Governo inclui bioenergia em
tentativa de descarbonizar Amazônia.
O governo Lula (PT) lançou em
04/08/23 o Programa de Descarbonização da Amazônia, uma tentativa de substituir
a dependência da região por geração a óleo para atender as populações de
regiões dos sistemas isolados ou com acesso precário ao sistema nacional de
energia.
Uma das principais agendas do
atual ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, a iniciativa
pretende movimentar entre R$ 5-10 bilhões em investimentos.
Desde o início de junho, o ministro tem vendido a ideia a delegações internacionais que visitam o Brasil, como França e Emirados Árabes. Também entrou na agenda do grupo de trabalho com o BNDES.
Em Parintins, Lula retoma o Luz para Todos e lança Programa de Descarbonização.
É, em parte, um programa de
universalização do acesso à energia, na Amazônia Legal. Há 211 localidades que
ainda não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo o
MME.
E promete convergência com
iniciativas já implementadas para ampliar o fornecimento de energia em cidades
amazônicas, como o Luz para Todos e o Mais Luz para a Amazônia.
A diferença é a inserção do
biodiesel como alternativa à geração térmica fóssil, já que o foco do Luz para
a Amazônia é a instalação de painéis solares.
Atualmente, estima-se que é
necessário atender 219 mil unidades consumidoras, em áreas remotas da Amazônia
Legal, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia,
Tocantins e Maranhão.
Essa demanda por geração de
energia local e renovável pode chegar a seis milhões de módulos fotovoltaicos e
mais de cinco milhões de baterias até 2030, de acordo com um estudo do
Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
E ainda pressionar em R$ 1,3 bilhão a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) paga pelos consumidores do SIN em 2027, com as despesas de operação e manutenção dos sistemas de energia solar, calcula a empresa de tecnologia TR Soluções.
Linha de transmissão da energia produzida em Tucuruí e que vai abastecer com energia limpa os municípios de Juruti, Parintins e Itacoatiara.
"Energias da Amazônia":
o começo da descarbonização da região.
Programa de Descarbonização
da Amazônia evitará a emissão de mais de 1,5 milhão de toneladas de CO2.
Biodiesel de palma
A inserção do biodiesel no
programa de energia pode reduzir a demanda por painéis e baterias, ao mesmo
tempo em que aproveita a produção local de biocombustível a partir de óleo de
palma.
Uma oportunidade para a BBF,
que já está instalada em estados na região.
O grupo possui 38 usinas
termelétricas na região, com capacidade total de 238 MW e calcula que o
biocombustível substitui 106,4 milhões de litros de diesel fóssil por ano.
Atualmente, 25 usinas estão
em operação com capacidade de gerar 86,8 MW, atendendo 140 mil pessoas, diz a
empresa.
A atuação da empresa no Pará, no entanto, é marcada por conflitos com comunidades locais, um desafio na hora de calcular quão “justa” será essa transição.
Programa de descarbonização da Amazônia investirá R$ 5 bilhões em energia solar.
Cúpula Amazônica
A Amazônia, aliás, estará no
centro das atenções nos próximos dias. De 8 a 9 de agosto Belém, no Pará,
receberá os governos dos países que compõem a OTCA (Organização para o Tratado
de Cooperação da Amazônia) para construir uma agenda de proteção das florestas,
combate ao crime e exploração sustentável da biodiversidade.
Não será fácil. Dentro do
grupo existem visões diferentes sobre o que seria proteger a floresta e
explorar suas riquezas.
O petróleo é um ponto de
desacordo. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já deu declarações
defendendo a eliminação gradual de combustíveis fósseis, enquanto Lula, no
Brasil, admite possibilidade de exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
São cenas para os próximos
capítulos. Enquanto isso, um grupo de 53 organizações da sociedade civil
entregou ao governo brasileiro e à OTCA uma proposta de protocolo com uma série
de medidas para evitar que o bioma atinja o “ponto de não-retorno”.
As organizações alertam para
o risco de o bioma amazônico entrar em uma espiral de colapso por conta do
efeito combinado de desmatamento e mudança do clima.
“Isso poderia ocorrer com um
desmatamento total na casa de 20% a 25% da área da floresta. Hoje a
Pan-Amazônia já perdeu 15% de sua cobertura vegetal original; no Brasil, que
detém 60% da área do bioma, a perda já foi de 20%”, diz o Observatório do
Clima, um dos signatários.
O grupo propõe um acordo multilateral com compromissos para eliminar o desmatamento até 2030; reconhecimento de todos os territórios indígenas e quilombolas e o fortalecimento de seus direitos; expansão das áreas protegidas; e medidas efetivas de combate aos crimes ambientais, como garimpo ilegal e contaminação por mercúrio. Leia na íntegra (pdf).
De olho nos bancos
Ainda em clima de preservação
da Amazônia, a Stand.earth, uma organização sem fins lucrativos com escritórios
no Canadá e nos Estados Unidos, divulgou esta semana um ranking com os bancos
que mais injetaram dinheiro na extração de petróleo e gás da maior floresta
tropical do mundo.
JPMorgan Chase e Citigroup
estão no topo da lista com um total de US$ 3,8 bilhões em empréstimos e títulos
para produção e infraestrutura de petróleo e gás.
Em seguida vem o brasileiro
Itaú Unibanco, com R$ 1,7 bilhão. O levantamento considera o financiamento
direto de atividades de petróleo e gás entre 2009 e 2023.
Ao todo, o banco de dados Capitalizing on Collapse mostra que oito bancos – JPMorgan Chase, Citibank, Itaú Unibanco, HSBC, Banco Santander, Bank of America, Banco Bradesco e Goldman Sachs – forneceram mais de US$ 11 bilhões (dos US$ 20 bilhões) em financiamento.
Curtas
Hidrogênio
A Fortescue apresentou em 02/08/223
os primeiros estudos de impacto ambiental EIA/RIMA para licenciar seu projeto
de hidrogênio verde no Ceará. É a primeira empresa no Brasil a apresentar esses
documentos para o desenvolvimento de um projeto de hidrogênio verde em larga
escala.
A planta será potencialmente
desenvolvida no Complexo Industrial e Portuário do Pecém em 2 etapas: fases 1 e
2 (1.200 MW) e fase 3 (900 MW). O potencial total do projeto é de 837 toneladas
de hidrogênio verde por dia a partir do consumo de 2.100 MW de energia
renovável.
Biometano
A Abiogás espera que o Brasil
chegue a 2030 produzindo cerca de 30 milhões de metros cúbicos de biometano por
dia, o que significa um salto na atual capacidade, conta o diretor Gabriel
Kropsch. O volume poderia atender parte da demanda brasileira por diesel, hoje
em torno de 150 milhões de m3/dia, avalia.
Santander adquire plataforma
de GD
Com aquisição da FIT Energia, plataforma de geração distribuída da Hy Brazil Energia, banco pretende ampliar sua atuação no mercado de energia. Segundo Rafael Thomaz, responsável pela mesa de energia da Tesouraria do Santander Brasil, o objetivo será atrair cada vez mais produtoras de energia renovável para a plataforma, que atua como um marketplace.
Eletrificando
Parceria entre o banco BV e o
aplicativo de entregas Rappi vai oferecer condições especiais de financiamento
para motos elétricas da montadora brasileira Watts aos entregadores que operam
pela plataforma. Com a iniciativa, as empresas calculam ser possível retirar
cerca de 1,6 milhão de toneladas de CO2 da atmosfera. (epbr)
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