domingo, 16 de novembro de 2014

Horário de ponta no Verão 2015 preocupa o setor

Reservatórios mais baixos do que em 2014 reduzem a capacidade de atender picos de demanda se país tiver novamente altas temperaturas no ano que vem.
O cenário para 2015 preocupa o setor. O início do ano que vem representará um desafio ao país porque os reservatórios estarão mais baixos do que neste ano e se forem observadas as altas temperaturas vistas no verão de 2014 a tendência é de dificuldades no atendimento da demanda de ponta. Apesar de o governo ter indicado que o risco de qualquer déficit estar dentro do planejamento do CNPE, de 5% para o Sudeste/ Centro-Oeste, o sistema pode não ser suficiente caso seja verificado novos recordes de demanda instantânea.
No ano passado, entre o final de janeiro e a primeira semana de fevereiro, a demanda imediata ficou em cerca de 85 mil MW. E especialistas do setor alertam que mesmo com a economia andando de lado, há um crescimento vegetativo do consumo, originado justamente pela classe residencial e comercial e que podem levar a uma expectativa de aumento da demanda em 6%, na comparação com o ano passado.
De acordo com o consultor Ricardo Savoia, da Thymos Energia, a preocupação é com o atendimento da ponta. A avaliação do CMSE dessa semana de que são necessárias ações conjunturais fica prejudicada porque em sua análise não há muito o que fazer no momento além de estimular a redução do consumo. A forma de se fazer isso é que precisa ser discutida, seja por meio de cortes de carga na madrugada como se levantou a hipótese, ou conceder desconto na tarifa como fez São Paulo pelo uso mais racional da água. “Um eventual racionamento de energia fica mesmo para depois do período úmido. Precisamos ver como terminarão os reservatórios ao final do período úmido”, lembrou ele.
Essa é a mesma posição da PSR. Para o especialista Bernardo Bezerra, o governo já chegou à última fronteira de medida a se tomar para manter o nível dos reservatórios que é a redução das vazões. Segundo ele, agora devemos esperar para ver como será o período úmido para indicar o que poderá ocorrer no ano que vem. Ele diz que no momento seria necessária a redução do consumo que poderia ser alcançada por meio de campanhas de estímulo ao uso consciente.
Segundo Bezerra, a preocupação com o horário de ponta é real, pois está diretamente ligada ao nível dos reservatórios. Ele explicou que quanto menor o nível dos reservatórios menor é a capacidade de geração e atendimento no horário de ponta. “Começaremos 2015 com um nível menor que 2014 e com isso a capacidade de atendimento da ponta cai”, afirmou ele.
Para Eric Rego, da Excelência Energética, uma das formas de redução de consumo até já começou a ser tomada que é o reajuste tarifário da energia. Aumentos na casa de dois dígitos elevam a preocupação da indústria com a conta, mas o problema, apontou ele, é com o segmento residencial, menos sensível a aumentos de tarifa. Para essa classe de consumo a solução no momento seria a de se estabelecer campanhas de racionalização. “Se isso não for suficiente, aí sim passaríamos para a obrigatoriedade de se reduzir o consumo, mas isso, depois do período úmido”, indicou o especialista para quem a decisão de um racionamento poderia ser tomada apenas em março.
Apesar de o risco de qualquer déficit apontado pelo CMSE estar em 5% para a região Sudeste e Centro-Oeste, Rego afirma que as projeções da Excelência são bem mais elevadas. Segundo o último cálculo da empresa, com dados de setembro, esse patamar de risco estava em 25%. Ele explicou que a consultoria considera os atrasos de obras, “um fator que o governo não considera em sua análise”, acrescentou.
Para o presidente da comercializadora CMU, Walter Froes, o sistema já indica que existe a necessidade de corte de carga, mas esse corte ainda poderia ser feito por meio de campanhas de racionalização do uso da energia. “Ainda há espaço para se reduzir a demanda por estímulo às pessoas. Os aparelhos que ficam ligados na tomada em stand by, por exemplo, levariam a uma redução do consumo residencial na ordem de 15% com o simples ato de serem retirados da tomada quando não são utilizados”, apontou.
De acordo com o presidente da Enecel, Raimundo Batista, o atual cenário do setor já indica que o momento de uma campanha de racionalização passou. Em sua avaliação, seria necessário que o governo tomasse medidas impositivas para que o consumo fosse reduzido em todo o país. “A chance é muito grande de o problema ser maior do que o governo indica, a situação está terrível”, avaliou ele.
Segundo ele, o ONS vem fazendo o que pode dentro da ordem que deve ter recebido, inclusive, não admite, com a redução de frequência do sistema para economizar 5% do consumo. Segundo o especialista, é o que dá para se fazer tecnicamente. (canalenergia)

Nenhum comentário: