A cidade de Paris poderá processar a indústria fóssil por danos ao clima.
Coesus –
Coalizão Não Fracking Brasil – e 350.org Brasil
A cidade de Paris acaba de anunciar a decisão de que, seguindo o
exemplo de Nova York e outras cidades dos Estados Unidos, explorará as
possibilidades para entrar com um processo legal contra as empresas de
combustíveis fósseis por causarem danos ao clima.
O conselho
da cidade também decidiu que fará lobby no âmbito do grupo C40 de Liderança
Climática das Cidades, do qual o prefeito de Paris, Anne Hidalgo, é presidente,
para que outras grandes cidades, como Londres, também assumam o compromisso de
retirar os investimentos em combustíveis fósseis. O conselho também anunciou
que divulgará uma atualização sobre os progressos realizados desde que Paris se
comprometeu com o desinvestimento em 2015.
“É uma
notícia fantástica que cidades como Nova York e Paris estão assumindo a
liderança para proteger seus cidadãos e responsabilizar as grandes corporações
pelo prejuízo que causam. Este é um grande avanço para aqueles que defendem o
desinvestimento em todo o mundo”, comentou Clémence Dubois, coordenadora de
campanhas da 350.org França. “Empresas como Total, Shell, BP e Exxon são as
forças motrizes por trás das cada vez mais graves inundações e ondas de calor
que estão acometendo Paris, bem como secas, incêndios florestais, estações
imprevisíveis e aumento do nível do mar, consequências que atingem pessoas em
todo o mundo.”
Neste
inverno, Paris foi atingida mais uma vez por fortes inundações. Na ocasião, o
prefeito disse que o fenômeno era, ao lado das recentes ondas de calor do
verão, “uma clara demonstração da adaptação da cidade às mudanças climáticas”.
Estudos atestaram que as inundações que submergiram Paris em maio de 2016 foram
causadas muito provavelmente por mudanças climáticas
resultantes de ações humanas.
Em 10 de
janeiro, o prefeito da cidade de Nova York, Bill de Blasio anunciou que a cidade irá retirar
seus fundos de pensão de US$ 191 bilhões de projetos ligados a combustíveis
fósseis. Ele ainda apresentou uma ação judicial contra BP, Shell, ExxonMobil,
Chevron e ConocoPhillips por danos climáticos.
Os
movimentos de Nova York e Paris, junto à promessa do prefeito Hidalgo de
aumentar os esforços para persuadir outras grandes cidades a desinvestir,
aumenta a pressão sobre Londres, onde o prefeito Sadiq Khan tem até agora
desapontado os ativistas por não assumir uma forte posição contra a indústria
fóssil e cumprir sua promessa eleitoral de assumir o desinvestimento da Câmara
Municipal de Londres.
Cidades
importantes, como Sydney e Cidade do Cabo, bem como diversas outras capitais
europeias, incluindo Berlim, Oslo, Copenhague e Estocolmo, já se comprometeram
a proibir investimentos públicos em combustíveis fósseis. Recentemente, o Chile também anunciou o compromisso de eliminar toda geração de energia a carvão
do país, rumando para uma economia com baixas emissões de carbono.
No Brasil,
a cidade de Peruíbe, no litoral de São Paulo, acaba de se tornar um exemplo de como a
vontade popular pode vencer o poder da indústria fóssil, ao barrar a construção
de uma megausina termelétrica na região. Outros 350 municípios em diversos
estados do país também já aprovaram leis proibindo atividades relacionadas a
hidrocarbonetos, como o método do fracking. Para Nicole Figueiredo de Oliveira,
diretora da 350.org Brasil e América Latina, o Brasil e outros países latinos
devem aproveitar essa onda e se somar ao movimento global que está levando
o mundo para uma guinada rumo às energias livres. “Um mundo sem fósseis é
possível. E aos poucos, do nível local para o global, estamos mostrando isso.”
A
campanha para que as instituições públicas reduzam seus vínculos financeiros
com a indústria fóssil foi iniciada em 2012 com o objetivo de reduzir a licença
social e a aceitação pública das empresas mais responsáveis pela crise
climática global. Até o momento, mais de 800 instituições,
incluindo universidades, grupos religiosos e médicos, e até os herdeiros da
fortuna petrolífera Rockefeller já tomaram medidas em prol do desinvestimento.
“O
movimento global pelo desinvestimento já conseguiu retirar mais de US$ 6
trilhões em ativos de empresas fósseis. Com a campanha global Zero Fósseis,
estamos começando a liderar campanhas locais em todo o mundo e trabalhando para
conquistar uma transição rápida e justa para as energias renováveis e
acessíveis para todos. É hora de os governos de todo o mundo atenderam à
demanda das pessoas por um mundo livre de fósseis”, disse May Boeve,
diretora-executiva da 350.org. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário