Para o vice-presidente sênior de relações externas da Hydro na América do Sul, Anderson Baranov, as energias renováveis têm potencial para serem competitivas, tanto do ponto de vista financeiro, como do ponto de vista ambiental, especialmente no Brasil. “O país reúne as características ideais para ser um importante agente global no mercado de energias renováveis e, no mundo atual, é impossível pensar no futuro das indústrias sem pensar em energia renovável”, disse.
Alinhada ao cumprimento do Acordo de Paris e para contribuir com a mitigação do aumento da temperatura do planeta, a Hydro firmou o compromisso de atingir emissões neutras de carbono na produção de seu alumínio até 2050. “Para atingir as metas, as operações no Brasil têm papel fundamental. Neste cenário, a mudança da matriz energética da Alunorte, a maior refinaria de alumínio do mundo fora da China, localizada no Pará, é estratégica. A Hydro está implantando uma série de ações para remover totalmente o uso do carvão na Alunorte até 2030, tornando a planta líder mundial em redução de emissões. Estão sendo estudadas outras fontes de energia para as operações, como o hidrogênio verde e uso de biomassa a partir do caroço do açaí, cuja polpa é produzida em larga escala no Pará”, ressaltou Baranov.
Segundo o vice-presidente
sênior de relações externas, a Hydro Alunorte assinou dois contratos de compra
de energia (PPA, na sigla em inglês) para consumo de energia solar e eólica de
dois projetos. Um deles é o “Mendubim”, projeto solar de 531 megawatts (MW),
que está sendo realizado em uma parceria entre as empresas de energia renovável
Hydro Rein, Scatec e Equinor ASA. As empresas assinaram um PPA de 20 anos em
dólares americanos com a Alunorte, que consumirá aproximadamente 60% da energia
produzida. O outro é o “Ventos de São Zacarias”, um projeto de energia eólica
de 456 MW. Localizado nos estados do Piauí e Pernambuco, o projeto será
construído em um dos maiores clusters de parques eólicos da América Latina.
“Com esses dois contratos assinados, a Hydro Alunorte pode continuar investindo
na implementação de caldeiras elétricas em sua operação”, ressaltou.
Ele ainda destacou que a
Alunorte que já é uma das mais eficientes em energia, está buscando várias
oportunidades para substituir o carvão até 2030 e tornar-se a refinaria com as
menores emissões do mundo. “As principais oportunidades sendo analisadas para
determinar o melhor caso comercial são: biomassa, hidrogênio renovável e maior
eletrificação, com a instalação das caldeiras elétricas”.
A Hydro também está
investindo para usar nas caldeiras da Alunorte o caroço do açaí. Em parceria
com a Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA),
a empresa trabalha na avaliação da viabilidade técnica-econômica do uso desse
resíduo como combustível. Com investimento de cerca de R$ 500 mil, a pesquisa
analisará os requisitos técnicos e logísticos para uso do caroço em escala
industrial, além de estudar o aspecto social e ambiental do uso do caroço do
açaí como um combustível renovável. A iniciativa faz parte do convênio de
cooperação técnica e científica da Hydro com a UFPA e pode contribuir para o
desenvolvimento sustentável da indústria paraense.
A Hydro Paragominas, mina de bauxita da Hydro no Pará, também assinou contrato para compra de energia eólica por 20 anos do projeto Ventos de São Zacarias. Além disso, a Hydro desenvolve pesquisa, em parceria com a UFPA e a Hydro Rein, sobre o uso de placas solares na Hydro Paragominas. Um dos objetivos principais é possibilitar a redução da evaporação da água dos reservatórios da planta, além de oferecer uma nova fonte de energia renovável capaz de atender parte do consumo próprio da mina. O investimento inicial no projeto é de cerca de R$ 1 milhão e a pesquisa tem duração de dois anos.
O uso de sistemas fotovoltaicos flutuantes é inovador e tem mostrado que consegue produzir mais energia que o convencional, pelo fato de manter as temperaturas das placas mais amenas. A expectativa é que cada quilômetro com o sistema fotovoltaico instalado gere 50MW. Na fase de testes, uma área de 156m² será usada para avaliação preliminar. Se a pesquisa comprovar a eficiência do processo, a Mineração Paragominas tem o potencial de expandir a área coberta no futuro, gerando mais energia proporcionalmente.
Vale ainda citar que a Hydro Paragominas adquiriu 10 carros elétricos para compor sua frota de veículos leves, substituindo modelos convencionais abastecidos com diesel. Essa ação significa uma redução de emissão de 119.658 toneladas de CO2 por ano, representando 1.660 árvores plantadas em cinco anos. O modelo tem autonomia de 198 km com uma carga e circula principalmente dentro da unidade, garantindo suporte sustentável às operações internas. Nos próximos 12 meses, será realizado um estudo de verificação das oportunidades de substituição de veículos operacionais por veículos elétricos.
A Albras, joint-venture entre
a Hydro e a NAAC – Nippon Amazon Aluminium Co. Ltd, assinou dois contratos com
a Atlas Renewable Energy para fornecimento de energia limpa. O primeiro foi o
projeto Boa Sorte, que também tem a participação da Hydro Rein, cuja capacidade
total instalada planejada é de 438 MW. Pelo PPA (Power Purchase Agreement, em
inglês), a usina solar de Boa Sorte garante à maior produtora de alumínio
primário do Brasil um fornecimento anual de energia de 815 GWh (aproximadamente
100 MW), no período de 2025-2044.
Já o projeto fotovoltaico Vista Alegre, o maior PPA (Power Purchase Agreement) já assinado na América Latina, vai garantir à Albras fornecimento de energia sustentável por 21 anos. Localizado em Minas Gerais, o projeto 902 MWp (o equivalente a 768 MWac de capacidade instalada), irá gerar aproximadamente 2 TWh/ano. Esta parceria possibilitará a geração de energia renovável que poderia abastecer uma cidade com aproximadamente 3 milhões de habitantes, como Brasília. A energia que pode ser gerada pelo parque equivale a tirar mais de 61.800 carros das ruas, além de compensar cerca de 154.000 toneladas de emissões de carbono por ano.
Hydro Rein
Como parte da estratégia de sustentabilidade da companhia, em 2021, foi criada a Hydro Rein. Com mais de 100 anos de experiência da Hydro em produção, fornecimento e consumo industrial de energia, a empresa oferece soluções de energia renovável para a indústria e a sociedade em geral. O foco está na necessidade industrial de descarbonizar, onde soluções sob medida são necessárias para superar os obstáculos da transição energética. A Hydro Rein tem um pipeline significativo de projetos eólicos e solares no Brasil e nos países nórdicos, para fornecimento de energia de longo prazo para a Hydro e outros offtakers industriais.
Para Anderson Baranov, o Brasil é um mercado estratégico para a Hydro Rein, dada a necessidade de energia do portfólio industrial no país. “Com investimento de aproximadamente US$ 1,5 bilhão e com capacidade instalada total de cerca de 1,5 GW, a Hydro Rein já conta com três projetos no país: Ventos de São Zacarias, Mendubim e Boa Sorte”, disse. (canalenergia)
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