O mundo produz hoje muito menos biodiesel do que etanol, mas ao
contrário do álcool, cuja produção está concentrada no Brasil e nos EUA, a
fabricação de biodiesel está distribuída por diversos países pelo mundo, com
legislação própria e estratégia comercial definida em cada um deles. Essa proliferação
pelos continentes facilita a entrada do produto na lista de commodities
mundiais, favorecendo o desenvolvimento de seu mercado em uma escala global.
Com a rápida evolução do seu programa de biodiesel, o Brasil está bem
posicionado no cenário mundial. O país obrigou por lei o uso de 2% do produto
no diesel em 2008, e sempre elevou os percentuais mínimos antes do que se
imaginava, alcançando o posto de quarto maior produtor do mundo ao final do
primeiro ano de obrigatoriedade. Mas o país ainda está atrás de três potências
econômicas – Alemanha, EUA e França –, que começaram a desenvolver o
biocombustível mais cedo.
O bloco econômico com o maior parque industrial e tecnológico desse
combustível verde é justamente a União Europeia, onde se encontram alguns dos
maiores programas de biodiesel do mundo. Lá, a adição de 5,75% de biodiesel
será obrigatória a partir do ano que vem. Só isso significa uma demanda de mais
de 50 milhões de litros de biodiesel por dia. Além da obrigatoriedade de uso
(que alguns países elevaram para porcentuais ainda maiores), há ainda uma
política fiscal agressiva, com incentivos fiscais e taxação pesada dos
derivados de petróleo.
A Alemanha é quem mais se destaca. Maior produtor mundial de biodiesel,
com 3,1 bilhões de litros em 2008, o país também é grande consumidor. Com a
obrigatoriedade de 5% de adição já em vigor, os alemães consomem 8,8 milhões de
litros de biodiesel por dia. Para dar conta dessa demanda, utilizam canola ou
colza, plantadas em grande escala para nitrogenar o solo para a agricultura.
Depois de colhido, o material vira farelo para alimentação animal e seu óleo é
destinado à produção de diesel vegetal.
Com 1,1 milhão de hectares destinados à plantação de oleaginosas, os
alemães precisam importar combustível dos países vizinhos. Recentemente, a
maior mudança no programa foi a redução dos subsídios agrícolas. O programa já
teve taxação zero, mas gradualmente os incentivos estão sendo reduzidos, o que
vem tornando o combustível um pouco menos popular.
Outro país com grande produção de biodiesel é a França. De acordo com o
Comitê Europeu de Biodiesel [European
Biodiesel Board], em 2008 o país produziu 2 bilhões de litros do
combustível, ficando em terceiro lugar no ranking mundial. Assim como na
Alemanha, a obrigatoriedade é de 5% para a maioria dos casos, mas os franceses
também têm uma regulamentação de 30% mínimos para ônibus urbanos.
Os produtores franceses também contam com incentivos fiscais, que vêm
sendo reduzidos. Atualmente, 900 mil hectares de solo francês são destinados ao
girassol e à colza, as matérias-primas mais usadas no país para a produção de
biodiesel.
O terceiro produtor europeu é a Itália, com 676 milhões de litros em
2008. Mas o país, um dos pioneiros da introdução do biodiesel no continente, tem
tido problemas para acompanhar o crescimento da produção alemã e francesa.
Nos Estados Unidos, que há anos busca a redução de sua dependência de
importação de petróleo e derivados, o biodiesel surge como uma alternativa
importante. Apesar disso, o país nunca estabeleceu um porcentual mínimo de
mistura ao diesel (alguns estados adotaram leis que obrigam o uso do biodiesel
em porcentuais ainda reduzidos).
O país, que concede crédito tributário de US$ 0,50 por galão (3,7
litros) de biodiesel consumido, tem hoje 173 empresas produzindo o combustível
e outras 29 usinas em construção. A capacidade anual de produção é de 10,2
bilhões de litros. Mas o Comitê Nacional de Biodiesel [National Biodiesel Board] admite que a produção das usinas não
reflete nem de perto sua capacidade total, em parte devido à crise econômica
mundial iniciada em 2008 e que se estendeu por 2009.
Na América do Sul, além do Brasil, Argentina e Colômbia também
estabeleceram porcentuais mínimos de adição de biodiesel. Na Colômbia, o plano
é plantar 2 milhões de hectares de dendê até 2020. Na Argentina, os
investimentos recentes aumentaram rapidamente a capacidade de produção, que em
2010, estima-se, pode chegar a 3,4 bilhões de litros, extraídos principalmente
da soja. Mas o mercado interno ainda não é o alvo do país, que se concentra em
exportar o combustível produzido. Somente a partir de 2010 haverá
obrigatoriedade do uso do B5.
Na Ásia, destacam-se os programas de biodiesel da Malásia e da Índia:
ambos exigem 5% de adição de combustível orgânico ao diesel mineral. (biodieselbr)
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