Aumento do uso de biodiesel é o destaque do Jornal O Globo
Cada vez mais próximo do anúncio oficial do aumento do teor
de biodiesel no diesel pela presidente Dilma Rousseff, os grandes veículos de
imprensa começam a tomar conhecimento. Hoje o jornal O Globo colocou como
principal destaque em sua capa, o aumento da mistura de biodiesel da próxima
semana, sem marcar um dia exato.
Com o título “Para socorrer Petrobras, governo vai
ampliar para 7% mistura de biodiesel no diesel” a matéria coloca a
Petrobras como razão principal para a decisão de aumentar o uso obrigatório de
biodiesel. Diferentemente do apurado por BiodieselbrBR, o texto do O Globo
coloca a chegada do B7 para setembro e não novembro. Segundo o jornal, a Medida
Provisória traria o B6 em julho e o B7 em setembro.
O aumento para B7 em setembro seria uma excelente surpresa
para o setor, que conviveu nas últimas semanas com rumores de que não haveria
aumento para 7% este ano.
Veja abaixo o texto completo do jornal O Globo:
Para socorrer Petrobras, governo vai ampliar para 7% mistura de biodiesel no diesel.
Colheita no Paraná:
governo quer elevar a produção de biodiesel para aliviar o déficit na ‘conta
petróleo’
A presidente Dilma Rousseff deve assinar na próxima semana
uma medida provisória para aumentar, de 5% para 6%, a mistura do biodiesel ao
óleo diesel vendido nas bombas, a partir de julho. A MP deve prever também a
elevação do percentual para 7% em setembro. O objetivo principal da medida é
estimular a fabricação do produto renovável no país, ajudando a Petrobras a
reduzir as importações de diesel fóssil e o déficit na chamada “conta
petróleo”.
Estimativas do setor compartilhadas pelo governo indicam que
o aumento da mistura de 5% para 7% reduzirá em 1,2 bilhão de litros ao ano as
importações de diesel do país, uma economia anual de US$ 1 bilhão para o caixa
da Petrobras. A média mensal de importações de diesel no ano passado foi de 827
milhões de litros, mas em janeiro deste ano o volume importado foi recorde e
chegou a 1,25 bilhão de litros. O governo tem segurado o preço dos
combustíveis, para evitar repercussão na inflação. E a Petrobras, em seu
relatório de maio, indicou uma perda de 30% do seu lucro líquido.
Renováveis estão estagnados
Levantamento inédito do Ministério de Minas e Energia mostra
que a produção e o consumo efetivos de combustíveis renováveis no Brasil —
biodiesel, álcool anidro e etanol — estão estagnados desde 2010. Neste período,
a demanda por combustíveis saltou 14%, mas como não há produção nacional
suficiente para atendê-la, a Petrobras teve de importar gasolina e diesel para
suprir o mercado.
A favor da medida também pesa o aspecto ambiental, já que
estimulará o uso de combustível limpo e renovável para substituir os fósseis.
Cada ponto percentual a mais de biodiesel na mistura do diesel é equivalente ao
plantio de cerca de 7,2 milhões de árvores, revela relatório “Benefícios
ambientais da produção e do uso do biodiesel”, do Ministério da Agricultura, de
outubro de 2013.
As principais matérias-primas utilizadas para a fabricação
do biodiesel no Brasil são: óleo de soja (quase 70% do total); gordura bovina;
óleo de algodão; óleo de fritura usado; gordura de porco; e óleo de frango.
A decisão de ampliar a participação do biodiesel no óleo
vendido para os veículos tem amparo técnico no governo já há algum tempo, a
partir da experiência internacional. Caminhões que circulam em outros países
com motores similares têm tido bom aproveitamento em termos de potência e
emissões com a mistura de 7%, conhecida como B7. A adoção do percentual maior
como norma nacional esbarrava, porém, na percepção de que mais biodiesel na
mistura tornaria o óleo mais caro na distribuição, pressionando a inflação.
Entretanto, na conjuntura atual, o diesel importado já está cerca de 20% mais
caro do que o biodiesel produzido no Brasil.
Um estudo feito recentemente pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) serviu para remover as resistências do Ministério da Fazenda à medida,
pois mostrou que o aumento de produtividade do agronegócio e a ociosidade das
usinas para produção de biodiesel — atualmente em 61% do seu potencial — tornam
a mudança da mistura praticamente neutra em relação ao impacto no IPCA.
Mistura passou a ser obrigatória em 2008
Apesar de o anúncio ocorrer quase às vésperas de abertura do
37º Leilão de biodiesel, previsto para junho, a Agência Nacional do Petróleo
(ANP) já está preparada para fazer as alterações necessárias e adotar a mistura
de 6%.
— Temos praticamente certeza de que (a assinatura) vai
ocorrer na semana que vem, porque em junho precisa ser realizado o leilão, para
que o biodiesel possa começar a ser comercializado em julho. O edital foi
lançado pela ANP com a mistura de 5%. A MP precisa ser publicada para que o
edital seja modificado — explicou o presidente da União Brasileira do Biodiesel
e Bioquerosene (Ubrabio), Odacir Klein.
A mistura obrigatória do biodiesel para 6% e 7% vai aumentar
dez anos depois do lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel (PNPB), quando o combustível foi introduzido na matriz energética
brasileira, tendo como foco a inclusão social e o desenvolvimento regional.
Apesar de começar a ser produzido em dezembro de 2004, a mistura do biodiesel
somente passou a ser obrigatória a partir de 2008 em todo o país, com 2%. Depois
foi ampliado para 5% em janeiro de 2010, antecipando em três anos a meta
estabelecida pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005.
Nesse período, o governo teve de adotar uma série de ajustes
para evitar o entupimento em motores com a maior oxigenação dos combustíveis
pelo aumento da proporção do biodiesel. De lá para cá, a especificação mudou e
houve maior cuidado com o manuseio do produto, o que, na avaliação de agentes
de governo, assegura uma migração gradual dos 5% para 7% sem grandes percalços.
— O governo está assumindo essa responsabilidade — disse uma
fonte a par das medidas.
O setor, segundo Klein, tem capacidade para uma mistura de
até 10%, mas ele destaca que “não dá para exigir do governo um aumento de 100%”
(em relação aos 5% atuais). E lembra que há dois anos vinham reivindicando o
aumento do teor da mistura. O governo aceita debater um aumento ainda maior,
mas com estudos técnicos que comprovem a eficiência. (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário