Especialistas defendem cautela na exploração de
gás não convencional (gás de xisto) no Brasil
O professor
da Universidade Federal de Santa Catarina Luiz Fernando Scheibe alertou, em
audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
nesta quinta-feira, que a exploração de gás não convencional, ou de xisto no
País deve ser submetido a uma avaliação ambiental estratégica antes de
autorizada. A avaliação, prevista legalmente, é um instrumento mais amplo do
que os estudos de impacto ambiental normalmente utilizados para o licenciamento
de empreendimentos energéticos.
O estudioso
citou uma série de pesquisas realizadas nos Estados Unidos, onde a exploração
de gás de xisto tem crescido, mostrando possíveis efeitos negativos do uso do
recurso. “Há estudos mostrando que, após primeiro ano de exploração, a produção
dos poços cai em torno de 60 a 90%”, destacou.
Também
pesquisador do tema, Jailson de Andrade lembrou que a maioria dos estudos sobre
o assunto aponta a necessidade de estudos prévios locais para exploração.
Segundo ele, ainda há muita controvérsia científica quanto à questão.
“Há um
estudo da National Academy of Science, nos Estados Unidos, que mostra que, em
241 poços de água potável na Pensilvânia, quanto mais próximo de áreas de
exploração de xisto, maior a quantidade de metano (tóxico e inflamável) na
água”, informou Jailson. “A controvérsia na literatura é se isso já existia
antes ou se é resultado da perfuração para obtenção de xisto.”
Especialista
em efeitos ambientais na prospecção do gás de xisto, Jailson de Andrade lembrou
que a Academia Brasileira de Ciência e a Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência encaminharam carta à presidente Dilma Rousseff solicitando a
suspensão da prospecção de gás de xisto no Brasil até que haja um laboratório
para se entender os seus impactos. “De onde virá a água que será utilizada na
prospecção? Para onde vai água possivelmente contaminada? A partir dessas
respostas, vamos ver se vale a pena a exploração”, defendeu.
Segundo
Jailson de Andrade, o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) devem definir as bases para uma rede brasileira de
pesquisadores sobre o tema. (ecodebate)
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