União terá de construir depósito para lixo radioativo.
Símbolo da energia
nuclear: lixo nuclear das usinas de Angra é armazenado em depósitos provisórios
desde 1982.
A União foi
condenada em dezembro pela Justiça Federal a incluir no orçamento os recursos
necessários para a construção de um depósito final para os rejeitos radioativos
produzidos pelas usinas nucleares de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio. A
decisão estabelecia prazo de um ano para a definição do local de armazenamento,
mas a União recorreu e conseguiu suspender provisoriamente os efeitos da
sentença.
De acordo com o
Ministério Público Federal (MPF), que moveu a ação civil pública, o lixo
nuclear das usinas de Angra é armazenado em depósitos provisórios desde 1982,
"representando riscos à vida da população". Em nota, a Eletronuclear
afirma que "tem total controle da gestão dos rejeitos" e que as
instalações do Centro de Gerenciamento "asseguram o atendimento à
exigência de guarda segura dos rejeitos pelo menos até 2020".
No entanto, de
acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo na segunda-feira, 12, a
usina Angra 2 corre o risco de ser desligada em 2017 por causa da saturação dos
depósitos provisórios de rejeitos, conforme avaliação remetida ao Tribunal de
Contas da União (TCU). O mesmo poderia ocorrer com a usina Angra 1 em 2018 ou
2019. Já Angra 3, que está em construção, não entraria em operação conforme o
previsto, porque uma das condicionantes para a concessão da licença ambiental
da usina é justamente a necessidade de se resolver a questão do acúmulo de
resíduos radioativos.
Até 2007, ano do
último levantamento divulgado, a quantidade de lixo atômico produzido por Angra
1 e Angra 2 era de aproximadamente 3 mil toneladas. O resíduo fica armazenado
em dois galpões. Procuradora da República em Angra dos Reis, Monique Cheker
questiona a ampliação do programa nuclear brasileiro, com a construção de Angra
3, sem que haja uma definição sobre o armazenamento definitivo dos rejeitos.
"Custa caro. A questão é puramente econômica", diz ela.
Na nota, a Eletronuclear
afirma que "está implantando uma Unidade de Armazenamento Complementar de
Combustível Irradiado (UFC), com previsão de inicio de operação em 2018",
mas reconhece a "possibilidade de atrasos". "Para fazer frente a
eventuais atrasos, a Eletronuclear vem tomando providências no sentido de
otimizar tanto o uso do combustível como a ocupação das unidades de
armazenamento existentes. Essas providências poderão postergar a necessidade da
UFC até pelo menos 2020." (OESP)
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