“Power to the people, right on” - John Lennon
O Conselho Global de Energia
eólica (The Global Wind Energy Council – GWEC) divulgou em 14/02/2018 o relatório “Global Wind Statistics 2017”, com as informações sobre a
capacidade instalada anual global e a capacidade global acumulada de energia
eólica entre 2001 e 2017, conforme mostra o gráfico acima.
Nota-se que a capacidade
instalada global continua elevada e acima de 50 gigawatts (GW), mas caiu de
63,6 GW em 2015, para 54,6 GW em 2016 e 52,6 GW em 2017 (praticamente empatada
com os 51,6 GW de 2014).
A capacidade global acumulada
de produção de energia eólica continua aumentando, tendo passado de 23 GW em
2001, para 198 GW em 2010 e 539 GW em 2017. Em 17 anos a capacidade global
instalada cresceu 22,6 vezes, que dá uma média de variação anual de 20% ao ano
entre 2001 e 2017. É um crescimento muito expressivo, porém a variação anual
chegou a crescer 32% em 2009 e caiu para 11% em 2017 em relação a 2016. A
capacidade instalada acumulada que estava dobrando em 4 anos, passou a
necessitar 7 anos para dobrar.
O relatório da GWEC considera
que o preço da energia eólica está ficando cada vez mais competitivo e já está
mais barato do que o preço da energia fóssil. Todavia, a eliminação de
subsídios em diversos países prejudicou os investimentos, neste momento em que
a indústria eólica está em transição para um sistema baseado nas regras do
mercado. A diminuição do montante de nova capacidade instalada em 2017 em
relação aos dois anos anteriores se deve à lacuna no sistema de preço e apoio
institucional nos diversos países.
A nação líder na instalação
anual e na capacidade acumulada é a China, que acrescentou 19.5 GW de energia
eólica em 2017 (representando 37% de todo o incremento mundial) e acumulou um
montante de 188,2 GW (35% do total mundial). Em segundo lugar vem os Estados
Unidos (EUA) que acrescentou 7 GW em 2017 (13% do total) e atingiu 89 GW de
energia eólica acumulada (17% do total mundial). Em terceiro lugar vem a
Alemanha, que acrescentou 6,6 GW e chegou a um volume acumulado de 56,1 GW (10%
do total mundial). A Grã-Bretanha vem em quarto lugar.
No
conjunto, a Europa também foi destaque de 2017, com a capacidade instalada no
ano de 15,7 GW e a capacidade acumulada chegando a 169 GW, bem à frente dos EUA
(89 GW), mas atrás da China (188 GW).
A Índia vem em quinto lugar
e, sendo um país de renda per capita baixa, tem apresentado um resultado
bastante significativo, com acréscimo de 4,1 GW (4% do total global) e um
montante acumulado de energia eólica de 32,8 GW (6% do total global).
No Brasil, a capacidade
instalada em 2017 foi de 2 GW (4% do total global) e a capacidade acumulada
atingiu 12,8 GW (2% do total global). O país passou do 9º para o 8º lugar em
capacidade instalada acumulada (ultrapassou o Canadá). Todavia, dadas as suas
dimensões territoriais, populacionais e econômicas o Brasil tem feito pouco na
produção de energia eólica e tem apenas 2% da capacidade instalada global.
Poderia ter feito muito mais
(embora esteja muito pior na área de energia solar). Como se sabe, os últimos governos
preferiram investir bilhões na exploração das jazidas abissais do pré-sal e não
deram o apoio suficiente para a captação do vento que sopra de graça na maior
parte do território nacional.
Recente documento feito por
partidos de esquerda (PT, PSB, PSOL e PCdoB) insiste na ideia de dar prioridade
para a indústria fóssil em vez de investir em energia renovável descentralizada
e de baixo carbono. A mitologia do “petróleo é nosso” ainda impregna a mente
dos militantes de esquerda, enquanto os ambientalistas dizem: “o vento e o sol
são de todos, energia para o povo” (“Power to the people, right on”).
O
crescimento da energia eólica no mundo é fundamental para a descarbonização da
economia e para mitigar as emissões que provocam o aquecimento global que, por
sua vez, provoca o degelo global e ameaça as áreas litorâneas do mundo.
Investir em energias renováveis é uma necessidade indicada pelo Acordo de Paris
e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS). Infelizmente, o Brasil
tem feito pouco nesta área e corre o risco de não conseguir cumprir as
Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas (INDG na sigla em inglês).
Mas o desafio está colocado e
o mundo precisa fazer a transição da energia fóssil para a energia de baixo carbono, produzida preferencialmente de maneira descentralizada, de modo a
privilegiar o prossumidor (produtor+consumidor). Prefeituras, comunidades e
associações deveriam aproveitar a baixa no preço do quilowatt-hora da energia
renovável para formar consórcios de baixo para cima para a instalação de
fazendas eólicas para garantir a independência energética, o desenvolvimento
local e a sustentabilidade ambiental. (ecodebate)
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