Barcos movidos a energia solar competem em Búzios
Além da regate, que será disputada por universitários de
oito estados do país, evento vai ter palestras e debates sobre a importância do
uso de fontes limpas.
Como uma corrida de barcos em Búzios pode
auxiliar no desenvolvimento de uma matriz energética mais limpa para o Brasil?
A resposta está no Desafio Solar Brasil, que reunirá 350 universitários de oito
estados para uma regata entre embarcações movidas a energia solar, na Orla Bardot,
entre os próximos dias 12 e 16.
O objetivo do evento — promovido pela UFRJ,
em parceria com a concessionária Ampla e apoio da Prefeitura de Búzios — não é
apenas premiar vencedores. Além do esporte, o Solar Brasil tem como eixos a
inovação e a educação. “Durante a competição, há palestras e debates que ajudam
na conscientização sobre a necessidade do uso de fontes renováveis”, diz Weules
Correia, porta-voz do Solar Brasil.
Equipe da UFRJ vai participar do Desafio
Solar Brasil. Embarcação está sendo montada pelos estudantes no Polo Náutico do
campus Fundão.
E não são só universitários e professores que
participam do evento. Na edição deste ano, cada equipe contará com dois alunos
da rede municipal de Búzios atuando como estagiários. “Dividir nossa
experiência com as crianças será uma maneira excelente de difundir
conhecimentos pela população”, garante o estudante de engenharia mecânica da
UFRJ e piloto da equipe Solar Brasil, Alessandro Sá.
Para Alexandre Alho, coordenador do Polo
Náutico da UFRJ, no campus do Fundão, onde a Solar Brasil construiu seu barco nos
últimos três meses e meio, a transmissão do saber não pode se restringir aos
jovens de Búzios. “Estudantes de universidades públicas são formadores de
opinião e têm obrigação de disseminar informações”, diz.
A inovação fica por conta das 23 equipes participantes.
“Um dos times, por exemplo, criou um barco com mais de seis metros que é
controlado através de um tablet, em terra”, conta Weules. Mais do que
construir uma embarcação fora do convencional, os projetos desenvolvidos são um
pontapé inicial para ações práticas no campo da energia limpa. “Ideias como a
dos pequenos barcos solares que têm atuado no transporte de passageiros na
Lagoa da Barra podem sair de competições como essa”, diz Alho.
Búzios já foi cenário de cinco edições
anteriores da regata, que é versão brasileira de evento na Holanda.
Atuar na produção de tecnologia para a
geração de energia renovável, aliás, já é uma realidade para parte dos
integrantes da Solar Brasil. “Três dos nossos estudantes voltaram de competição
na Holanda com intenção de montar empresa no campo da energia solar e já estão
trabalhando. Ótimo para o país avançar no tema”, completa.
A regata, que está na 6ª edição, é a versão
brasileira do Frisian Solar Challenge, na Holanda, o principal evento europeu
para barcos solares.
Competição quer mostrar vantagens da energia
renovável
De 2008 a 2012, a geração de energia elétrica
a partir de fontes renováveis, como a solar e a eólica, aumentou cinco vezes no
Brasil, passando de mil para 5 mil gigawatts/hora. Porém, a energia limpa ainda
é incipiente, respondendo por menos de 1% na matriz energética nacional.
O Desafio Solar Brasil tem como objetivo
mudar esse cenário. “A competição torna acessível e desmistifica alguns pontos
da produção de energia renovável. Além disso, ela mostra às pessoas que este
mundo está bem perto da casa delas”, diz Weules Correia, porta-voz do desafio.
Já para Alexandre Alho, professor da Escola
Politécnica da UFRJ, o Brasil está bem posicionado para aumentar a fatia das
fontes renováveis na matriz energética. “As perspectivas são ótimas, pois as
nossas condições climáticas são ideais para uso de energia solar e eólica”,
analisa o coordenador do Polo Náutico da universidade. O que ainda trava
os avanços do país no tema seria a falta de planejamento e apoio. “Muitas
vezes, boas ideias acabam interrompidas por limitações orçamentárias. É preciso
reverter essa situação”, conclui Alexandre. (odia)
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