Sistema Agrovoltaico,
implantado no sertão pernambucano combina painéis solares com o cultivo
agrícola.
A rede Ecolume de pesquisadores
apresentou, durante a 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília,
a maquete do primeiro Sistema Agrovoltaico, implantado no sertão pernambucano.
O projeto, elaborado em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC) combina painéis solares com o cultivo
agrícola, visando a melhoria da produção familiar de energia consorciada com
alimento (vegetal e animal) na Caatinga.
Os painéis fotovoltaicos
instalados também servirão de recipientes para a captação da chuva, além de
gerar a energia solar e bombear a água já armazenada para o cultivo de peixes,
aves, alimentos e vegetais, como verduras, hortaliças e plantas nativas para
vários fins bioeconômicos e reflorestamento.
Os primeiros resultados do
projeto impressionam. Numa pequena área de apenas 24 m², instalado na escola
Serta em Ibimirim/PE, o rendimento anual é de R$ 10.362. O montante consiste na
produção de 130 kg de peixe (R$ 2,6 mil), 750 ovos de galinha (R$ 365), 810
unidades de vegetais (R$ 1,6 mil), 200 mudas de plantas nativas (R$ 3 mil) e
mais R$ 2,4 mil anual com a produção de 4.8 mil KWh das placas fotovoltaicas.
O projeto Ecolume desenvolve
pesquisas liderado pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), buscando
aumentar a resiliência das comunidades que vivem na Caatinga pernambucana, por
meio da geração de renda e da garantia de segurança alimentar, hídrica e
energética. O Ecolume é conduzido pela coordenadora do Laboratório de Mudanças
do Clima do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Francis Lacerda,
corroborando que a população ganha mais com a preservação da Caatinga do que
com sua destruição.
“As visíveis mudanças do
clima vieram para provar isso. O semiárido está ficando árido. As temperaturas
e déficit hídrico crescem. Portanto, a agricultura de sequeiro e até mesmo a
irrigação convencional ficarão ainda mais difíceis e inviáveis. Tal desafio nos
impulsiona a encontrar novos paradigmas onde a produção leva em conta às
potencializadas e a inteligência dos processos naturais. O segredo está em
aprender a aprender com a natureza”, ressalta.
“Numa simulação simples, se o
modelo for replicado numa área maior, de 24 Km² da Caatinga, o que equivale a
10% dos pastos degradados do semiárido, o potencial de rendimento é significativo:
10 bilhões por ano”, adianta Francis, que é climatologista e doutora em
recursos hídricos.
Fábio Larotonda, diretor do
Programa de Desenvolvimento Científico do MCTIC, comenta que diante dos
desafios globais, o Ecolume está desenvolvendo soluções inovadoras baseadas no
clima e na rica biodiversidade brasileira, considerando a correta exploração
bioeconômica através do sistema agrovoltaico na Caatinga.
“A partir da nossa
experiência, a nossa ideia é mostrar à sociedade a possibilidade da segurança hídrica,
energética e alimentar através da bioprodução de alimentos e energia no
semiárido”, disse.
A parceria com o MCTIC,
ocorreu por meio de uma chamada de financiamento do CNPq Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, voltado às questões de água, energia
e alimento.
O
projeto criou um sistema agrovoltaico, composto por um conjunto de placas
fotovoltaicas instaladas sobre uma estrutura de aquaponia com ciclo fechado de
irrigação, permitindo um uso extremamente eficiente de água. Nessa estrutura,
um tanque com tilápias garante a fertilização da água, que, com parte da
energia captada pelas placas, é bombeada e levada para as plantas, criadas em
sistema orgânico de hidroponia.
As plantas, por sua vez,
filtram a água que é redirecionada ao tanque com os peixes. Assim, sem precisar
de muita água, o beneficiário tem proteína animal e vegetais orgânicos para se
alimentar e comercializar o excedente, e energia elétrica para realizar suas
atividades diárias. (portalsolar)
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