Ceará é o primeiro estado a ter biogás injetado nos
gasodutos da distribuidora estadual.
Planta que produz o combustível teve investimento de
R$ 125 milhões e já planeja ampliar a produção para atender a demanda da Cegás
para diversos usos do insumo, inclusive geração térmica.
A Ecometano inaugurou sua segunda usina de biogás
originado de aterros sanitários no país, a GNR Fortaleza. A empresa fechou
parceria com a Ecofor, a administradora do aterro do município de Caucaia (CE)
– e que recebe os resíduos de Fortaleza – para captar o metano gerado por cerca
de 3 mil toneladas de resíduos que são depositados no local. A produção inicial
é de 70 mil metros cúbicos diários do combustível ante uma capacidade de 100
mil m³/dia. E a empresa já espera para ter a ampliação da unidade com o novo
aterro que está em construção na mesma região passando a produzir 150 mil m³ do
insumo. Essa produção passou a ser injetada na rede da distribuidora local de
gás natural, a Cegás.
O investimento total na planta é de R$ 125 milhões
ao somar participação da distribuidora de gás estadual. Desse valor R$ 100
milhões foram aportados pelas sócias no projeto, além da Ecometano, a Marquise
Ambiental. São 240 postos de coleta instalados em uma área de 100 hectares, o
retorno do investimento é estimado em cerca de cinco anos enquanto o contrato
com a Cegás é de 10 anos.
Thales Motta, responsável pela operação da usina a
biogás, calcula que a vida útil dos dois aterros é de 25 anos, sendo de cerca
de cinco anos para o atual ponto de captação de gás e o restante no novo, em
construção e que possibilitará a expansão da produção de biogás, que é
certificado pela ANP em 97% de metano, característica que permitiu a sua
injeção direta na rede de distribuição local.
Atualmente o contrato com a Cegás é de 70 mil m³,
com uma flexibilidade de 15%. Mas a expectativa é de que a ampliação possa ser
absorvida pela distribuidora local. Esse acordo está em negociação entre as
partes. Segundo o presidente da Cegás, Hugo Figueiredo, se não fosse o contrato
com a Ecometano, a empresa estaria com o equilíbrio entre a demanda e o consumo
muito próximos, desconsiderando o uso térmico. Por isso, há o interesse em
ampliar essa disponibilidade do energético para o estado.
Inclusive, destacou ele, o governo local já pensa em
ampliar essa solução para outros aterros. Os mais adiantados são os de Sobral,
Juazeiro e Limoeiro do Norte. Segundo Figueiredo, A possibilidade de expansão
desse tipo de projeto para outras regiões do interior é concreta.
“Para ter uma ideia o crescimento projetado no
mercado não térmico é de 16% e a entrada em operação de um cliente importante a
Companhia Siderúrgica do Pecém aumentou a demanda ao ponto de que se não fosse
o contrato com a GNR estaríamos com nosso acordo com a Petrobras esgotado e
pagando altas taxas de take or pay”, apontou.
Em sua avaliação, com esse modelo de negócio o
estado terá mais condições de ampliar a oferta de gás para usinas térmicas na
região, um ativo que atribui mais estabilidade ao sistema em decorrência do
aumento da geração renovável, campo onde o Ceará tem destaque com um grande
número de projetos tanto solares quanto eólicos.
Aliás as negociações da distribuidora com a coreana
Kogas para uma térmica no estado, movida a GNL continua. Ele classificou os
estudos como avançados, mas a definição do tamanho da usina ainda depende do
que for negociado no A-6 de agosto deste ano.
Uso comercial
A Ecometano não vê, particularmente, muito interesse
em desenvolver negócios com a geração de energia em grande escala com o biogás.
De acordo com o diretor executivo da empresa, Carlos Mathias, a queima do
biogás para a geração de energia destrói valor deste insumo, que pode ser muito
mais bem aproveitado ao ser ofertado ao mercado com o insumo industrial.
Mathias argumenta que o potencial brasileiro de biogás de aterros é de cerca de
20% do que é importado via o gasoduto Brasil-Bolívia, ou seja, algo como 6
milhões de m³ do insumo. Todo esse potencial, estimou seria o suficiente para
colocar em operação apenas 1 GW da fonte térmica.
“Esse volume de capacidade instalada quando
comparada com o tamanho da matriz elétrica nacional é insignificante”,
comparou. Por isso, concordou que o biogás pode ser usado em geração de energia
apenas em alguns projetos mais pontuais de cogeração de menor escala. A unidade
já funciona em caráter experimental desde dezembro de 2017 e atende a uma
demanda da Cerbras, do segmento de cerâmica por meio de um gasoduto dedicado. (canalenergia)
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