Medo de crise energética têm favorecido investimentos na
energia solar, dizem especialistas
A falta de chuvas
despertou no Brasil o temor de que se repita a crise energética de 2001, quando
um apagão causou prejuízos para a economia e inconvenientes a todos os
brasileiros.
Nesses 13 anos, o
País investiu na interligação do sistema energético, o que até agora tem
conseguido evitar a crise. No entanto, só interligar não basta para dar
segurança a um sistema extremamente dependente da geração hidrelétrica. É preciso
diversificar a matriz energética, o que significa investir em outros tipos de
geração de energia. Por isso tem se fortalecido a ideia de investir na geração
de energia a partir de um recurso natural que o Brasil tem de sobra: o sol.
Tem aumentado o
investimento particular no aproveitamento da energia solar – já que neste país
tropical o sol está presente todos os meses do ano, em todo o território
brasileiro.
Capacidade instalada
No entanto, de acordo
com o Ministério de Minas e Energia, em 31 de dezembro de 2013, o Brasil
apresentava uma capacidade instalada de 126.755 MW. Em termos de fontes de
energia, essa capacidade distribui-se em: 86.019 MW de hidrelétricas; 38.529 MW
de termelétricas; 2.202 MW de eólicas; 5 MW de solar fotovoltaica. Ou seja, a
energia solar representa menos de 0,005% da capacidade instalada.
É da força dos rios,
das grandes e pequenas hidrelétricas brasileiras, que vem 68% da energia
elétrica consumida no Brasil. Uma fonte de energia renovável, ecológica, que
põe o Brasil em vantagem na comparação com outros países dependentes de
recursos finitos, como o petróleo. A fonte de energia limpa depende, no
entanto, das condições do clima. Em um ano de poucas chuvas, o temor de uma
crise no sistema é real, como explica o consultor legislativo Fausto de Paula
Menezes Bandeira. “Estamos em um momento delicado, é cíclico. São ciclos de
mais ou menos sete anos. O país é riquíssimo muito privilegiado em irradiação.”
Para o especialista,
é mais seguro diversificar, mas ele admite que para a energia solar, “ainda
estamos nos primeiros passos.” E acrescenta que “além de usos mais baratos,
também deve se diversificar com a eólica e a biomassa.”
Custo dos
investimentos
O custo do
investimento é um dos entraves para o desenvolvimento da produção de energia
solar no País. As placas fotovoltaicas não são produzidas no Brasil e, por
isso, são caras. Outro desafio: mudar a legislação tributária de estados e
municípios que hoje continuam cobrando Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS) sobre toda a energia consumida pela casa – incluindo a gerada
pelo próprio morador.
Também faltam
incentivos, como linhas de crédito específicas para o consumidor equipar a casa
com as placas.
Para o deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), o Brasil demora demais para tomar iniciativas que, segundo ele, são simples.
Para o deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), o Brasil demora demais para tomar iniciativas que, segundo ele, são simples.
Em resposta à crítica
sobre a demora em investir no setor, o secretário de Planejamento de
Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura,
explica que a energia solar não era competitiva. Até que inovações tecnológicas
baratearam muito esta alternativa de geração energética.
Usina de placas
solares
Em três anos, o preço
do megawatt/hora caiu de mil para R$ 200. Embora ainda seja mais cara que a
hidrelétrica e a eólica, a energia solar agora está na mira do governo, que
prepara um leilão para a construção da primeira usina brasileira de geração de
energia com placas fotovoltaicas. “Podemos dizer que ao longo de 2014 vamos
levar à frente o leilão para que fabricantes se instalem no Brasil para que a
energia solar seja instalada de maneira estável, sustentável como aconteceu com
a energia eólica.”
O coordenador da
Frente Parlamentar em Defesa das Pequenas Centrais Hidrelétricas, Pedro Uczai
(PT-SC), acredita que o leilão pode ser o primeiro passo para mais
investimentos em tecnologia no setor. ”O governo está abrindo possibilidade
agora de um leilão com uma nova legislação para que possa vender energia e
receber em moeda corrente. Criar um fundo nacional e efetivamente destinar
parte recursos para investimento em ciência e tecnologia.”
Com o leilão, o
governo espera também que empresas produtoras das placas fotovoltaicas, que
investem em pesquisas com silício, passem a produzir no país – o que promete
baratear o sistema.
Na opinião do
presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, embora
a geração de energia solar ainda não seja competitiva atualmente, assim como a
geração de energia eólica se tornou comercialmente viável, isso deve ocorrer também
com a solar.
Projeto na Câmara
Tramita na Câmara o
Projeto de Lei 5539/13, do deputado Júlio Campos (DEM-MT), que concede
incentivos fiscais à instalação de usinas de produção de energia com a
utilização de fontes solar ou eólica. A proposta desonera do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Importação (II) os bens de
capital e o material de construção utilizados para a implantação desse tipo de
atividade. (ecodebate)
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