Renováveis dão grande contribuição ao sistema em períodos de
hidrologia desfavorável
Perspectivas e desafios para o desenvolvimento das fontes
alternativas serão debatidos no Enase 2014.
Apesar de não serem
consideradas geração de base, como as hidrelétricas e as termelétricas, as
fontes renováveis - eólica, biomassa, solar e PCHs -, são importantes
para a otimização da operação do sistema e contribuem em períodos de hidrologia
desfavorável, como o atual. Élbia Melo, presidente-executiva da Associação
Brasileira de Energia Eólica, conta que a fonte é complementar às hidrelétricas
uma vez que os menores índices pluviométricos no Brasil ocorrem no período do
ano quando os melhores ventos são observados, contribuindo, assim, na
preservação de água nos reservatórios.
"Em 2012, no
submercado Nordeste, a fonte eólica foi responsável por um aumento do nível de
armazenamento dos reservatórios de 1,22%. Em 2013, no Sul, os parques eólicos
foram responsáveis por poupar em 4,6% o nível dos reservatórios e, no Nordeste,
em 0,2%. Os percentuais parecem pouco representativos, porém, ao considerar
que, por enquanto, a fonte eólica contribui com somente 3% da capacidade de
geração na matriz, esse índice se torna bem mais atrativo", comentou
Élbia.
Leonardo Calabró,
vice-presidente executivo da Cogen, também ressalta a importância da solar e da
biomassa em períodos como o que o país está vivenciando atualmente. Ele diz que
os empreendimentos de energia solar podem ser instalados em curto espaço de
tempo quando comparado com outras fontes, contribuindo rapidamente para o
balanço energético do sistema interligado e para diminuir a necessidade de
despacho de usinas térmicas com custo elevado. "A cogeração a biomassa
também pode contribuir muito para a otimização da operação do sistema,
considerando que o período de geração coincide com a estação seca",
apontou.
Já as PCHs, apesar de
também serem impactadas pela hidrologia e terem reservatórios pequenos, o fato
de estarem localizadas em diferentes regiões do país faz com que sua geração
média anual seja relativamente estável. Charles Lenzi, presidente da Associação
Brasileira de Geração de Energia Limpa, diz que existem atualmente 462 PCHs em
operação no país que representam 3,62% da matriz elétrica brasileira.
"Estes empreendimentos estão espalhados por todo o território nacional e
assim, localizados em diversas bacias hidrográficas", comentou.
A expectativa de
contratação de fontes renováveis nos próximos anos também é positiva. Lenzi
conta que existem hoje 173 PCHs outorgadas, mas que ainda não iniciaram a
construção, representando 2.254 MW de capacidade instalada. Em termos de
projetos básicos existem 669 projetos em fase de análise e aprovação na Aneel e
aguardando licenciamento ambiental, que somam 7.139 MW. "Em vista das
atuais circunstâncias, da sinalização de que é preciso diversificar nossa
matriz elétrica, de forma a buscar além da modicidade tarifária, a segurança e
a confiabilidade de suprimento, acredito que nos próximos cinco anos voltaremos
a ser considerados como uma fonte importante na expansão da nossa matriz e
estimo um volume de contratação importante de nova capacidade instalada",
apontou Lenzi.
No caso das eólicas,
a ABEEólica calcula que até 2018 estarão instalados 13.814 MW da fonte. Élbia
salienta que a eólica está escalada para participar de todos os certames neste
ano, e a expectativa é que, assim como em 2013, a fonte tenha um excelente
desempenho em todos os leilões a serem realizados em 2014. "Espera-se que
esse ano haja novamente um contratação de mais de 2 GW. Para o A-3 já foram
disponibilizadas as quantias de potência habilitadas e mais uma vez a eólica é
lider", frisou.
Para este ano também
existe a expectativa de contratação da fonte solar, inserida no leilão de Reserva
que deverá ocorrer no segundo semestre do ano. Como um produto separado, a
fonte tem chances de ser viabilizada no certame. "Os preços tetos serão
diferenciados por fonte e para a energia solar deverá ser estabelecido um valor
entre R$ 200/MWh e R$ 210/MWh", analisou Calabró, da Cogen. Para a
cogeração o cenário já não é tão otimista. O executivo afirma que o
desenvolvimento da cogeração entre 2014 e 2019 dependerá muito das ações do
governo. "A Cogen apresentou ao longo de 2013 propostas de ajustes regulatórios
necessários para fomentar a geração distribuída, em especial a cogeração a gás
e a cogeração a biomassa", declarou.
Os desafios para o
desenvolvimento das fontes renováveis nos próximos cinco anos serão debatidos
no Enase 2014, que acontecerá nos dias 6 e 7 de maio, no Rio de Janeiro. O
evento é promovido pelo Grupo CanalEnergia em parceria com 17
associações do setor elétrico. (canalenergia)
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