O operador do BRT já está realizando testes com os motoristas no novo
corredor Transcarioca, que será aberto aos passageiros em 02/06/14.
Uma novidade nem tão perceptível aos olhos do passageiro, mas que, em
longo prazo, pode fazer muita diferença no ar que ele respira: o diesel
produzido a partir da cana de açúcar será o combustível usado por parte da
frota de ônibus que circulará no BRT Transcarioca. Além de totalmente
renovável, o biodiesel originado da cana reduz em até 90% a emissão de gases
causadores do efeito estufa, sendo ainda menos poluente que o produzido a partir
da soja, hoje mais utilizado no Brasil. Será a primeira experiência no
transporte público do Rio envolvendo o novo biocombustível sem a adição do
diesel comum.
Inicialmente, seis veículos “verdes” rodarão pelo corredor expresso que
ligará o Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra da Tijuca. “Dos 147 ônibus
do Transcarioca, seis serão abastecidos com o biodiesel da cana, para fazermos
o teste em condições reais de operação. Utilizaremos 200 mil litros do
combustível para essa fase experimental de seis meses. A ideia é usarmos cada
vez mais o combustível renovável da cana na frota do Rio”, revela Guilherme
Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Federação das Empresas de
Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Outra vantagem é que o biocombustível da cana pode abastecer veículos
que utilizam o diesel convencional, sem necessidade de alteração no motor. Um
dos empecilhos, no entanto, é o preço: o litro atualmente não sai por menos de
R$ 9,00, cerca de quatro vezes o valor do diesel comum.
“O produtor tem prometido trazer o combustível renovável da cana ao
preço do diesel comum até 2016. Daí, poderíamos começar a fazer a substituição”,
avalia Wilson.
O biocombustível da cana é produzido na Usina Paraíso, no município de
Brotas, em São Paulo, pela empresa americana Amyris. O investimento para os
seis meses de experiência no Transcarioca é de R$ 2 milhões, resultado de uma
parceria entre prefeitura, Fetranspor, Amyris e as distribuidoras Shell e
Ipiranga. O Transcarioca será inaugurado 1º de junho, em evento com a presença
da presidenta Dilma Rousseff. Passageiros poderão utilizar o serviço a partir de
02/06/14.
18% menos poluição
Embora oriundo da cana de açúcar, o biodiesel produzido em São Paulo e
que abastecerá os ônibus do Transcarioca é bem diferente do etanol que
motoristas brasileiros já estão acostumados a encontrar nas bombas dos postos
de gasolina. “Trata-se de um combustível revolucionário, que é desenvolvido a
partir de micro-organismos geneticamente modificados que produzem a fermentação
do caldo de cana. Em vez de etanol, há a produção de hidrocarboneto”, explica
Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Fetranspor. “O material
particulado, que é aquela fuligem que sai dos escapamentos dos veículos, é
reduzido em 41% com o combustível renovável da cana”, acrescenta.
Segundo estudos da Fetranspor, com o corredor Transcarioca em
funcionamento, a emissão de gases poluentes cairá 18%, mesmo sem levar em conta
o uso do biocombustível da cana. Os cálculos foram elaborados com base na
retirada de 500 ônibus antigos que sairão de circulação, na melhoria da
eficiência energética por conta da velocidade operacional — os novos ônibus
ficarão livres de engarrafamentos — e na redução da quilometragem total rodada.
O serviço parador do BRT começará a funcionar em 2 de junho, da Barra
até o Tanque. Já a linha expressa do Aeroporto à Barra, com integração à Linha
2 do metrô, começa a operar em 04/06.
Relatório em julho
Em fase de testes desde o fim de março, o ônibus elétrico em circulação
no Rio ainda precisa de aperfeiçoamento para se tornar comum nas ruas da
cidade. De acordo com Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da
Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro
(Fetranspor), os resultados apresentados até o momento são apenas razoáveis.
“Estamos fazendo uma avaliação técnica detalhada do combustível gasto por dia e
do carregamento por passageiros. Devemos fechar, em julho, os primeiros
relatórios do ônibus elétrico em termos de incentivo e financiamento.
Acreditamos que ainda precisamos evoluir, mas não estamos abrindo mão dessa
tecnologia”, diz.
A montadora chinesa BYD, que fabrica o ônibus elétrico, anunciou este
ano investimentos de US$ 100 milhões para instalar uma fábrica no Estado de São
Paulo. Fato que pode contribuir para a popularização, no Brasil, de veículos
movidos a energia elétrica.
Em São Paulo, um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal prevê
devolução de metade do valor gasto com IPVA para veículos elétricos. O texto
aprovado está, atualmente, em análise pelo prefeito Fernando Haddad. (biodieselbr)
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