Quando pensamos em biocombustível, logo nos vêm à mente o etanol de cana brasileiro e o de milho americano. Mas, diante da crescente busca por novas energias, outras fontes vêm surgindo. Confira as mais curiosas e, quiçá, estranhas descobertas recentes.
Penas de frango - pode completar?
Em 2009, pesquisadores do Departamento de Engenharia da
Universidade de Nevada, em Reno, nos EUA, mostraram ao mundo que é possível
produzir um combustível biodiesel a partir de penas de galinha. O trabalho
científico, publicado no The Journal of Agricultural and Food Chemistry (JAFC),
mostra que é possível obter entre 7% e 11% de biodiesel da gordura das penas
através de fervuras e processos químicos específicos.
Atualmente, devido ao seu alto teor proteico, as penas
de frango são transformadas em farinha para ração animal, ou em fertilizante,
em função da concentração de hidrogênio. Segundo o estudo, a quantidade de
farinha gerada pela indústria avícola anualmente seria suficiente para a
produção de 580 milhões de litros de biodiesel nos EUA e 2,2 bilhões litros no
mundo. Coisa do futuro? Que nada, o biocombustível já está sendo usado
experimentalmente pela agência espacial americana, NASA
Borra de café
Depois de ler isto aqui, você nunca mais vai olhar para o
café que prepara em casa do mesmo jeito, já que um dia ele poderá servir de
combustível para o seu carro. Pesquisadores da Universidade de Nevada – os
mesmos que descobriram o potencial energético das penas de frango – também estudam
a extração de biodiesel a partir do café. Aproximadamente 15% da borra seca é
óleo e, assim como o óleo de soja, mamona e dendê, pode ser convertido em
biocombustível. A prova prática foi feita com grãos e borra doados pela rede de
cafeterias Starbucks.
Aqui no Brasil, cientistas da USP também estão demonstrando
que é possível usar a borra para gerar combustível. De acordo com a professora
de química Denise Moreira dos Santos, que lidera a pesquisa, o biodiesel de
café poderia ser usado por pequenas comunidades agrícolas em tratores e
máquinas.
Gordura de jacaré
Assim como as penas de galinha, a gordura de jacaré é um
subproduto do processamento da carne deste animal para a indústria alimentícia
e de couro. Mas diferentemente do primeiro caso, ela comumente vai parar no
lixo. No entanto, pesquisadores da Universidade de Luisiana, nos EUA, querem
dar uma nova destinação para cerca de 15 mil toneladas de gordura jogadas fora
todos os anos pelas fazendas do estado, que criam os animais em cativeiro.
Os cientistas acreditam que este subproduto pode ser um
excelente candidato para produção de biodiesel. Para testar essa hipótese, eles
obtiveram algumas amostras de gordura de jacaré congelada de produtores locais.
Resultado: depois de aquecer o produto no micro-ondas e usar solventes
químicos, eles chegaram a um óleo de ácido graxo que preenche todos os
requisitos de alta qualidade do biodiesel.
Tequila
Algave é este o nome da planta, que destilada, produz uma
das bebidas mexicanas mais famosas, a tequila. Agora, esta espécie que cresce
em áreas inóspitas e praticamente desérticas, está ganhando popularidade no
meio científico por ser uma fonte alternativa potencial de biocombustível.
A descoberta, feita por pesquisadores da Universidade de
Oxford, indica que a algave possui alta concentração de açúcar, além de ser
capaz de suportar condições extremas, como temperaturas elevadas, longos
períodos de estiagem. O biodiesel é obtido através da queima da biomassa
coletada das folhas, pelo processo chamado pirólise rápida. E através da
fermentação dos açúcares do caule, também é possível obter álcool. É energia em
dose dupla!
Chocolate
Esta delícia milenar altamente energética serviu como
combustível para uma empreitada fora do comum realizada pela empresa inglesa
Ecote, em 2009. A fim de promover sua mais nova invenção – o biodiesel de
chocolate – a companhia montou uma equipe para atravessar o deserto do Saara a
bordo de um caminhão movido por uma mistura de óleo de cozinha, soda cáustica e
etanol, feito a partir de restos de chocolate. Para a expedição foram levados
ao todo 1,5 mil litros do combustível feito a partir de três mil quilos de
chocolate. Haja energia!
Fraldas descartáveis
O que de um lado é solução para toda mãe, de outro é um
verdadeiro problemão moderno, a ponto de vários países instalarem usinas de
reciclagem específicas para as fraldas descartáveis. Algumas empresas estão
indo mais longe na tentativa de reaproveitar ao máximo esse produto. É o caso
do grupo de engenharia britânico Amec, que estuda a possibilidade usar fraldas
descartáveis e outros plásticos para produzir uma espécie de diesel sintético.
A empreitada pode ajudar a reduzir o lixo gerado nas grandes cidades, além de
evitar o uso de outras fontes fósseis. Cerca de 7 quilos de fraldas podem gerar
1 litro de biogás.
Melancia
Só nos EUA, mais de 300 mil toneladas de melancia são
descartadas anualmente por varejistas e supermercados por apresentar alguma
imperfeição. Mas um estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
mostra que é possível gerar biocombustível a partir do açúcar dessa fruta.
Segundo cálculos, seria possível obter quase nove bilhões de biocombustível por
ano da parcela rejeitada de melancias. A solução “energética” também seria uma
forma de agregar valor à colheita nas fazendas e evitar desperdícios.
Folha de Cannabis sativa
Às várias utilidades da folha da maconha que estão em estudo
no mundo, como sua vocação terapêutica e medicamentosa e até mesmo sua
aplicação em carrocerias de carros, adicione mais uma: a de combustível.
Pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, descobriram
que a fibra da Cannabis sativa, conhecida como o cânhamo industrial, tem
propriedades que a tornam viável e atraente como matéria-prima para a produção
de biodiesel.
Durante testes de laboratório, 97% do óleo extraído da
semente da planta foram convertidos em biodiesel. Outra vantagem da erva,
segundo os pesquisadores, reside na capacidade dela crescer em solo pobre e de
baixa qualidade, o que afasta a necessidade de cultivá-la em lavouras especiais
destinadas ao plantio de alimentos. (exame)
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