domingo, 24 de setembro de 2023

Brasil reduz 39% da meta de emissões com bioenergia

Com bioenergia Brasil pode reduzir 39% da meta de emissões.

Se chegar até o máximo esperado (71,3 MtCO2eq), sozinho, o setor vai contribuir para mitigar 39% da meta total que o Brasil se comprometeu a reduzir (a chamada NDC ou Contribuição Nacionalmente Determinada), de 183 MtCO2eq até 2030. Isso significa, na prática, substituir até 30 bilhões de litros de diesel.
Com bioenergia Brasil pode reduzir 39% da meta de emissões.

Se chegar até o máximo esperado (71,3 MtCO2eq), sozinho, o setor vai contribuir para mitigar 39% da meta total que o Brasil se comprometeu a reduzir (a chamada NDC ou Contribuição Nacionalmente Determinada), de 183 MtCO2eq até 2030. Isso significa, na prática, substituir até 30 bilhões de litros de diesel.

A intenção da consultoria com o relatório, segundo o executivo, é justamente chamar a atenção de consumidores, empresários e governos para uma área que pode, com incentivos corretos, ampliar seu impacto. Na pizza de setores que mais emitem no Brasil, o de transporte - incluindo rodoviário, aéreo e marítimo -, não é o principal, mas não deixa de ser um relevante: é responsável por 15% das emissões nacionais. Por outro lado, as soluções para ele são mais conhecidas e já utilizadas e, portanto, mais escaláveis.

Para Rodolfo Taveira, diretor da mesma área na consultoria, o país precisa valorizar as soluções de baixa emissão que já têm e não apenas ‘comprar’ a solução de outros países, como o carro elétrico. “Temos condições diferentes e opções só nossas que podem ser mais interessantes, como os carros híbridos a etanol e eletricidade”, diz.

Ele cita estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que elenca alguns obstáculos para eletrificação da frota de veículos brasileira, tais como a escassa infraestrutura de abastecimento em um país em que uma parte da população ainda não tem nem acesso à energia elétrica em suas casas. Além disso, a EPE cita o alto preço dos próprios automóveis e suas baterias, que demandam materiais estratégicos. Na conclusão, aponta os biocombustíveis como uma alternativa nacional, especialmente para veículos leves, uma vez que a tecnologia e infraestrutura de abastecimento já são mais disseminadas.

“Estamos em um momento frutífero para falar sobre as opções de combustíveis. Há uma expectativa maior para criar regulamentações que incentivem a agenda ambiental”, comenta Ivo Godoi, sócio da prática de Energia e Recursos Naturais da Oliver Wyman. Ele acredita que isso pode criar um contexto que também leve o governo a incentivar fontes de energia alternativas e combustíveis renováveis.

Sustentabilidade do cultivo de cana-de-açúcar para produção de bioenergia.

O Brasil é hoje o segundo maior produtor global de biocombustíveis, com 23% de participação, graças a sua desenvolvida indústria de etanol extraído da cana-de-açúcar. Nos cálculos da Oliver, se o consumo de etanol for incentivado e a proporção de carros flex com etanol subir dos atuais 33% para 66% até 2030, o Brasil ampliará em 29% o consumo do biocombustível até 2030 e reduzirá sua pegada de carbono em 11,6 MtCO2eq.

Em um cenário ainda mais otimista, em que 100% dos motores flex consumam etanol até 2030, e as vendas de veículos flex cheguem a 80%, o país pode diminuir em 24,9 MtCO2eq suas emissões. Neste contexto, a produção de etanol responderia por 62% de do abastecimento de veículos leves no país.

Para Rodolfo Taveira, a política de mistura obrigatória de biodiesel ao óleo de origem fóssil contribui não apenas para reduzir as emissões de GEE, mas também para diminuir a dependência da importação do recurso, impactando na balança comercial do país. Hoje, cerca de 25% do diesel consumido no Brasil é importado. “Os benefícios não são só ambientais”, diz. “O biodiesel tem papel relevante em mover essa agenda adiante através da regulação”.

No documento, os autores do relatório calculam que, se o Brasil atingir níveis de mistura semelhantes aos da Indonésia, por exemplo, onde espera-se chegar até 35% de biodiesel até o final de 2023, isso levaria a uma redução das importações para apenas 5% e implicaria em uma diminuição de 29 MtCO2 eq.

Desde abril, o teor de biodiesel subiu de 10% para 12% na mistura com o diesel fóssil e a proposta aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) propõe elevar a 15%, de forma progressiva, até 2026. (biodieselbr)

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