quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Smart grid vale a pena onde há altas perdas

Investir em smart grid vale a pena onde há perdas elevadas
Levantamento da Abradee aporta que, na média, aportes em redes inteligentes no Brasil traria VPL negativo para as concessionárias de distribuição.
O atual cenário de redes inteligentes no Brasil não passar de projetos pilotos é um reflexo do atual modelo regulatório que foca na modicidade tarifária e esquece a qualidade da energia. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica apontou que atualmente, na média, não vale a pena o investimento em smart grid para as distribuidoras.
O presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, disse que falta um arcabouço regulatório ao Brasil que inclua um plano nacional de redes inteligentes, assim como os Estados Unidos fizeram. Segundo as contas da entidade em uma simulação em três cenários diferentes de nível de investimentos totais no país - de R$ 46 bilhões, R$ 65 bilhões e R$ 91 bilhões - o valor presente líquido (VPL) desse projeto no Brasil levaria a um resultado negativo para as concessionárias, ou seja, as empresas teriam prejuízo com a adoção do smart grid com as regras atuais.
"Se o Brasil fosse uma distribuidora única e tivesse que fazer a conta vemos que o VPL é negativo", definiu o executivo. Contudo, afirma que cada concessionária deve fazer as contas para sua realidade.
"Não podemos generalizar, há locais onde se pode ter ganhos com o smart grid. Somente onde há perdas elevadas é que os ganhos com a redução dessas perdas podem compensar os investimentos realizados. Portanto, cada empresa tem que fazer a sua conta para se certificar de que vale a pena investir", afirmou o executivo após sua apresentação no Smart Grid Forum, evento realizado em São Paulo em 26/11/13.
Esse levantamento considerou um projeto por um período de tempo de 15 anos de depreciação, já descontando o tempo de implantação da rede. Apesar desse resultado, o presidente da Abradee destacou que esse não se trata apenas de um problema econômico apenas, depende ainda de ajustes regulatórios e tecnológicos. Mas, no final há um incremento tarifário que resulta desses aportes.
O principal fator, no entanto, reconhece ele, está na parte que cabe ao regulador. Algumas iniciativas que poderiam reverter o cenário e incentivar o crescimento dos projetos de redes inteligentes estão no reconhecimento dos investimentos em smart grid e na definição do prazo adequado para a captura desses investimentos. Outro ponto a ser alterado é a depreciação dos equipamentos que deve ser mais acelerada do que o considerado para fios, postes e outros ativos.
Outro ponto nevrálgico está na remuneração dos investimentos que não poderiam ser a cada cinco anos no caso de concessões renovadas. Deveria haver a possibilidade da recuperação desses recursos em um período entre as revisões tarifárias.
Em sua análise, já que a o governo privilegia a modicidade tarifária, a adoção de políticas públicas para o incentivo em redes inteligentes por meio da desoneração dos investimentos poderiam ser uma alternativa viável para minimizar o impacto sobre as tarifas. Ele lembrou ainda que metade do valor da conta de energia ainda é composto por impostos e tributos. (canalenergia)

Nenhum comentário: