tapajós
Conforme o “Plano Decenal de Expansão de Energia 2021”, o Governo prevê a construção de 34
hidrelétricas nos próximos 10 anos, sendo que 15 serão nos rios da Amazônia
(86,5% da potência). Seguindo a atual política de tratamento, milhares de
famílias serão expulsas sem receber seus direitos.
Desde a falta de
abastecimento de energia elétrica em 2001, conhecida como “apagão”, houve um
esforço crescente de convencer a população da necessidade de construção de
hidrelétricas para suprir o consumo.
Entre 2004 e 2012, o
potencial hidrelétrico instalado subiu de 90 GW para 120 GW, um crescimento de
30% na geração de energia. Conforme os dados anunciados pelo governo no final
do ano passado, a meta é construir 34 hidrelétricas na próxima década.
Atualmente, 15 usinas
hidrelétricas (UHEs) se encontram em construção no país, somando cerca de 22.00
MW de potência. Outras 19 UHEs, que somam 19.700 MW, estão na lista para serem
leiloadas.
Também serão
construídas dezenas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas
hidrelétricas de pequeno porte, que poderão acrescentar mais 2.500 MW de
potência até o ano de 2021. Além disso, outras 29 UHEs, com potencial de 8.900
MW, estão em “estudo de viabilidade” e também poderão entrar nos planos de
leilões.
Entretanto, diversos
especialistas, organizações e movimentos sociais ligados à energia contestam
essa política de geração voltada para atender os interesses dos grandes
consumidores eletrointensivos, exportadores de produtos de matéria prima.
Em 2009, segundo o
professor da USP, Célio Bermann, cerca de 30% da energia elétrica produzida no
país foi consumida por seis ramos de grandes consumidores industriais –
cimento, ferro-gusa e aço (siderurgia), ferro ligas, não ferrosos (alumínio),
química, papel e celulose.
São produtos que se
utilizam de muita energia, geram um grande impacto social e ambiental, não
agregam valor e são destinados à exportação.
O questionamento
fundamental sobre as usinas tem sido “para que? e para quem?”. Já que, na atual
forma de organização da política energética percebe-se que por trás estão
grandes empresas mundiais de máquinas e equipamentos, construtoras, empresas de
energia e grandes consumidores industriais eletrointensivos, que lucram com a
construção das usinas, com a venda da energia e com a exportação de
eletrointensivos.
População atingida
poderá chegar a 250 mil
O governo estima que
apenas 62 mil pessoas serão diretamente afetadas pela totalidade dos projetos,
mas estes dados são contestáveis. Somente em duas hidrelétricas que fazem parte
destes planos, nas usinas de Belo Monte e no projeto de Marabá, são mais de 60
mil pessoas atingidas.
O próprio governo,
até hoje, não possui nenhum cadastro ou levantamento preciso do número da
população atingida por todas estas usinas. Nas já construídas, a realidade
mostra que o número real de atingidos chega a ser quatro vezes maior da
estimativa do governo.
Essas práticas tem
sido constantes e serve para a negação dos direitos dos atingidos pelas
empresas. A ausência de informações mais precisas por parte do governo sobre as
populações que serão vítimas das usinas é a primeira demonstração das violações
de direitos que ali serão cometidos posteriormente.
Área alagada
A área alagada pelos
novos projetos está estimada em 6.456 Km², ou seja, 645 mil hectares. A área é
10% maior que todo território do Distrito Federal. No entanto, este cálculo pode
estar subdimensionado.
Com a crise econômica
mundial, na busca por maiores lucros, as corporações transnacionais estão se
movimentando para retomar a construção de usinas com grande lagos, as chamadas
“usinas de acumulação”. Se o governo ceder ao lobby dos empresários, os problemas sociais e ambientais se multiplicarão.
(ecodebate)
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