No evento de aquecimento do
Enase 2021 na última quarta-feira, 11 de agosto, o Analista Técnico Sênior na
Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), André Themoteo, destacou o
potencial da fonte para suprir a produção de hidrogênio verde (H2V) por meio de
EOLs tanto onshore quanto offshore, está última demonstrando maior sinergia
pelo uso hídrico e possivelmente de estruturas já existentes do segmento de
óleo e gás.
“É preciso um baixo custo de
energia para a produção do H2 e a eólica traz um preço muito competitivo que já
ajuda nesse sentido”, afirma Themoteo, acrescentando também ser fundamental
realizar investimentos em tecnologia para os eletrolisadores, padronizando-os
para uma produção mais barateada.
A Associação trabalha
atualmente para destravar o mercado e as questões regulatórias ligadas as
usinas offshore, tendo empreendido também estudos internos para analisar os
elementos chave para redução de custos na integração com a tecnologia do H2.
Entre eles está o projeto e construção de um eletrolisador, economias de
escala, materiais de aquisição com recursos escassos, eficiência e
flexibilidade nas operações e a taxa de aprendizagem.
Já o presidente da Associação
Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque), Carlos Brandão,
destacou que o país ainda vive numa fronteira tecnológica para a eólica
offshore, armazenamento e usinas reversíveis, e que o problema atual do mercado
recai na confiança dos empresários e investidores quanto a segurança de
mercado.
“Falta uma perna interministerial não só para o hidrogênio, mas para todas as novas tecnologias no Brasil”, pontua, afirmando ser preciso um sistema de financiamento e gestão de risco para angariar as atenções do novo empreendedor, algo semelhante ao que aconteceu com a fonte eólica e o Proinfa nos anos 2011 e 2012.
Segundo Brandão, o H2 hoje se apresenta a um nível de custo que há dois anos já era projetado para estar em US$ 0,70/MWh a um custo de baterias que estaria na ordem de US$ 1,40/MWh, tendo uma das oportunidades vislumbradas na armazenagem de usinas híbridas, aproveitando o excedente eólico noturno com o diário da fonte solar.
“Usinas híbridas a baterias
ou H2 são as fontes de geração mais baratas e que já são cases reais, em custos
que estão chegando a US$ 140/MWh e US$ 250/MWh”, refere o executivo, citando
que nada irá acontecer se não haver uma escala industrial de produção que
viabilize transporte e a alocação dessas fontes de H2 ou armazenamento.
O Presidente do Conselho de
Administração da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel),
Ricardo Pigatto, trouxe o case de uma pequena central hidrelétrica média, de 10
a 15 MW, com fator de capacidade de 60%, e que se o custo de energia para a
produção de hidrogênio está na ordem de US$ 6,00 por kg, poderia vender a
energia elétrica da PCH para produção de H2V, viabilizando ordem de grandeza de
R$ 250/MWh para a usina.
“Quando os números começam a
se aproximar da viabilidade significa que daqui pra frente são ajustes finos e
correções para viabilizar esse mercado”, define o Pigatto, apontando a criação
de um marco regulatório como fundamental para estimular o futuro desse vetor no
país.
Sobre esse ponto, a
Coordenadora Geral de Eficiência Energética no MME, Samira Sana, disse que há a
expectativa de vários marcos regulatórios que vão ordenar as diversas
aplicações do hidrogênio e os caminhos para sua produção e que a ideia do plano
aprovado recentemente sob orientação do CNPE é estimular todas as
possibilidades que a cadeia do insumo possa suportar.
“Um plano não restritivo tecnologicamente mas abrangente para explorar tanto para inserção no mercado internacional quanto no desenvolvimento do interno”, aponta.
O programa do H2 no Brasil se apresenta com seis eixos temáticos: fortalecimento das bases tecnológica, com incentivo em P&D; capacitação e recursos humanos; planejamento energético, com uma sinalização no PDE 2050 pela EPE; arcabouço legal e regulatório, mapeando a legislação e regulação existente; crescimento do mercado como atividade e a cooperação internacional, que vem sendo conduzida pelo MME junto a ONU, Alemanha e outros países. (canalenergia)
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