Renováveis irão compor 85% da
matriz energética global até 2050, aponta Irena.
Relatório internacional
afirmou que será preciso aumentar em pelo menos seis vezes a agilidade na
adoção das fontes limpas para reduzir emissões e evitar a escalada de ativos
ociosos. Crescimento será de 60%, com destaque para geração solar e eólica.
Em 17/04/18 a sua fala
durante o Diálogo sobre Transição Energética de Berlim, a Agência Internacional
de Energia Renovável – Irena, apresentou o estudo Transformação Energética
Global: Um Roteiro para 2050, no qual aborda possíveis rumos de evolução do
mercado energético global para os próximos 32 anos. Nele são avaliadas algumas
soluções para o setor com vistas à diminuição das emissões de carbono previstas
pelo Acordo de Paris, que devem limitar o aumento da temperatura global em dois
graus.
De acordo com o relatório,
será necessário aumentar a velocidade de adoção das energias renováveis em
escala mundial em pelo menos seis vezes, através da eletrificação dos
transportes e dos sistemas de aquecimento, além da utilização mais direto das
fontes limpas. Estes dois fatores são os principais impulsionadores descritos
no levantamento, podendo atuar em mais de 90% das reduções necessárias de
emissão de CO2 relacionadas à energia.
Assim, a análise da Irena
delineia um cenário no qual as renováveis respondam por dois terços do
consumo final total de energia, com um crescimento de participação deste tipo
de energia no setor – de 25%, em 2017, para 85%, até 2050, principalmente
através do maior desenvolvimento da geração de energia solar e eólica.
“A
energia renovável e a eficiência energética formam a base da solução mundial
para as emissões de CO2 relacionadas à energia e podem fornecer mais
de 90% das reduções de emissão de CO2 relacionadas à energia
necessária para manter o aumento da temperatura global em 2°C”, destacou o
Diretor Geral da Irena, Adnan Z. Amin, que ainda acrescentou: “Se quisermos
descarbonizar a energia global com rapidez suficiente para evitar os impactos
mais severos da mudança climática, as energias renováveis devem representar
pelo menos dois terços da energia total até 2050. A transformação não apenas
apoiará objetivos climáticos, como também resultados sociais e econômicos
positivos em todo o mundo, tirando milhões da pobreza energética, aumentando a
independência energética e estimulando o crescimento sustentável do emprego”.
O estudo também concluiu que
30% a mais de investimentos em energia limpa e eficiência energética até 2050
podem criar mais de 19 milhões de empregos na área, número que superaria as
perdas no segmento de combustíveis fósseis, que teriam 7,4 milhões de vagas
suprimidas com a transformação. Assim, haveria um saldo positivo de 11,6
milhões de novos empregos em energia renovável, eficiência energética e
melhoria da rede e flexibilidade energética.
A ação imediata também
reduzirá a escala e o valor dos ativos ociosos relacionados à energia no
futuro. O relatório prevê até US$ 11 trilhões de ativos de energia ociosos até
2050 – um valor que pode dobrar se a ação sofrer mais atrasos.
“Existe uma oportunidade para
aumentar o investimento em tecnologias de baixo carbono e mudar ainda na nossa
geração o paradigma de desenvolvimento global – passando de escassez,
desigualdade e competição para a prosperidade compartilhada. Essa é uma
oportunidade que devemos aproveitar, adotando políticas fortes, mobilizando
capital e impulsionando a inovação em todo o sistema energético”, avaliou o
Diretor.
O
fato é que os planos atuais dos governos ficam muito aquém das necessidades de
redução das emissões. Segundo a pesquisa, na atual conjuntura o mundo exauriria
seu “orçamento de carbono” relacionado à energia para 2ºC em menos de 20 anos,
apesar do contínuo e forte crescimento nas adições de capacidade renovável. No
final do ano passado, por exemplo, a capacidade de geração renovável mundial
aumentou em 167 GW e atingiu 2.179 GW em todo o mundo – um crescimento anual de
8,3%. No entanto, sem um aumento significativo de escala, os combustíveis fósseis
como petróleo, gás natural e carvão continuarão a dominar a matriz energética
global até 2050.
O alento é que essas
transformações, pertinentes ao compromisso ambiental e sustentável, são técnica
e economicamente viáveis, pois dependem de tecnologias seguras, confiáveis,
acessíveis e amplamente disponíveis. Ou
seja, alternativas não faltam. Para mais informações, basta acessar o relatório
no site da IRENA. (ctee)
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