quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Paris poderá processar a indústria fóssil por danos ao clima

A cidade de Paris poderá processar a indústria fóssil por danos ao clima.
Coesus – Coalizão Não Fracking Brasil – e 350.org Brasil 
A cidade de Paris acaba de anunciar a decisão de que, seguindo o exemplo de Nova York e outras cidades dos Estados Unidos, explorará as possibilidades para entrar com um processo legal contra as empresas de combustíveis fósseis por causarem danos ao clima.
O conselho da cidade também decidiu que fará lobby no âmbito do grupo C40 de Liderança Climática das Cidades, do qual o prefeito de Paris, Anne Hidalgo, é presidente, para que outras grandes cidades, como Londres, também assumam o compromisso de retirar os investimentos em combustíveis fósseis. O conselho também anunciou que divulgará uma atualização sobre os progressos realizados desde que Paris se comprometeu com o desinvestimento em 2015.
“É uma notícia fantástica que cidades como Nova York e Paris estão assumindo a liderança para proteger seus cidadãos e responsabilizar as grandes corporações pelo prejuízo que causam. Este é um grande avanço para aqueles que defendem o desinvestimento em todo o mundo”, comentou Clémence Dubois, coordenadora de campanhas da 350.org França. “Empresas como Total, Shell, BP e Exxon são as forças motrizes por trás das cada vez mais graves inundações e ondas de calor que estão acometendo Paris, bem como secas, incêndios florestais, estações imprevisíveis e aumento do nível do mar, consequências que atingem pessoas em todo o mundo.”
Neste inverno, Paris foi atingida mais uma vez por fortes inundações. Na ocasião, o prefeito disse que o fenômeno era, ao lado das recentes ondas de calor do verão, “uma clara demonstração da adaptação da cidade às mudanças climáticas”. Estudos atestaram que as inundações que submergiram Paris em maio de 2016 foram causadas muito provavelmente ​​por mudanças climáticas resultantes de ações humanas.
Em 10 de janeiro, o prefeito da cidade de Nova York, Bill de Blasio anunciou que a cidade irá retirar seus fundos de pensão de US$ 191 bilhões de projetos ligados a combustíveis fósseis. Ele ainda apresentou uma ação judicial contra BP, Shell, ExxonMobil, Chevron e ConocoPhillips por danos climáticos.
Os movimentos de Nova York e Paris, junto à promessa do prefeito Hidalgo de aumentar os esforços para persuadir outras grandes cidades a desinvestir, aumenta a pressão sobre Londres, onde o prefeito Sadiq Khan tem até agora desapontado os ativistas por não assumir uma forte posição contra a indústria fóssil e cumprir sua promessa eleitoral de assumir o desinvestimento da Câmara Municipal de Londres.
Cidades importantes, como Sydney e Cidade do Cabo, bem como diversas outras capitais europeias, incluindo Berlim, Oslo, Copenhague e Estocolmo, já se comprometeram a proibir investimentos públicos em combustíveis fósseis. Recentemente, o Chile também anunciou o compromisso de eliminar toda geração de energia a carvão do país, rumando para uma economia com baixas emissões de carbono.
No Brasil, a cidade de Peruíbe, no litoral de São Paulo, acaba de se tornar um exemplo de como a vontade popular pode vencer o poder da indústria fóssil, ao barrar a construção de uma megausina termelétrica na região. Outros 350 municípios em diversos estados do país também já aprovaram leis proibindo atividades relacionadas a hidrocarbonetos, como o método do fracking. Para Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina, o Brasil e outros países latinos devem aproveitar essa onda e se somar ao movimento global que está levando o mundo para uma guinada rumo às energias livres. “Um mundo sem fósseis é possível. E aos poucos, do nível local para o global, estamos mostrando isso.”
A campanha para que as instituições públicas reduzam seus vínculos financeiros com a indústria fóssil foi iniciada em 2012 com o objetivo de reduzir a licença social e a aceitação pública das empresas mais responsáveis ​​pela crise climática global. Até o momento, mais de 800 instituições, incluindo universidades, grupos religiosos e médicos, e até os herdeiros da fortuna petrolífera Rockefeller já tomaram medidas em prol do desinvestimento.
“O movimento global pelo desinvestimento já conseguiu retirar mais de US$ 6 trilhões em ativos de empresas fósseis. Com a campanha global Zero Fósseis, estamos começando a liderar campanhas locais em todo o mundo e trabalhando para conquistar uma transição rápida e justa para as energias renováveis e acessíveis ​​para todos. É hora de os governos de todo o mundo atenderam à demanda das pessoas por um mundo livre de fósseis”, disse May Boeve, diretora-executiva da 350.org. (ecodebate)

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