A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, defendeu em 07/08/23 que a Amazônia continuará sendo prejudicada
se “o mundo não parar com as emissões de combustíveis fósseis, mesmo que o
desmatamento seja diminuído em 100%”. Segundo ela, as decisões sobre o bioma
devem ser feitas com base em evidências, e esse não é o momento para “atitudes
erráticas”. A ministra está em Belém, no Pará, para a Cúpula da Amazônia, que
reunirá os 8 países com o bioma em seu território.
“É preciso fazer política
pública para a Amazônia com base em evidências. Não é momento para atitudes
práticas. Qualquer atitude que não considere o que a ciência está dizendo pode
cometer erros que são irreversíveis e com grande prejuízo”, afirmou Marina.
As declarações se dão em
contexto de embate com alguns setores do governo devido à análise para
exploração na Margem Equatorial. O IBAMA vetou em maio o pedido da Petrobras
para realizar uma perfuração de teste na costa do Amapá, a 500 km do rio
Amazonas. O objetivo da estatal seria checar se há petróleo na área, que vem
sendo chamada de “novo pré-sal”.
De acordo com o presidente do
IBAMA, Rodrigo Agostinho, o pedido apresentava “inconsistências preocupantes”
para uma operação segura em área de “alta vulnerabilidade socioambiental”.
Afirma também que a região da bacia da foz do rio Amazonas é de “extrema
sensibilidade socioambiental”.
Segundo a ANP (Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), estudos internos indicam
“elevado potencial para a realização de descobertas relevantes de recursos
prospectivos” na Margem Equatorial.
União Europeia decide
encerrar até 2050 a era dos combustíveis fósseis no bloco
Comissão Europeia defende benefícios econômicos de eliminar por completo os gases do efeito estufa na região até meados deste século.
Entenda
A Margem Equatorial é uma
região em alto-mar que se estende da Guiana ao Estado do Rio Grande do Norte,
no Brasil. A porção brasileira é formada por 5 bacias sedimentares –um tipo de
formação rochosa que permitiu o acúmulo de sedimentos ao longo do tempo. As bacias
são:
- Foz do Amazonas, localizada
nos Estados do Amapá e do Pará;
- Pará-Maranhão, localizada
no Pará e no Maranhão;
- Barreirinhas, localizada no
Maranhão;
- Ceará, localizada no Piauí
e Ceará;
- Potiguar, localizada no Rio
Grande do Norte.
A Petrobras tenta perfurar na
bacia da Foz do Amazonas, que, embora tenha esse nome, não é a foz do rio
Amazonas. A área onde seria perfurado o poço de petróleo se encontra a 500 km
de distância da foz.
Negada pelo IBAMA, a licença
ambiental se refere a um teste pré-operacional para analisar a capacidade de
resposta da Petrobras a um eventual vazamento. O pedido é para a perfuração de
um poço em um bloco de exploração a cerca de 170 km da costa. O teste também
permitiria à Petrobras analisar o potencial das reservas de petróleo na região.
A Margem Equatorial é uma
região pouco explorada, mas vista com expectativa pelo setor. Isso porque os
países vizinhos, Guiana e Suriname, acumulam descobertas de petróleo. Na
Guiana, a ExxonMobil tem mais de 25 descobertas anunciadas. No Brasil, só 32
poços foram perfurados a mais de 300 metros do nível do mar, onde há maiores
chances de descoberta.
A exploração na bacia da Foz do Amazonas é criticada por ambientalistas porque pode ter impactos sobre o ecossistema da região. Afirmam que os dados da Petrobras estão defasados, não sendo possível prever o comportamento das marés em caso de eventual vazamento de petróleo e seus impactos.
(biodieselbr)
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