Investir em smart grid vale a pena onde há perdas elevadas
Levantamento da Abradee aporta que, na média, aportes em
redes inteligentes no Brasil traria VPL negativo para as concessionárias de
distribuição.
O atual cenário de redes inteligentes no Brasil não passar de projetos pilotos é um reflexo do atual modelo regulatório que foca na modicidade tarifária e esquece a qualidade da energia. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica apontou que atualmente, na média, não vale a pena o investimento em smart grid para as distribuidoras.
O atual cenário de redes inteligentes no Brasil não passar de projetos pilotos é um reflexo do atual modelo regulatório que foca na modicidade tarifária e esquece a qualidade da energia. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica apontou que atualmente, na média, não vale a pena o investimento em smart grid para as distribuidoras.
O presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, disse que falta um
arcabouço regulatório ao Brasil que inclua um plano nacional de redes
inteligentes, assim como os Estados Unidos fizeram. Segundo as contas da
entidade em uma simulação em três cenários diferentes de nível de investimentos
totais no país - de R$ 46 bilhões, R$ 65 bilhões e R$ 91 bilhões - o valor
presente líquido (VPL) desse projeto no Brasil levaria a um resultado negativo
para as concessionárias, ou seja, as empresas teriam prejuízo com a adoção do
smart grid com as regras atuais.
"Se o Brasil fosse uma distribuidora única e tivesse que fazer a
conta vemos que o VPL é negativo", definiu o executivo. Contudo, afirma
que cada concessionária deve fazer as contas para sua realidade.
"Não podemos generalizar, há locais onde se pode ter ganhos com o
smart grid. Somente onde há perdas elevadas é que os ganhos com a redução
dessas perdas podem compensar os investimentos realizados. Portanto, cada
empresa tem que fazer a sua conta para se certificar de que vale a pena
investir", afirmou o executivo após sua apresentação no Smart Grid Forum,
evento realizado em São Paulo em 26/11/13.
Esse levantamento considerou um projeto por um período de tempo de 15
anos de depreciação, já descontando o tempo de implantação da rede. Apesar
desse resultado, o presidente da Abradee destacou que esse não se trata apenas
de um problema econômico apenas, depende ainda de ajustes regulatórios e
tecnológicos. Mas, no final há um incremento tarifário que resulta desses
aportes.
O principal fator, no entanto, reconhece ele, está na parte que cabe ao
regulador. Algumas iniciativas que poderiam reverter o cenário e incentivar o
crescimento dos projetos de redes inteligentes estão no reconhecimento dos
investimentos em smart grid e na definição do prazo adequado para a captura
desses investimentos. Outro ponto a ser alterado é a depreciação dos
equipamentos que deve ser mais acelerada do que o considerado para fios, postes
e outros ativos.
Outro ponto nevrálgico está na remuneração dos investimentos que não
poderiam ser a cada cinco anos no caso de concessões renovadas. Deveria haver a
possibilidade da recuperação desses recursos em um período entre as revisões
tarifárias.
Em sua análise, já que a o governo privilegia a modicidade tarifária, a
adoção de políticas públicas para o incentivo em redes inteligentes por meio da
desoneração dos investimentos poderiam ser uma alternativa viável para
minimizar o impacto sobre as tarifas. Ele lembrou ainda que metade do valor da
conta de energia ainda é composto por impostos e tributos. (canalenergia)
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