quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Impactos e riscos ambientais na exploração de xisto

Ecologistas denunciam impactos e riscos ambientais de exploração de gás de xisto nos EUA
O aumento espetacular da exploração de gás de xisto nos Estados Unidos preocupa os defensores do meio ambiente, que denunciam seu impacto na água e no ar, como é o caso no pequeno povoado de Waynerburg, na Pensilvânia (leste).
“Comprei minha fazenda em 1988. Tanto a minha família quanto os meus animais sempre beberam a água da fazenda sem problemas. Mas desde que começaram as perfurações de gás na minha propriedade, só tenho problemas”, explica Terry Greenwood, pecuarista de 64 anos.
Greenwood participa de uma reunião da associação ecologista “H2O Know” em Waynesburg. De barba grisalha e olhos azuis, ele conta que a empresa Dominion Gas chegou à região em 2007.
“Perfuraram dois poços. Na primavera de 2008, morreram dez das minhas vacas. Não bebemos mais água da minha propriedade”, afirma.
“Os representantes da agência governamental de proteção do meio ambiente (EPA) me disseram que tinha que demonstrar que era resultado de infiltrações da perfuração. Disseram, ‘Procure um advogado’, e já tenho três”, conclui.
Desde 2008, a perfuração horizontal e a fratura hidráulica permitiram explorar os vastos recursos de gás de xisto dos depósitos de Marcellus, na Pensilvânia.
O gás natural costuma se apresentar como um recurso ecológico porque sua queima gera menos CO2 do que os combustíveis clássicos, mas é muito mais nocivo para a camada de ozônio e mais tóxico quando respirado.
Além disso, a fratura hidráulica usa milhões de litros d’água misturados com aditivos químicos, como o amoníaco.
Os representantes do setor asseguram que tomam todas as precauções.
“Diz-se que o setor não está regulamentado, mas é mentira. Há muitas regras para, por exemplo, a proteção da água potável, e as respeitamos todas”, afirma Jeff Boggs, encarregado das perfurações da Consol Energy, grupo que explora as jazidas de gás de xisto na região.
Jill Kiresky, pesquisadora de saúde pública da Universidade de Pittsburgh, destaca que os grupos energéticos estão isentos das leis federais sobre “a proteção da água, do ar, as indenizações, etc”.
Boggs admite que o setor tem tido “provavelmente certa responsabilidade” em alguns casos. A justiça condenou a Consol a pagar mais de 200 milhões de dólares quando a água que se infiltrou de suas minas de carvão contaminou o rio Dunkart Creek em setembro de 2009, provocando a morte da fauna aquática ao longo de 60 quilômetros.
“Não deixamos mais água residual em nossas jazidas”, assegura. A água das perfurações é armazenada durante todo o período de exploração nos locais de extração, em lagoas artificiais, separadas do solo por uma espessa camada de plástico.
Essas águas, tão tóxicas que não podem ser deputadas, são transferidas depois em caminhões-tanque para poços especiais que, com frequência, ficam fora da Pensilvânia.
A associação ecologista IWLA tem feito testes nos aquíferos próximos às jazidas de gás e encontrou taxas de brometo extremamente elevadas que, garantem, são o vestígio químico da perfuração por fratura.
A IWLA assegura ter casos “muito documentados” e acrescenta que um estudo recente mostra um importante risco de câncer para os moradores da região devido às emanações de metano procedentes das jazidas de gás. (ecodebate)

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