O mundo
adicionou quase 100 GW de energia solar fotovoltaica (PV) em 2017. O que foi
adicionado em 2017 corresponde a toda a capacidade acumulada global até 2012.
Isto equivale a mais de 7 usinas hidrelétricas de Itaipu construídas em um só
ano.
O
crescimento da energia solar PV tem ocorrido acima de todas as expectativas e
já coloca esta fonte de energia renovável como a de maior crescimento e aquela
que deve apresentar os maiores avanços nos próximos anos, em função da redução
do preço de produção e devido à capacidade de atender a demanda do mercado,
especialmente na produção e distribuição decentralizada.
Enquanto a
energia solar PV aumentou a capacidade anual em 98,9 GW a energia eólica
aumentou sua capacidade anual em 52,6 GW em 2017. O predomínio solar é evidente
e esta fonte de energia renovável tem um futuro brilhante pela frente.
Em 2016, os
três maiores produtores foram China, que adicionou 34,5 GW (representando 45%
do total mundial), Estados Unidos, que adicionou 14,8 GW (representando 19% do
total global) e Japão, que adicionou 8,6 GW (representando 11% do total). Em
2017, a liderança da China foi ainda maior, pois o gigante asiático adicionou
52,8 GW (representando mais da metade da capacidade instalada global), seguida
dos EUA com apenas 11,8 GW (representado 12% do total) e a Índia vindo em
terceiro lugar com 9,6 GW (representando 10% do total).
Nota-se
que no ano passado a China e a Índia (Chíndia) foram responsáveis por quase
dois terços na nova capacidade instalada de energia solar fotovoltaica. Tudo
indica que estes dois países vão continuar na dianteira em 2018.
Como já
destaquei em outras ocasiões, o mundo baseado na energia renovável é
inevitável. Como se diz: “O futuro será renovável ou não haverá futuro”.
Contudo, mesmo que o mundo consiga chegar a 100% de energia renovável em 2050,
a concentração de CO2 na atmosfera (que neste mês de abril de 2018 deve
ultrapassar 410 ppm) pode ir além de 500 ppm até 2050 e tornar o aquecimento
global incontrolável nos limites necessários para evitar uma tragédia.
Além do
mais, existem muitas dúvidas se o aumento da capacidade instalada de energias
renováveis será capaz de funcionar em uma rede inteligente global. Gail
Tverberg considera que existe muita ilusão sendo vendida em nome das energias
“limpas” (ver artigo de 30/01/2017). Todavia, sem dúvida, o avanço da transição
energética é melhor do que a dependência dos combustíveis fósseis.
O sol é um
recurso natural abundante e renovável, mas, certamente, não pode fazer milagres
e nem evitar o imperativo do metabolismo entrópico, como ensina a escola da
economia ecológica. A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga do
Planeta. Como alertou o ambientalista Ted Trainer (2007), as energias
renováveis não são suficientes para manter a expectativa das pessoas por um
alto padrão de consumo conspícuo. Trainer prega um mundo mais frugal, com
decrescimento demoeconômico, onde as pessoas adotem um estilo de vida com base
nos princípios da Simplicidade Voluntária.
O futuro da
Terra pode ser brilhante, mas apenas se houver uma mudança radical do modelo de
produção e consumo hegemônico e se a Era dos Combustíveis Fósseis for superada
pela Era do Sol (do Vento e da água), com redução das atividades antrópicas. O
mundo precisa urgentemente descarbonizar a economia e recuperar os
ecossistemas, além de ampliar as áreas anecúmenas e promover o bem-estar de
todas as espécies vivas do Planeta.
A revolução
necessária vai muito além das energias renováveis e requer o decrescimento
demoeconômico para equilibrar a Pegada Ecológica com a Biocapacidade da Terra.
(ecodebate)
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