"Capitalism is torpedoing our prosperity, killing our
economies, threatening our children. It must be
re-engineered, root and branch” (Nafeez Ahmed – 9 April 2014)
("Capitalismo é
torpedear a nossa prosperidade,
matando as nossas economias, ameaçando nossas
crianças. Deve ser re-engenharia,
raiz e ramos")
Os defensores do
excepcionalismo americano e a indústria petrolífera propagam a ideia de que os
Estados Unidos vão ser a nova potência energética do século XXI (“Saudi
America”) e vão ficar livres da importação de petróleo do Oriente Médio.
Consequentemente, ficariam livres dos problemas políticos da instável região e
poderiam voltar a ser a única superpotência mundial. Diante da crise da
Ucrânia, os setores nacionalistas e a indústria do gás de xisto defendem a
exportação de gás para a ex- República Soviética, como se os EUA estivessem com
enorme disponibilidade de combustíveis fósseis.
Porém, dados da
Administração de Informação de Energia (U.S. Energy Information Administration
– EIA) mostram que as importações de energia realmente diminuíram nos últimos
anos, desde o pico de importação de 2005, mas o saldo negativo deve ficar acima
de 30% até 2040.
A importação líquida
de petróleo cru estava em torno de 10 milhões de barris por dia (mbd) até 2007
e caiu para cerca de 7 milhões de barris dia em 2013. Só para ter uma ideia a
produção brasileira foi de cerca de 2 milhões de barris dia em 2013. Ou seja,
os EUA ainda importam mais de 3 vezes toda a produção brasileira de petróleo
cru. Portanto, a importação está diminuindo, mas está longe de chegar à
independência energética.
Para os próximos
anos, espera-se uma diminuição na produção relativa de energia nuclear, carvão
mineral e petróleo cru. O que deve ter crescimento na matriz energética são as
energias renováveis (solar, eólica, etc) e o gás natural.
Mas o otimismo da EIA
pode não se concretizar, pois o ritmo de produção de gás em 2013 diminuiu muito
e existem diversas análises mostram os limites da produção do gás de xisto. O
geólogo americano, Art Berman, especialista em combustíveis fósseis, disse: “Eu
vejo o xisto mais como uma festa de despedida do que uma revolução”. “É o
último suspiro” (dos combustíveis fósseis). Steve Andrews diz que o gás e o
petróleo de xisto podem ser o ouro de tolo do mundo da energia.
A produção de gás de
xisto é altamente danosa para o meio ambiente e tende a aumentar o stress
hídrico. O processo de fraqueamento (fracking) exige a utilização de grande
quantidade de água e, em geral, provoca a degradação dos lençóis freáticos. O
processo de extração do gás de xisto não é totalmente conhecido, uma vez que as
empresas tratam seus detalhes como segredo industrial. Por exemplo, junto com a
água pressurizada, também é bombeada uma série de substâncias químicas cuja
composição exata não é divulgada – ela incluiria, por exemplo, ácidos como os
usados em lavagem de piscinas, anticorrosivos, redutores de atrito e agentes
químicos que facilitam a saída dos fluidos. Além disso, outros pontos ainda
pouco dimensionados podem causar grandes danos ambientais, além da enorme
quantidade de água necessária para a exploração do gás.
Na verdade, os
Estados Unidos e o mundo vão ter que enfrentar o Pico do Petróleo e o aumento
do preço da energia nos próximos anos. Quanto maior for a elevação do preço dos
combustíveis fósseis maior será a crise econômica mundial e maiores serão as
manifestações populares contra o consequente aumento do desemprego junto com a
elevação dos preços dos alimentos. O sonho da independência energética pode se
transformar no pesadelo da escassez de energia barata e um aprofundamento da
estagnação secular que deve prevalecer no século XXI. (ecodebate)
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